Paris, Te Amo
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Olivier Assayas, Frédéric Auburtin, Emmanuel Benbihy, Gurinder Chadha, Sylvain Chomet, Ethan Coen, Joel Coen, Isabel Coixet, Wes Craven, Alfonso Cuarón, Gérard Depardieu, Christopher Doyle, Richard LaGravenese, Vincenzo Natali, Alexander Payne, Bruno Podalydès, Walter Salles, Oliver Schmitz, Nobuhiro Suwa, Daniela Thomas, Tom Tykwer, Gus van Sant
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Paris, je t'aime
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2006
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França / Suíça / Alemanha / EUA / Liechtenstein
Crítica
Leitores
Sinopse
Em pequenos filmes, diversos cineastas falam sobre o deslumbre que é estar em Paris, a Cidade Luz.
Crítica
Todo longa composto pela a união de diversos curtas é, por definição, irregular. Paris, Te Amo não foge desta sina, porém, felizmente, de modo muito positivo. A grande maioria dos curtas - são 18 no total - são excelentes! Claro, tem também alguns muito bons, outros somente bons, e uns dois ou três razoáveis. De fato, apenas um me decepcionou. Isso dá uma média excepcional, não?
Iniciativa da dupla de cineastas Tristan Carné e Emmanuel Benbihy (este responsável pela direção dos trechos de transição entre uma trama e outra), Paris, Te Amo é o primeiro resultado de um projeto chamado Cidades do Amor - os próximos deverão ser sobre New York e Shanghai. E eles conseguiram recrutar, para esta "estréia", 21 cineastas das mais diversas nacionalidades, culturas, idades, tradições e gêneros. E o que temos é uma obra absurdamente envolvente, carismática, reveladora e instigante.
Em comum, os 18 enredos de Paris, Te Amo têm o fato de se passarem cada um num bairro diferente da capital francesa e serem, todos, histórias de amor. O romance estará presente sob as mais distintas motivações: paixão, fraternidade, humanismo, nostalgia, carinho, saudade e até sobrenatural. Com um elenco impressionante e cineastas realmente empolgados com a proposta, tem-se um dos filmes mais encantadores dos últimos tempos, uma experiência inesquecível para todos aqueles que já se apaixonaram - por Paris ou não!
01. Montmartre
Dirigido, escrito e protagonizado pelo realizador grego Bruno Podalydès, mostra um homem que quer estacionar seu carro enquanto reflete sobre suas atitudes e sobre a própria vida. Um início tímido, que não faz jus a tudo que está por vir.
02. Quais de Seine
A diretora de origem indiana Gurinder Chadha (Driblando o Destino / Bend it Like Beckham) fala da atração que surge entre um garoto francês e uma moça muçulmana. Estranhamento, compreensão e sinceridade caminham juntos neste simpático libelo de paz. A emoção começa a aflorar!
03. Le Marais
O norte-americano - e gay assumido - Gus van Sant (Gênio Indomável, Elefante) é responsável pelo único episódio de tonalidade homossexual. Mas a trama vai além do óbvio desejo que surge entre dois rapazes. Espiritualidade, destino e à procura por uma alma gêmea, independente do corpo e sexo em que ela se apresenta, eleva a discussão. Um dos protagonistas é interpretado por Gaspard Ulliel, de Eterno Amor e Hannibal: A Origem, e há também uma participação especial da cantora Marianne Faithfull (vista há pouco em Maria Antonieta).
04. Tuileries
Os irmãos Joel e Ethan Coen (Fargo, O Homem que Não Estava Lá) criam o mais cômico dos segmentos. Steve Buscemi (Cães de Aluguel) é um turista que acaba no meio da pegação de um casal de namorados, numa estação de metrô. Despreocupado em querer passar grandes mensagens, diverte e entretêm.
05. Loin du 16e
Os brasileiros Walter Salles e Daniela Thomas, que juntos dirigiram Terra Estrangeira e O Primeiro Dia, contam em Longe do 16º Distrito com a colombiana indicada ao Oscar Catalina Sandino-Moreno (Maria Cheia de Graça), neste que é um dos pontos altos do longa. Emocionante, simples e bastante direto, comove com palavras escassas e olhares de muitos significados. De cortar o coração.
06. Porte de Choisy
O australiano Christopher Doyle, diretor de fotografia de filmes como A Dama da Água e O Americano Tranquilo, responde pelo mais frustrante de todos os segmentos. Cabeleireiras orientais, surrealismo, falta de nexo e a presença do diretor Barbet Schroeder (Mulher Solteira Procura) como ator contribuem para o fracasso da empreitada. Definitivamente o único evidente percalço do conjunto.
07. Bastille
A espanhola Isabel Coixet, dos tocantes Minha Vida Sem Mim e A Vida Secreta das Palavras, fala da tentativa de um casal em crise de salvar a relação após descobrirem que a mulher está com câncer. As ótimas atuações de Miranda Richardson (Perdas E Danos), irreconhecível, e de Sergio Castellitto (Simplesmente Martha), por si só, já valem a conferida.
08. Place des Victories
O diretor japonês Nobuhiro Suwa joga nos ombros da sempre excelente Juliette Binoche (O Paciente Inglês) a responsabilidade de nos conduzir pela dor e sofrimento de uma mãe que sofre pela morte recente do filho. Tudo é tão sensível, delicado e bem exposto que nem um Willem Dafoe (Homem-Aranha) como cowboy consegue estragar!
09. Torre Eiffel
Sylvain Chomet, da adorável animação As Bicicletas de Belleville, nos mostra a história de amor que surge entre dois mímicos. Divertida, terna e muito bem humorada, traz um pouco de luz após o baque dramático do episódio anterior.
10. Parc Monceau
O mexicano Alfonso Cuarón (E Sua Mãe Também) continua explorando as possibilidades de um plano-seqüência, muito bem exemplificadas no seu último filme, Filhos da Esperança, neste encontro de um pai (Nick Nolte, de Hulk) com sua filha adolescente (Ludivine Sagnier, de 8 Mulheres). Curioso.
11. Quartier des Enfants Rouges
O diretor francês Oliver Assayas (Clean, Alice & Martin) esfria as emoções nesta análise distante sobre o relacionamento que poderá surgir (ou não) entre uma atriz norte-americana (Maggie Gyllenhaal, de Secretária) e o rapaz que lhe irá conseguir a droga que está buscando.
12. Place des Fêtes
O sul-africano Oliver Schmitz, apesar de até então só ter trabalhado em televisão, entrega o mais emocionante e triste de todos os episódios. Impossível não se comover com o amor que surge entre uma paramédica e um emigrante esfaqueado em praça pública. Nem sempre a pessoa pela qual esperamos toda uma vida chega à tempo para podermos desfrutar da companhia dela, mas ao menos estes dois protagonistas conseguiram cruzar seus olhares, nem que por meros segundos. Extremamente romântico, chocante e muito bem construído, traz esperança e desespero na mesma medida. Uma obra-prima!
13. Pigalle
Assim como Bastille, esse aqui também vale de antemão já pelos protagonistas, a fabulosa Fanny Ardant (Callas Forever) e o divertido Bob Hoskins (Mona Lisa). Com direção do norte-americano Richard Lagravenese (Freedom Writers), é uma interessante abordagem sobre a redescoberta do amor durante a maturidade, tendo à frente um casal que inventa um jogo particular para manter acesa a paixão entre eles no bairro mais sexual de Paris. Provoca a curiosidade do espectador ao mesmo tempo que brinca com a nossa própria inteligência. Muito bom!
14. Quartier de la Madeleine
O diretor e roteirista Vincenzo Natali não esconde seu passado de diretor de arte no mais visualmente interessante de todos os episódios, nesta trama de vampiros e turistas desavisados que atrai mais pela aparência do que pelo conteúdo. Mesmo assim, é uma brincadeira curiosa. Como protagonista, Elijah Wood (O Senhor dos Anéis).
15. Père-Lachaise
O diretor Wes Craven (A Hora Do Pesadelo, Pânico) deixa de lado seu passado de monstros e assassinos para mostrar os humores que conduzem um casal (Rufus Sewell, de O Ilusionista, e Emily Mortimer, de Match Point) pelos corredores do popular cemitério do título. O roteiro muito bem elaborado, os diálogos marcantes e uma aparição do cineasta Alexander Payne como o escritor Oscar Wilde fazem deste, surpreendentemente, um dos melhores do conjunto. Um feito e tanto!
16. Fauborg Saint-Denis
O alemão Tom Tykwer (Corra, Lola, Corra e Perfume) tem a ótima Natalie Portman (Closer: Perto Demais) como protagonista de um amor que surge entre uma atriz iniciante e um jovem cego. A montagem instigante e o desenrolar da ação garantem o interesse do espectador, nesta trama que combina juventude, surpresas e uma ótima conclusão.
17. Quartier Latin
O astro francês Gerard Depardieu faz uma das suas raras aparições como diretor (ele também interpreta um personagem coadjuvante), ao lado do colega Frédéric Auburtin. Os dois mostram como é difícil apagar a chama da paixão mesmo após anos de relação, de sofrimentos mútuos e outros constrangimentos. Os veteranos Ben Gazarra (Dogville) e Gena Rowlands (Diário de Uma Paixão) conduzem um diálogo ferino, que esconde feridas não cicatrizadas e um carinho que transcende aparências. Muito bonito.
18. 14º Arrondissement
Paris, Te Amo encerra com chave de ouro com a paixão que faltava: a pela própria cidade! Alexander Payne (Sideways, As Confissões de Schmidt) mostra uma turista norte-americana narrando seus passeios solitários pela capital francesa. É triste e comovente, tocante e melancólico, mas ainda assim muito bem-humorado e sensível. O roteiro é genial, e a interpretação de Margo Martindale (Menina de Ouro) impressiona pela simplicidade. Fantástico!
Apesar de propositalmente fragmentado, como uma colcha de retalhos construída em momentos, intenções e situações específicas e distintas entre si, Paris, Te Amo comprova que a multiplicidade desta criação coletiva consegue ser superior à soma de suas partes separadas. Uma visão global de uma das cidades mais lindas do mundo, que tem o mérito de fugir das obviedades - não vá esperando um passeio turístico pelas ruas e pontos turísticos parisienses - apostando em sentimentos universais e facilmente identificáveis. Simplesmente genial!
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Grade crítica
Crítico | Nota |
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Robledo Milani | 10 |
Edu Fernandes | 7 |
Ailton Monteiro | 6 |
Alysson Oliveira | 5 |
Chico Fireman | 5 |
MÉDIA | 6.6 |
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