Crítica
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Sinopse
Duas executivas de alto nível com comportamentos completamente opostos protagonizam um jogo perverso de manipulações e dominações. A guerra está declarada e o sexo será moeda corrente e arma nessa batalha.
Crítica
Tachado pelos mais críticos como um pseudo-Alfred Hitchcock, Brian De Palma é considerado pela maioria como um diretor de diversos “novos clássicos do cinema americano”. Ainda que possuindo uma filmografia invejável e que dispensa apresentações, para alguns o realizador de Carrie: A Estranha (1976), Vestida para Matar (1980), Scarface (1983) e Os Intocáveis (1987) vem errando a mão de sua direção há algum tempo, caso do recente e vergonhoso Dália Negra (2006). Mas também se destaca como um realizador atento às mudanças de suporte fílmico com a entrada do digital em Guerra Sem Cortes (2007). Lançado ano passado em um circuito de festivais, Paixão, sua nova empreitada, dividiu a audiência e foi rejeitado por alguns especialistas. Nada mais é que uma refilmagem do francês Crime de Amor (2010).
Com uma narrativa despreocupada em apresentar pontualmente seus personagens principais, conhecemos rapidamente suas duas protagonistas: Christine (Rachel McAdams), uma alta executiva e diretora de criação em uma agência de publicidade, e Isabelle (Noomi Rapace), uma diretora de arte que busca um modo de se destacar no trabalho. A obsessão que a funcionária nutre pela chefe, no entanto, tornará sua vida um inferno. Ciente de sua oportunidade em transformar essa nova versão da produção francesa em algo com maior densidade, De Palma aposta no sensual. Os fetiches sexuais de Christine e o platonismo de Isabelle resultam na força principal do longa, que se desdobra em um drama com nuances de mistério e assassinatos.
O diretor trabalha em Paixão com diversos temas já abordados em suas produções anteriores, tanto em termos de conteúdo como de forma: a mulher, o voyeurismo, a fixação doentia, o cinema noir e as novas tecnologias de filmagem (digital). De Palma assume como instrumento diversos dispositivos, como imagens de câmeras de segurança, de celulares e fotográficas. Apesar de filmado em película, o projeto demonstra atenção ao que se passa atualmente com a convergência e portabilidade do voyeurismo.
Ainda que contenha alguns baixos (em certos momentos a fotografia aparenta estar errada, além de alguns exageros em atitudes e ações dos personagens), Paixão encontra força em sua dupla de protagonistas. As duas, interpretadas pela sempre subestimada Rachel McAdams (Meia-Noite em Paris, 2011) e a nova sensação Noomi Rapace (Prometheus, 2012). Combinado a tudo isso, a produção é complementada pela capacidade do diretor em manter uma linha e misturar algumas de suas realizações passadas. Não é um novo clássico e nem um filme invejável, mas mostra que De Palma merece sempre ser resgatado, sendo ou não um (novo) Alfred Hitchcock.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
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Renato Cabral | 7 |
Ailton Monteiro | 7 |
Wallace Andrioli | 7 |
MÉDIA | 7 |
Me surpreende sempre que citam o Brian de Palma e não tomam referência dele a O Pagamento Final, de 1993. Não é possível que tanta gente não conheça essa linda obra do diretor.