Crítica
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Sinopse
Os amigos Graeme Willy e Clive Gollings tinham programado a viagem dos sonhos para qualquer apaixonado pelo tema "discos voadores": uma visita a famosa e sempre negada pelo exército Area 51. Só que no meio do caminho eles encontraram Paul, um alienígena que escapou da base militar e precisa encontrar sua nave mãe para retornar ao seu planeta em segurança. Começa então uma insana aventura do trio para escapar da garras do Agente Zoil e seus asseclas.
Crítica
Paul: O Alien Fugitivo parte do princípio de que seu universo não precisa ser explicado. Os personagens, num passeio pela Comic-con (que serve como espaço para identificá-los), são introduzidos sem dificuldades. Na breve cena de abertura, com Graeme Willy (Simon Pegg) e Clive Gollings (Nick Frost) interagindo com as exposições na grande feira mundial de cultura nerd, já temos tudo que é preciso para conhecê-los. No entanto, Greg Mottola faz do filme um reduto de superficialidades. Essa caracterização a priori, do nerd como caricatura de si mesmo, reduz o filme àquilo que ele gostaria de criticar: o banal dos discursos (religiosos, políticos), a dogmatização dos conceitos e das teorias. As piadas são aquelas de sempre, os personagens não diferem muito do carnavalesco tom da comédia apática e acrítica de Hollywood. Embora haja um pouco de gosto e boas intenções (além de certo equilíbrio dramático no planejamento das situações), Paul não consegue superar sua própria ideia e suas possibilidades narrativas. Prefere ficar no caminho entre o riso fácil e o deboche moderninho. Se o filme se esconde atrás de alguns discursos, é apenas para encontrar certo público.
No filme, os ingleses Graeme Willy (Simon Pegg) e Clive Gollings (Nick Frost) estão de chegada à Comic-con, cheios de sonhos e desejos alimentados pelo imaginário coletivo potente que habita aquele lugar. Também estão em busca do local onde, décadas atrás, foi registrada (embora negado pelo exército e pelo governo) uma aparição extraterrestre na Área 51. No caminho eles encontram Paul (voz de Seth Rogen), o resultado do acontecimento mantido em sigilo pelas forças militares. Paul busca, desde então, retornar ao seu planeta, ao mesmo tempo em que tenta se manter longe dos humanos fardados, uma vez que eles querem seu corpo para experimentar com suas células evoluídas (para além da capacidade cognitiva do aparelho físico humano).
Se o criacionismo é de tal modo violento e perigoso nos Estados Unidos, o roteiro prefere artificializar sua repercussão política com respostas de valor à ciência, isto é, abandona qualquer possibilidade de contato com seu reflexo no tecido social americano, quando sabemos que o lobby religioso tem poder e agenda política influente no contexto de banimento das forças imorais contemporâneas. Mais do que dizer que a evolução é um fato é o criacionismo é pseudociência, Paul ridiculariza a fanatismo religioso sem compreender seu próprio ridículo, a pobreza de seu humor físico ou a pura cretinice de seu pastiche de referências. Se um filme não pode mostrar tudo, ao menos deve mostrar mais profundamente aquilo que escolhe colocar na tela. De longe, precipita-se no registro das personas: são vazias e presas ao mecanismo construído pelo roteiro, que consiste em debochar do criacionismo (o que pode ser engraçado, de fato) e rir de si mesmo no percurso. Garante boas cenas principalmente por ter dois atores (Simon Pegg e Nick Frost) há muito sintonizados (desde Todo Mundo Quase Morto, 2004).
Além disso, a intervenção John Carroll Lynch como o típico cristão dogmático que parte numa “missão de Deus” atrás de sua filha que foi capturada pelo demônio (o alienígena) não deixa de ser o lado forte do filme. Ao mesmo tempo em que é comedido na crítica aos dogmas cristãos, todavia Paul o representa com os extremos – as duas armas do patriarca são simbolicamente opostas, a bíblia e espingarda, mas praticamente nocivas quando tomadas em doses desproporcionais de espírito crítico. Com um humor bastante conhecido, que vem desde Um Dia em Nova York (1996) e encontra seu auge em Superbad (2007), em Mottola o caminho do humor é deslizar por entre o corpo de referências que se amontoam diante do assunto e a própria perversidade das suas imagens. No intervalo entre o cretino e o genial, é lá que Paul estabelece seu lugar.
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