Crítica
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Sinopse
Luiza acabou de sair de um relacionamento destruído. Gabriel é divorciado, vindo de um longo casamento. Quando os dois se encontram, há poucas chances de que vão funcionar juntos, mas ele querem tentar. Isso apesar do cepticismo romântico de Barata, e da extrema racionalidade sentimental de Marta, amigos seus.
Crítica
As delícias, agruras e desventuras dos relacionamentos amorosos eram assunto do divertido seriado A Comédia da Vida Privada, exibido pela TV Globo entre 1995 e 1997. Com elencos muito bem escalados e texto afiado, baseado na obra de Luis Fernando Verissimo, o programa proporcionava um até então inédito e revelador olhar da vida alheia, mostrando algumas verdades das conturbadas relações entre homens e mulheres. A série global nunca ganhou uma versão cinematográfica, mas teve uma representante à altura com Pequeno Dicionário Amoroso, longa-metragem assinado pela cineasta Sandra Werneck e que também mostrava o lado por vezes divertido, por outras dramático, de um relacionamento a dois.
Com roteiro de Paulo Halm e José Roberto Torero, o filme conta a história do encontro entre Luísa (Andréa Beltrão), uma arquiteta que acabou de sair de um relacionamento ruim, e Gabriel (Daniel Dantas), um biólogo que está passando pelo processo de divórcio. Acompanhamos os primeiros encontros dos dois, o posterior namoro, a mudança para um apartamento pequeno e o desmoronamento do relacionamento. Tudo isso costurado com verbetes como “amor”, “cio”, “felicidade”, “tormenta”, pontuando os momentos diferentes daquele casal.
Andréa Beltrão e Daniel Dantas tem boa química e são críveis como um casal que, primeiramente, parece feito um para o outro, mas que, com o passar do tempo, se mostra cada vez mais afastado. O texto é hábil em não transformar nenhum em um vilão. Como em boa parte dos relacionamentos, os dois mostram sua face mais afável e encantadora nos primeiros encontros e vão se revelando figuras humanas e falhas no desenrolar de sua convivência. Coisas pequenas que não incomodavam no começo são motivo de brigas e discussões no fim. Por mostrar um relacionamento muito verossímil, Pequeno Dicionário Amoroso ganha muitos pontos.
Se temos um casal principal interessante e bastante verdadeiro, os amigos de Luísa e Gabriel acabam por ser estereotipados ao extremo, ainda que funcionem como alívio cômico. Tony Ramos vive o solteirão convicto enquanto Monica Torres é a amiga viciada em números, sempre com uma estatística na ponta da língua para qualquer ocasião. Durante a história, sua participação é mínima. A presença de ambos se justifica quando os vemos conversando com a câmera, explicitando alguns verbetes ou comentando de forma curiosa algumas passagens – característica narrativa que mais aproxima este filme da série A Comédia da Vida Privada. Glória Pires e José Wilker fazem pequenas participações e fecham o elenco principal do filme.
Com trilha sonora instrumental bastante datada, mas com boas canções de Ed Motta e Chico Buarque, Pequeno Dicionário Amoroso é um simpático filme, retratando de forma divertida e verdadeira os altos e baixos de um relacionamento a dois. A bela fotografia de Walter Carvalho só aumenta os predicados deste primeiro longa-metragem de ficção de Sandra Werneck, que já se mostrava uma diretora com sensibilidade ímpar para contar uma história com coração no lugar certo. O desfecho pode não ser o esperado em uma comédia romântica, mas isso ainda agrega mais pontos ao resultado final.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Rodrigo de Oliveira | 8 |
Robledo Milani | 7 |
Matheus Bonez | 8 |
Bianca Zasso | 7 |
Francisco Carbone | 8 |
Roberto Cunha | 8 |
Chico Fireman | 6 |
MÉDIA | 7.4 |
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