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Sinopse

Quinze anos depois de se separarem, Luíza e Gabriel se reencontram. Ela está casada outra vez e teve um filho, ele passou por diversos relacionamentos e agora está com a bem mais jovem Jaqueline. Impulsionado por ter revisto seu amor do passado, Gabriel vai visitar Luíza e, em meio a conversa, começam um caso.

Crítica

Poeta é pipa em dia de ventania, sugere o apresentador do sarau em que Alice (Fernanda Vasconcellos) avistará João (Renato Góes). De certa forma, a cena contempla os traços mais marcantes de Pequeno Dicionário Amoroso 2. A continuação, conduzida por Sandra Werneck 18 anos depois do primeiro filme, agrega à trama de Luiza (Andrea Beltrão) e Gabriel (Daniel Dantas) os relacionamentos da nova geração, representada pelo núcleo de Vasconcellos - filha de Dantas com a personagem de Glória Pires – e o tom óbvio, pouco criativo, por vezes falsamente profundo do enredo.

Anos depois da separação, Luiza e Gabriel reencontram-se no enterro do pai dela. Se a morte é também caminho para uma nova vida, a oportunidade acende no antigo casal a possibilidade de relembrar o passado e desatar os nós desagradáveis pelos quais o presente lhes prende. Luiza, dona de uma galeria de arte, está infeliz no casamento junto ao nada amável engenheiro Alex (Marcello Airoldi). Gabriel, por sua vez, namora a jovem Jacque (Fernanda de Freitas), em uma relação que tem na comodidade o seu trunfo.

Escrito pela diretora em parceria com Paulo Halm e Rita Toledo (Noites de Reis, 2012), o roteiro do trio encontra inúmeras limitações. A falta de empatia entre os casais Luiza e Alex e Gabriel e Jacque somente se justifica pelo interesse em contrastar com a futura aproximação entre os protagonistas; bem como a possibilidade de Alice, ainda jovem, de se redescobrir, que mesmo quando interessante desdobra-se de uma forma antiquada, como se a narrativa zombasse ou sugerisse uma lição – e, sabemos, não há professores nos casos do coração.

Sem conseguir tornar-se engraçado, Pequeno Dicionário Amoroso 2 peca principalmente por não criar intimidade entre público e personagens. Otimistas torcerão a favor de Luiza e Gabriel, pois torcem a favor de tudo. No entanto, fica claro que a escolha por pontuar o filme por momentos – intermináveis e desnecessários, diga-se – algo que remete obviamente ao título e à forma de verbetes, acaba não meramente por fracassar, mas por atrapalhar gravemente o andamento do longa e afeta consideravelmente o desenvolvimento dos personagens.

Em 1997, Pequeno Dicionário Amoroso lançou Sandra Werneck como ficcionista. O sucesso de público e crítica encaminhou uma carreira homogênea, preenchida por títulos relevantes como Amores Possíveis (2004), Cazuza: O Tempo Não Para (2006) e Sonhos Roubados (2009). Trajetória interessante que encontra, por ironia, na continuação do seu primeiro longa o mais fraco dos seus trabalhos.

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é crítico de cinema, membro da ACCIRS - Associação dos Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul, e da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Tem formação em Filosofia e em Letras, estudou cinema na Escola Técnica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Acumulou experiências ao trabalhar como produtor, roteirista e assistente de direção de curtas-metragens.
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