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Sinopse

Para salvar nosso mundo, Percy e seus amigos deverão encontrar o poderoso e mágico Velocino de Ouro. Embarcando em uma perigosa odesséia nas águas nunca navegadas do Mar dos Monstros - conhecido pelos humanos como Triângulo das Bermudas!

Crítica

Após o relativo sucesso de Percy Jackson e o Ladrão de Raios (2010), tinha-se dúvidas sobre a realização ou não de uma sequência. Pois o apoio dos fãs da série de livros de Rick Riordan foi tão forte que decidiu-se investir mais uma vez no personagem, acreditando-se que talvez num segundo episódio o retorno fosse mais efetivo. Infelizmente, não é o que acontece com Percy Jackson e o Mar de Monstros, produção ainda mais problemática do que a anterior. Se antes ainda havia a possível identificação fantasiosa de acompanharmos a jornada de um jovem comum que se descobre filho de um dos maiores deuses do Olimpo, Poseidon, dessa vez essa relação inexiste. O que acontece é que somos jogados diretamente na ação, sem maiores explicações ou perdas de tempo. E se isso deveria ter funcionado para aumentar o dinamismo da história, acaba tendo um efeito inverso, transformando todo o projeto num mero videogame redundante, que deverá agradar – talvez – somente as crianças e pré-adolescentes.

Logan Lerman, após o bem sucedido As Vantagens de ser Invisível (2012), assume de vez aquele olhar de cachorro abandonado do filme anterior e decide fazer do seu Percy Jackson um coitado obrigado a lidar com um destino mais pesado que suas costas. Assim como todos os semideuses – filhos de deuses com humanos – ele mora num acampamento protegido pelo próprio Zeus. Mas essa barreira mágica é quebrada após a árvore que abençoa o local ser envenenada. A única maneira de curá-la é encontrando o velocino de ouro. Este, por sua vez, se encontra numa ilha no meio do Mar de Monstros – o famoso Triângulo de Bermudas. Protegido por um ciclope, o objeto poderoso é desejado também por Luke, o primo malvado do protagonista, que pretende ressuscitar Kronos, ser demoníaco que tinha como hábito devorar os próprios filhos, até que foi morto por dois deles, Zeus e Poseidon!

Se os mais atentos já perceberam que a trama básica é praticamente a mesma de Fúria de Titãs 2 (2012) – substitui-se apenas o filho de Zeus, Teseu, por Percy Jackson, filho de Poseidon – o maior problema de Percy Jackson e o Mar de Monstros nem chega a ser sua falta de originalidade, mas a imensa ingenuidade da obra como um todo. Os personagens passam o tempo inteiro em lutas e batalhas; no entanto, nem uma única gota de sangue é derramada durante a história. As mortes são meramente passageiras – é um verdadeiro festival de ressuscitações! Sem perigos nem ameaças de fato impressionantes – o vilão, interpretado pelo apático Jake Abel (A Hospedeira, 2013), é tão sonolento que tudo que provoca é a indiferença – o envolvimento com o público enfraquece, e ainda que o três personagens principais – Percy Jackson tem dois melhores amigos, Annabeth e Grover – evoquem a mesma estrutura vista nas aventuras de Harry Potter, a falta de química entre eles e, principalmente, com o espectador, deixa evidente que qualquer comparação será injusta (para os novatos, é claro).

Percy Jackson e o Ladrão de Raios custou US$ 95 milhões e arrecadou US$ 226 milhões em todo o mundo (apesar de não ter se pago nas bilheterias americanas), além de ter recebido uma avaliação de apenas 49% de aprovação. Assim como aconteceu com a franquia As Crônicas de Nárnia, tal tropeço inicial foi visto com parcimônia, pois tamanho sucesso literário não deveria ser desperdiçado tão rapidamente no universo cinematográfico. Mas Percy Jackson e o Mar de Monstros (avaliação crítica de 33%), para conseguir virar o jogo, deveria ter sido entregue em mãos mais experientes. No entanto, o que temos é o diretor de Diário de um Banana (2010) e o roteirista de Lanterna Verde (2011). Tanto Thor Freudenthal quanto Marc Guggenheim são apostas contidas, que investem em terreno seguro e já conhecido, mas absolutamente carentes de ousadia, criatividade ou emoção. Dessa forma, o que temos é um filme que se provoca bocejos durante sua projeção, não permanece na memória de sua audiência nem o tempo suficiente de um saco de pipocas.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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