Crítica
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Sinopse
Fotógrafo pernambucano de passagem por São Paulo para sua primeira exposição individual, Ivo decide se hospedar na casa de uma ex-namorada, atualmente casada com outro homem.
Crítica
O cinema nacional perdeu fôlego, se comparado aos anos anteriores, mas a produção, felizmente, não para. E se as comédias continuam sendo alvo de críticas pelo conteúdo por vezes duvidoso, é muito bom ver outros gêneros saindo do forno. A grande diferença continua sendo as bilheterias. Enquanto uns insistem na pegada mais autoral, muitos de difícil entendimento, outros parecem investir em filmes que têm esse traço, mas buscam conexão com o público. Permanência segue essa linha sem apelar para diálogos de novela ou humor raso. Resta saber se encontrará espaço nas salas dominadas por produções de Hollywood.
O fotógrafo pernambucano Ivo (Irandhir Santos) viaja para São Paulo para o lançamento de sua primeira exposição solo e se hospeda na casa de Rita, um amor do passado (Rita Carelli), hoje casada e com a vida aparentemente nos eixos. O reencontro dá sinais da existência de uma antiga chama entre eles, mas as cinzas do relacionamento também mostram seu vigor. Durante os preparativos para o evento, situações vivenciadas por Ivo e um rápido encontro com o pai distante abrem seus olhos (ou o “diafragma”) para uma realidade. Eis aí um dos charmes dessa história, que como um quarto escuro, vai revelando aos poucos que o tempo passou, algumas coisas continuam as mesmas, mas algo mudou, e você vai descobrindo junto com os personagens.
Espécie de extensão (bem mais elaborada) do curta Décimo Segundo (2007), protagonizado pelos mesmos atores e também escrito e dirigido por Leonardo Lacca, esse longa de estreia aborda encontros e desencontros nas relações humanas e de como, muitas vezes, é difícil mantê-las, seja entre casais, profissionais, pai e filho ou mesmo um flerte. Tendo como pano de fundo um certo contraponto entre o tradicional e o moderno, evidenciado pela resistência de Ivo às câmeras digitais e os muitos planos de outros equipamentos em funcionamento, o roteiro investe nos diálogos curtos e com alguma dose de humor. É possível perceber a assinatura pernambucana em obviedades como valorizar sotaque, comida ou clima da região, mas também na sua “conexão urbana”.
Exibido em diversos festivais nacionais e internacionais, e com prêmios conquistados, Permanência pode prender você na primeira sequência, que retrata muito bem a tensão/tesão existente entre os dois (ótimos) protagonistas, além de outras com uma singular (e deliciosa) ligação com o café. Construído também com silêncios, sua arquitetura sofre um pouco com alguns cortes mais secos, mas a boa trilha pontual de Cláudio N. e Carlos Montenegro ajuda bastante a manter o clima desse drama que brinca com partidos políticos, Twin Peaks, e reserva ainda um final nada previsível. Como indica a frase de Ivo: “revela só se tu quiser”.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Roberto Cunha | 8 |
Francisco Carbone | 6 |
Edu Fernandes | 6 |
Bianca Zasso | 7 |
Alysson Oliveira | 5 |
Daniel Oliveira | 6 |
Chico Fireman | 5 |
MÉDIA | 6.1 |
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