Pets: A Vida Secreta dos Bichos 2
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Chris Renaud, Jonathan del Val
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The Secret Life of Pets 2
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2019
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EUA / França / Japão
Crítica
Leitores
Sinopse
Max se vê enganado por Katie e acaba dentro de uma clínica veterinária onde os pets não parecem nada normais. Como se não bastassem os problemas, ele ainda terá que se acostumar com um recém-chegado à família. Será tão difícil quanto foi com Duke?
Crítica
Três anos atrás, Pets: A Vida Secreta dos Bichos (2016) revelou-se um inacreditável sucesso ao chegar aos cinemas. Com quase US$ 900 milhões arrecadados nas bilheterias de todo o mundo, deixou público e crítica de boca aberta, pois ninguém esperava tanto de uma produção até simpática, mas longe de ser apontada como excepcional. Pois é fato que um canhão inesperado como esse não seria deixado de lado por muito tempo, e eis que agora temos Pets: A Vida Secreta dos Bichos 2, uma continuação tão previsível quando desnecessária. A impressão é que, na ausência de uma ideia válida que justificasse sua realização – e na urgência do seu lançamento, para que o bom momento gerado pelo longa anterior não se dissipasse por completo – os produtores simplesmente juntaram três ou quatro argumentos que dariam não mais do que episódios de uma série de televisão e trataram de amontoá-los desajeitadamente, como se apenas o fato do conjunto possuir mais de 80 minutos de duração o tornasse digno da tela grande.
É tão visível esse desconforto narrativo que, por mais de dois terços da trama, os personagens de cada núcleo nem chegam a interagir com os demais, guiando-se separadamente, como se os outros nem sequer existissem. A divulgação que tem sido feita em cima da imagem de Max, o protagonista – agora com voz de Patton Oswalt, após Louis C.K. ser deixado de lado diante das acusações de assédio sexual recebidas nos últimos meses – com um cone ao redor do pescoço. Bom, é melhor não se deixar se enganar, pois o adereço não é mais do que um detalhe na trama. Afinal, a fórmula, aqui, se repete com exatidão: se antes ele precisou lidar com a chegada de um novo cachorro – o grande e atrapalhado Duke – dessa vez sua rotina é perturbada novamente com a introdução de mais um morador: ao invés de um pet, no entanto, quem surge é um bebê, filho dos donos da casa.
Isso, porém, parece não ser suficiente. Assim, a família decide passar umas férias no sítio de um tio distante, e lá Max terá outras dificuldades pela frente, principalmente a autoridade de um cão do campo, o altivo Rooster (Harrison Ford, estreando no universo das animações). Veja bem, só até aqui já tivemos duas ideias distintas – a criança e a vida ao ar livre – que, cada uma, individualmente, se bem trabalhadas, poderiam ter gerado uma história à parte. Mas o objetivo é acumular, e há mais pela frente. Pois não podemos esquecer do coelho Bola de Neve, que literalmente roubava a cena à cada aparição graças ao perfil psicótico travestido por uma aparência fofa e adorável, além da voz acelerada de Kevin Hart. O ator continua à frente da figura, porém sua maior característica é, inexplicavelmente, ignorada. Bola de Neve voltou a ser um animal de estimação, e seu lado selvagem agora se manifesta, seguindo a tendência atual, como um super-herói!
O espectador é convidado a acompanhar Bola de Neve e a única nova personagem digna de nota, a cachorrinha Daisy (voz de Tiffany Haddish), em uma missão de salvamento de um tigre branco aprisionado em um circo – uma ideia que já era ultrapassada em Magadascar 3: Os Procurados (2012), sete anos antes, e que hoje soa ainda mais deslocada, visto que animais em atividades circenses estão em desuso no mundo todo – enquanto que Gidget (voz de Jenny Slate), a namoradinha de Max, tem como única responsabilidade cuidar de uma abelhinha de plástico perdida em um apartamento repleto de gatos – o que deveria ser uma deixa para Chloe, a gata enorme e preguiçosa, brilhar com um pouco mais de destaque, mas nem isso chega a ser aproveitado. Como se vê, até geograficamente eles estão distantes – um na fazenda, outro perdido na cidade e os últimos no apartamento do andar de cima. Quando, enfim, se encontram, a reunião é feita de modo tão forçado e desajeitado que serve apenas para relembrar quão turbulento havia sido o caminho até ali.
Dirigido pelo mesmo Chris Renaud do filme anterior, responsável também pelos dois primeiros longas da saga Meu Malvado Favorito, Pets: A Vida Secreta dos Bichos 2 coloca em evidência uma preocupação notória dos realizadores: dar atenção exagerada aos personagens, em detrimento de uma história que faça sentido contar com as presenças dos mesmos. Desprezando personalidades e insistindo em piadas recicladas, além de fazer de certas figuras presenças quase irrelevantes – Duke é não mais do que um apêndice sem função alguma em cena – verifica-se aqui um típico produto de estúdio, encomendado às pressas para atender a uma demanda imaginada, sem compromisso algum com o viés artístico em potencial que abriga. Ou seja, até entretém enquanto dura – afinal, ninguém é amador por aqui – mas dono de efeitos descartáveis, que são esquecidos quase que de imediato com o acender das luzes.
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