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Crítica


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Sinopse

Depois de ser preso pela polícia mexicana enquanto fugia dos agentes da lei norte-americanos próximo a fronteira, um criminoso é jogado numa das prisões mais violentas do mundo. Ele receberá a ajuda de um menino de 9 anos.

Crítica

Mel Gibson não é mais o astro de outrora. Seu mais recente filme, Plano de Fuga, passou reto nos cinemas norte-americanos, ganhando lançamento direto na tevê, por vídeo sob demanda, na DirecTV. Felizmente, para os fãs do ator fora dos states, Gibson goza de alguma popularidade, o que explica o lançamento do longa-metragem nos cinemas brasileiros, por exemplo. Ao apostar em um personagem que o coloca de volta aos tempos de antiheroísmo de Mad Max (1979) e do primeiro Máquina Mortífera (1987), Mel Gibson marca um golaço. O filme, como um todo, pode não ser a oitava maravilha do mundo, mas prende a atenção do espectador com a esperteza malandra do “gringo” do título original.

Na trama, o ladrão sem nome interpretado por Mel Gibson está fugindo da polícia após ter feito um assalto bem sucedido – ou quase. Seu parceiro de crime está praticamente morto no banco de trás e os tiras estão no encalço da dupla. Em uma tentativa suicida para escapar, o motorista joga o carro na cerca que delimita o território estadunidense com o México. Com isso, consegue se ver livre da polícia de seu país, mas é preso pelos oficiais mexicanos. Encarcerado em um xilindró diferente, quase um vilarejo com regras próprias, o ladrão terá de achar um jeito de escapar antes que os mandas-chuvas do local o peguem. Com a ajuda valiosa de um garoto esperto (Kevin Hernandez, de The Sitter) e de sua mãe (Dolores Heredia, de Uma Vida Melhor), o gringo pensará em uma mirabolante forma de não só sair dali, como também recuperar o dinheiro que roubou.

Fosse outro ator interpretando o protagonista, talvez não víssemos um filme tão divertido. Quem lembra do Mel Gibson espertinho de filmes como Máquina Mortífera e Maverick (1994) o encontrará neste Plano de Fuga. O estilo irônico e inteligente do personagem lembra muito uma versão menos correta de Martin Riggs. A violência do gringo cai mais para os lados de Mad Max. Em ótima forma, Gibson até faz uma hilária imitação de Clint Eastwood, em um de seus tantos planos para escapar da prisão.

O roteiro, escrito pelo próprio Gibson ao lado do diretor Adrian Grunberg e da roteirista de primeira viagem Stacy Perskie, é daqueles que precisamos nos esforçar para acreditar, com vários acontecimentos ocorrendo exatamente conforme os planos do protagonista. O fato de ele ser um sniper aposentado também ajuda em seus esquemas. O que é interessante no filme é o fato de sabermos pouquíssimo sobre o personagem e de seu passado, mas ainda assim nos importarmos com seu futuro e até com uma possível redenção. Este tipo de protagonista, mais visto em produções dos anos 80, cai como uma luva com a atual persona de Mel Gibson.

Longa-metragem de estreia de Adrian Grunberg, Plano de Fuga mostra um cineasta sem medo de encarar desafios. Só por trabalhar com um astro-problema como Mel Gibson já mostra atitude. É verdade que os dois colaboraram em Apocalypto (2006), com Grunberg sendo o diretor assistente de Gibson. Portanto, fica a dúvida se o gringo conseguiu deixar seu ex-assistente dirigir de forma livre este filme. Prefiro acreditar que sim. Outro ponto é a tentativa bem sucedida em não cair nos velhos estereótipos mexicanos, fazendo uma produção que coloca como estrangeiro o protagonista. O título em inglês, Get the Gringo, dá conta disso, expondo o fato de que o estranho no ninho é Mel Gibson. Com boas – mas poucas – cenas de ação, Plano de Fuga é um ótimo retorno às origens para Mel Gibson. Um filme que nos faz lembrar o quanto o ator é bom no que faz. Não fossem as polêmicas dos bastidores, certamente este filme teria um público maior. Ou, ao menos, uma estreia digna no cinemas norte-americanos.

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é crítico de cinema, membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista, produz e apresenta o programa de cinema Moviola, transmitido pela Rádio Unisinos FM 103.3. É também editor do blog Paradoxo.
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