Crítica
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Sinopse
A vida e a obra de um dos maiores músicos gaúchos: Plauto Cruz, considerado por muitos o melhor flautista do Brasil.
Crítica
Plauto: Um Sopro Musical cumpre a função nobre de fazer uma ode ao virtuosismo do flautista Plauto Cruz, nascido no interior do Rio Grande do Sul. A despeito do reconhecimento para além das fronteiras gaúchas, o músico foi fiel às suas raízes fincadas no território que o testemunhou tantas vezes expressando paixão e genialidade. Essencialmente documental, o filme é entrecortado por dramatizações que pouco acrescentam a essa homenagem rasgada. Elas apenas oferecem reiterações a partir de outra modalidade narrativa, reafirmando o antes colocado. Há, portanto, um esquema definido quanto à inserção das encenações que, ao contrário da natureza simples, constantemente celebrada por quem conheceu o protagonista, tentam criar um clima portentoso de epifania. As contraluzes que ressaltam a fumaça colocada em torno dos intérpretes buscam expressar a excepcionalidade insuspeita dos eventos cotidianos, mas o resultado é bem artificial.
A pegada deste docudrama é laudatória. Sem qualquer informação e/ou inserção que ofereça a complexidade humana de Plauto, o filme permanece circunscrito na seara do elogio. Não importa se estão diante da câmera familiares, admiradores, ex-colegas ou gente que unicamente gozou da companhia do artista, porque, de modo irônico, a narrativa se presta ao tom monocórdico para falar de alguém conhecido pelo repertório repleto de tons e variações. Plauto: Um Sopro Musical também carece de foco, o que pode, em semelhante medida, ser imputado ao roteiro desconexo e à montagem sobremaneira ineficiente, num conjunto que permite a articulação frágil de fragmentos. Em princípio, há a sensação de que a progressão será basicamente guiada pela cronologia, com histórias da meninice sendo substituídas por peripécias adolescentes e assim por diante. Todavia, inadvertidamente, a trama cede ao entrelaçar de temporalidades diversas sem aparente sentido.
Pela tela desfilam personalidades da música brasileira, em especial conterrâneos que, seguindo a tônica dominante em Plauto: Um Sopro Musical, são restritos repetir enaltecimentos sem modulações que os difiram. Essa falta de variedade, inclusive no cruzamento de testemunhos familiares, profissionais e dos integrantes do círculo de amizade de Plauto, criam um fastio sobressalente. Informações são desnecessariamente duplicadas, causos curiosos reincidem sem novidades que justifiquem o seu retorno, pessoas integram núcleos aparentemente distintos sem que isso crie noções significativas. O acúmulo de debilidades gradativamente mina o conjunto. O cineasta Rodrigo Portela, nessa necessária e urgente operação de valorização de um talento maiúsculo, não logra êxito na tentativa de desenhar a magnitude do mesmo, especialmente pela restrição aos louvores que se sucedem sem, ao menos, estabelecer unidade consistente.
Plauto: Um Sopro Musical esgota rapidamente o que tem de melhor, ou seja, a disposição para festejar uma carreira cuja importância deve ser preservada. Como mero documento, cumpre, ainda que aos trancos e barrancos, papel de relevância louvável. Pena que o faça sem atenção aos pontos de fricção/atração entre os segmentos, simplesmente empilhando dizeres elogiosos, os enredando com dramatizações que beiram o dispensável, principalmente por conta das poucas cargas (poética, informativa, etc.) que poderiam adicionar algo ao todo. Rodrigo Portela reaproveita cenários, transforma depoentes reais em personagens da esfera ficcional, se mostra inquieto, vide a câmera próxima do pendular, parecida com um metrônomo, ao registrar as experiências alheias, mas perde o fio da meada ao não conseguir conjugar com eficácia os potenciais e, assim, evitar desperdícios como a recapitulação contraproducente de fatos e opiniões marteladas a esmo.
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