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Sinopse

Após 30 anos desaparecido, o mundialmente conhecido médium cego Simon Silver volta a ser notícia. Ele vira objeto de estudo de Margaret, professora de psicologia que busca desmascarar supostas atividades paranormais.

Crítica

Até que ponto pode chegar a negação daquilo que somos? Pode não parecer, mas este vai ser um dos principais tópicos a serem discutidos após o espectador sair da sessão de Poder Paranormal, dirigido pelo espanhol Rodrigo Cortés. Um filme com elenco de peso, roteiro aparentemente afiado e que, honestamente, até agora estou na dúvida se foi ou não um tempo desperdiçado.

O título original, Red Lights, refere-se aos pontos vermelhos que a professora Margaret Matheson (Sigourney Weaver) e seu assistente, o físico Tom Buckley (Cillian Murphy), buscam ao investigar supostas anormalidades. Na verdade, nenhum dos dois acredita em algo sobrenatural e por isso tem como missão desmistificar qualquer aparição nos arredores. Isto até um famoso mediúnico voltar aos holofotes após mais de 20 anos recluso. Mas será que Simon Silver (Robert De Niro) realmente tem poderes ou é só mais uma farsa? Esta parece ser a trama principal deste suspense que carrega demais no tom surpresa de M. Night Shyamalan em O Sexto Sentido (1999) e Corpo Fechado (2000). Ou seja, prepare-se para ser enganado com um “final surpreendente”.

O pior é que o filme começa bem, mostrando não só “a caçada” da dupla Margaret e Tom, mas também desenvolvendo seus personagens (muito bem interpretados por Weaver e Murphy, vale ressaltar) de forma aprofundada. Ela é uma cética com um filho que vive em estado vegetativo há anos. Em um determinado momento do filme a professora fala que o mais lógico seria desligar os aparelhos e deixar seu filho partir. Mas talvez este seja o único elo de Margaret com um mundo que ela não acredita, porém pode existir. Ao mesmo tempo, Tom é um físico que preferiu não seguir uma carreira brilhante justamente para estudar os falsos fenômenos. Tudo porque um mediúnico jurou ter curado o câncer de sua mãe, fazendo-a acreditar nisso e piorando seu estado de saúde.

Agora, se a dupla principal está bem, pobre da competente Elizabeth Olsen (Martha Marcy May Marlene, 2011). Aqui faz apenas a namoradinha de Tom, sem muita importância para a trama. Assim que ganha um leve destaque, Robert De Niro aparece para roubar a cena. Porém, parece que o diretor se emocionou demais com o ator ou o personagem e a partir daqui toda a sutileza e profundidade que estavam cercando a primeira metade do filme caem por terra. No lugar, um show de sustos, diálogos confusos e pseudo thriller psicológico que vai prometendo demais até um final abrupto.

Um bom diretor não precisa assustar o espectador para surpreendê-lo ou manter um clima instigante e aterrador. Uma das maiores lições de Alfred Hitchcock ensina bem a diferença entre sustos e suspense, o que vou tentar resumir em poucas palavras. O exemplo é uma simples cena: um casal senta em um restaurante e BOOM!!! Tudo vai pelos ares. Afinal, uma bomba estava debaixo da mesa. Ok, isto é um susto. Agora, o suspense seria melhor aproveitado se soubéssemos o tempo todo que a bomba estava ali, naquele mesmo local, o casal sentasse e discutisse assuntos triviais pelo período de um minuto enquanto o espectador rói as unhas, arranca os cabelos e bate a cabeça na parede esperando para ver se a bomba realmente vai estourar, se eles vão sair dali, enfim, o que vai acontecer. Talvez esta lição o diretor deste Poder Paranormal ainda tenha que aprender.

Apesar dos pesares, nada é de todo mal. Lembram da pergunta que fiz no início do texto? Pois é, ela vai permanecer pelo menos para uma boa conversa após a sessão. Se a intenção do diretor era questionar a fé, no que acreditamos e o que aceitamos, ponto pra ele. No entanto, se foi apenas para nos contar um segredo no final, então é bom Rodrigo Cortés tomar cuidado. Ou pode acabar virando uma nova espécie de Shyamalan, enganando o espectador e perdendo credibilidade filme após filme.

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é crítico de cinema, apresentador do Espaço Público Cinema exibido nas TVAL-RS e TVE e membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista e especialista em Cinema Expandido pela PUCRS.
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