Por um Sentido na Vida
Crítica
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Sinopse
Justine Last (Jennifer Aniston) é uma mulher frustrada com seu casamento, já que seu marido apenas pensa em fumar maconha com seu amigo Bubba (Tim Blake Nelson). Cansada do atual relacionamento, ela acaba se envolvendo com Holden Worther (Jake Gyllenhaal), um colega de trabalho que acredita ser Holden Caufield, narrador do livro "O Apanhador no Campo de Centeio". Além de ter que lidar com a personalidade de Holden, a vida de Justine se transforma completamente após Bubba descobrir que ela está tendo um caso.
Crítica
Filmes sérios, com importantes mensagens a serem transmitidas, existem vários. Mas, dentre esses, dois tipos são bem específicos e de fácil identificação. Existem aqueles que tocam fundo, que incomodam, que nos fazem sair de nossa zona de conforto, que realmente possuem algo a ser dito, seja através de imagens ou de um texto forte e conciso. Clube da Luta (1999), de David Fincher, é um bom exemplo. No lado oposto estão os que possuem boas intenções, mas que naufragam em um ponto ou outro de sua realização. Por maiores que sejam seus méritos – e muitas vezes são dotados de vários, a começar pela iniciativa de se tentar fazer algo que se situe além da mediocridade – no final estes pouco importam, uma vez que o que permanece no espectador é apenas uma sensação de déja vù. Por um Sentido na Vida se encaixaria bem nessa definição.
O quadro é bem interessante. Ficamos, logo de início, a par dos sentimentos de Justine (Jennifer Aniston, a melhor em cena), uma mulher desiludida da vida, cansada do trabalho ridículo, do marido simplório, dos sonhos desperdiçados. Sua situação começa a mudar quando um jovem (Jake Gyllenhaal) passa a trabalhar na mesma loja de descontos que ela. A estranheza do garoto – está sempre lendo, é muito tímido, de olhar perdido – logo chama sua atenção, o que a faz descobrir que ambos possuem muito em comum. Daí para um romance proibido, é um instante. O problema é quando o amante de primeira viagem perde o controle, se envolvendo num roubo – em nome do amor, como não poderia ser diferente – que pode por tudo a perder, tanto na vida dele quanto na dela.
Justine está – e desde o começo isso fica claro – à procura de mudanças. O que sucede, portanto, é que passa a vislumbrar no novo colega uma chance de como tudo poderia ser diferente. No entanto, as soluções oferecidas pelo roteiro são contraditórias: se por um lado a trama se desenvolve de modo previsível, as reações dela diante dos novos acontecimentos fogem do convencional, indicando que nem tudo pode estar perdido. O amadurecimento do personagem é visível, e a conclusão mais óbvia é que o mesmo poderia estar acontecendo com qualquer um da plateia. O que você faria no lugar da protagonista, diante da oportunidade de jogar sua vida vazia na privada e começar tudo do zero?
Essa dualidade é o que mais incomoda, pois percebe-se que o material trabalhado oferecia boas possibilidades, mas que essas são apenas razoavelmente exploradas. Se Por um Sentido na Vida traz algo de positivo é a interpretação de Aniston, que pela primeira vez se distanciou com efeito da personagem do seriado Friends (1994-2004). Seu desempenho em nada lembra qualquer uma das suas performances anteriores, não repetindo trejeitos nem maneirismos. Fugindo do terreno seguro das comédias românticas, a atriz deu um passo arriscado que felizmente se justificou. Ou seja, além de ser também uma estrela, ela se confirmou aqui como uma intérprete versátil. E por isso o filme já merece uma conferida.
Alternando bom humor com momentos dramáticos, o primeiro trabalho do porto-riquenho Miguel Arteta para um grande estúdio (é dele o independente Chuck & Buck, 2000, celebrado no circuito alternativo norte-americano) até alcança bons momentos, mas o que sobra após o término da projeção é um sentimento de que ficou faltando algo para que seus objetivos se realizassem por completo. Não que prejudique seu entendimento ou trajetória, mas é o que o diferencia de uma obra inesquecível, deixando-o restrito à vala comum de ser “apenas mais um”.
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