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Sinopse
Em 1970, o Brasil inteiro torce e vibra com a seleção de futebol no México, enquanto prisioneiros políticos são torturados nos porões da ditadura militar e inocentes são vítimas desta violência. Todos estes acontecimentos são vistos pela ótica de uma família quando um dos seus integrantes, um pacato trabalhador da classe média, é confundido com um ativista político e "desaparece".
Crítica
Enquanto alguns teimam em relativizar o horror instaurado nos tempos da ditadura, volta e meia surgem novos capítulos desse passado brasileiro que não se deve esquecer, pois é importante à memória da nação. Nesse sentido, como exemplar fílmico de recorte histórico, Pra Frente Brasil assume expressivo papel de exumação, uma vez que captura inúmeros espectros da época citada. No lugar e hora errados, Jofre, na trama, é tido como possível comunista e levado aos porões onde a tortura era método para fazer inocentes e “culpados” falarem. Seu irmão Miguel e sua esposa Marta tentam encontrá-lo pelos meios legais, mas esbarram na dificuldade imposta pela polícia conivente, a mando das artimanhas ditatoriais.
O diretor Roberto Farias resgata o específico momento em que as desventuras da seleção brasileira de futebol por terras mexicanas, então à caça do tão sonhado tri-campeonato em 1970, serviram tal cortina de fumaça às barbáries militares na luta contra os “subversivos”. De início, teme-se que Pra Frente Brasil utilize como muleta essa relação entre a campanha do escrete canarinho e a caótica conjuntura político/social. Porém, felizmente, há emprego sábio e parcimonioso da justaposição, até mesmo como reforço de outros aspectos relevantes: o exílio, os colaboracionistas, as conivências, os desaparecimentos e as mortes que impeliram mancha indelével à bandeira que clama por ordem e progresso.
Tendo em mente a significância do famigerado período, é duro constatar a ineficácia da cinematografia nacional em explorá-lo satisfatoriamente. Pra Frente Brasil se distingue nesse cenário pela habilidade no retrato de um país sob cabresto, e a capacidade de ser fração elucidativa do todo, esse de difícil entendimento absoluto. Ao mostrar Jofre, Roberto Farias se refere aos torturados inocentes, assim como ressoa na luta particular de seus outros personagens a batalha dos marcados pelos anos de chumbo. E no país do futebol, enquanto o capitão Carlos Alberto Torres alçava a taça Jules Rimet, símbolo da glória brasileira no exterior, aqui corria sangue, se disseminavam o sofrimento e a coerção social, vergonhas nacionais marcadas para sempre na história deste país varonil.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Marcelo Müller | 8 |
Thomas Boeira | 8 |
Francisco Carbone | 8 |
Wallace Andrioli | 7 |
Bianca Zasso | 8 |
Chico Fireman | 7 |
Cecilia Barroso | 6 |
MÉDIA | 7.4 |
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