Crítica
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Sinopse
Em busca da cura para uma maldição, Ashitaka se depara com uma guerra, na qual conhece a valente Mononoke.
Crítica
Todos já sabiam da excelência das obras do Studio Ghibli, mas foi graças à Princesa Mononoke que suas animações atingiram outro patamar. Afinal, este longa se trata, antes de qualquer coisa, de um épico equivalente em sua força a um clássico como ... E o Vento Levou (1939) e em ação ao das sagas Star Wars e O Senhor dos Anéis. Muitos consideram este título como a obra-prima de Hayao Miyazaki. A alcunha não é à toa. O cineasta oriental explora a luta pela natureza, a ganância sem fim do homem, a industrialização desenfreada, o amor impossível e os mitos orientais de forma excepcional, mesclando todos estes temas sem nunca deixar algo de lado, transformando o longa numa grandiosa e emocionante experiência cinematográfica.
Apesar do título, quem começa esta grande saga é o último príncipe guerreiro Emishi, conhecido como Ashitaka. Após a invasão de sua aldeia por um javali possuído pelo demônio, o corajoso rapaz mata a criatura e recebe uma maldição em seu braço direito: ao mesmo tempo em que lhe dá força sobre-humana, este poder o matará aos poucos. Para entender mais sobre isto e tentar uma cura, o jovem viaja até o clã Tatara. No meio do caminho, se depara com uma guerra entre os humanos e os deuses da floresta. Estes são representados por San, a Princesa Mononoke do título, guerreira criada pela deusa loba Moro.
Ashitaka é a representação máxima da dualidade humana em sua bondade e grandiosidade, pois, ao mesmo tempo em que se apaixona por San e defende a luta de sua amada, entende que nem todos os homens são ruins, tentando ao máximo conseguir uma conciliação e o fim da brutal guerra travada entre os eixos. Ou seja, sua maldição, sua doença, se torna uma preocupação secundária, o que faz dele um dos maiores heróis altruístas já revelados em animações. A complexidade do personagem pode parecer gigante e de difícil compreensão através do texto, mas é no longa que tudo se torna tão simples em sua construção, como deveria ser para qualquer ser vivo preocupado além dos próprios desejos.
Talvez seja um alterego do próprio Miyazaki em sua luta intelectual pelos direitos de todos, do homem à natureza, o que o autor do filme expande ao detalhar como a Cidade de Ferro extrapola limites ao drenar todos os recursos naturais da floresta com o fim de aniquilar os seres gigantes defendidos por San. E se o papo parece metafísico e acadêmico demais para os incautos, o diretor recheia a tela com cenas de ação coloridas e grandiosas que mostram não apenas a complexidade do tema como também seu horror. Afinal, a violência faz parte deste universo.
O clima remete ao western diversas vezes, especialmente nas batalhas, em que a situação parece clara: ali é terra de ninguém. Porém, é neste cenário desolado e, nem por isso, menos colorido e criativo, que toda a ação se estabelece, desde a guerra à própria discussão humanista sobre os mais variados temas, o que torna esta grande fábula do Studio Ghibli uma das mais românticas (em todos os sentidos) na história de suas produções. E em se tratando de Miyazaki, pode-se dizer que o nível de qualidade extrapola todos os limites possíveis até hoje.
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