Crítica
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Sinopse
Nemo é um pequeno e simpático peixe-palhaço, que repentinamente é sequestrado do coral onde vive por um mergulhador e passa a viver em um aquário. Longe de seu pai, que tanto o advertiu quanto aos perigos dos mares, Nemo constrói laços de amizade com seus companheiros de cativeiro. Enquanto isso, Marlin, seu tímido e devotado pai, sai em sua busca, tendo como parceira a ingênua e distraída Dory.
Crítica
Há nove anos a Pixar realizou uma das animações mais divertidas e inteligentes da história do estúdio – e também do gênero – e que agora está de volta às telonas em uma versão 3D. Procurando Nemo foi praticamente unânime entre crítica e público, fez a parceira da Disney ganhar pela primeira vez o Oscar de Melhor Animação e arrecadou mais de 900 milhões de dólares ao redor do mundo. Tanto sucesso faz jus ao filme, que merece ser visto e revisto, seja no cinema ou em casa.
Na história acompanhamos a trajetória de Nemo, um peixinho-palhaço que nasceu com uma deficiência e tem uma de suas nadadeiras menor que a outra. Ele é capturado por um mergulhador e acaba indo parar no aquário de um dentista na Austrália. Enquanto isso, seu pai, o superprotetor Marlin, fica desesperado e percorre os sete mares atrás do filho. Para tanto ele irá contar com a ajuda de Dory, um peixe-fêmea que tem perda de memória recente e fala "baleiês" (por sinal, uma das cenas mais engraçadas da história das animações).
Como toda boa animação, Procurando Nemo nos apresenta um conto em que as relações familiares e de amizade são o porto seguro de seus personagens principais. Mas esta questão, que pode ser considerada (na verdade até é) clichê, é tratada de forma tão bonita, divertida e com extrema inteligência que não se pode deixar de notar os inúmeros paralelos com a realidade dos espectadores, sejam crianças ou adultos. É aí que o filme se diferencia dos demais e mostra sua maturidade.
Começa pelos protagonistas, pai e filho. O pequeno Nemo é uma criança deficiente física que quer se libertar da ajuda que necessita dos outros a todo momento. Marlin é o pai exageradamente preocupado que tem como maior medo perder seu filho, como o ocorrido com a mulher e os outros herdeiros, abocanhados por uma barracuda no início do longa. Tamanha proteção acaba sendo perigosa e, justamente no momento em que o filho encontra uma oportunidade de se livrar das amarras do pai, acaba sendo fisgado para outro mundo. Tal qual a realidade de vários pais (humanos) que de tanto carregarem seus filhos debaixo de suas asas acabam não preparando-os para o mundo lá fora.
O interessante é como a trajetória dos dois personagens, longes um do outro, faz com que ambos cresçam. Em sua busca por Nemo, Marlin acaba conhecendo diferentes grupos de animais marinhos que lhe mostram como ser mais aberto, não só em relação ao filho, mas também a novos amigos. O peixe-palhaço, na verdade, não tem nada de engraçado (uma das grandes sacadas do filme), pois com o trauma da perda acabou totalmente recluso. Situação começa a mudar à medida que ele vai gostando da presença da atrapalhada Dory (um trabalho de dublagem espetacular de Ellen DeGeneres, tão bom quanto o que Robin Williams fez para o Gênio da lâmpada em Aladdin, 1992), potencializada quando Marlin quase perde a amiga queimada por um gigantesco grupo de águas-vivas.
Alguns dos personagens mais interessantes que ele conhece nesta trajetória são parte de um grupo de tartarugas marinhas surfistas que parecem estar sempre chapadas (uma clara referência ao povo “paz e amor” das praias de todo mundo). Ali, as crianças são livres, perante um olhar distante e amoroso do pai, o que mostra a Marlin como sua relação sufocante com Nemo pode ser prejudicial ao crescimento do “garoto”.
Enquanto isso, Nemo conhece um grupo de desajustados no aquário australiano, que incluem desde um peixe que acredita ter uma irmã gêmea (na verdade, é o reflexo do próprio animal no vidro), um camarão com mania de limpeza, uma estrela-do-mar vigia, um baiacu que “explode” a todo momento, até o sisudo “líder da gangue” Gill, que também tem um trauma físico parecido com o de Nemo e lhe ensina como ser mais livre.
O final da história todos já sabem, mesmo que não tenham visto o filme. O que vale aqui não é o desfecho (que mesmo não sendo original consegue ser tratado de forma digna), mas sim a trajetória e evolução de seus personagens. Mesmo que Dory diga a qualquer momento “Nemo? Nome legal!”, Procurando Nemo não é só diversão acima da média, mas uma sutil maneira de pensar a complexidade que é educar uma criança e, ao mesmo tempo, tratar deste crescimento de uma forma leve. Uma história de amor de pais para filhos que merece lotar as salas de cinema novamente, ainda mais agora que os peixes podem saltar da água para fora das telas.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Matheus Bonez | 10 |
Robledo Milani | 10 |
Edu Fernandes | 9 |
Thomas Boeira | 8 |
Roberto Cunha | 10 |
Diego Benevides | 9 |
Bianca Zasso | 8 |
Chico Fireman | 7 |
Yuri Correa | 9 |
MÉDIA | 8.9 |
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