Crítica
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Sinopse
Encarregado de remover os trabalhadores de uma refinaria de petróleo chinesa atacada gravemente, Luo Feng descobre um plano secreto em andamento e precisa unir forças com Chris Van Horne, um ex-Fuzileiro Naval.
Crítica
Atualmente, Jackie Chan é um astro global do cinema de ação. Cooptado por Hollywood depois de chamar atenção em Hong Kong como lutador-cômico-acrobata, ele se destaca da maioria dos colegas por conta da capacidade de executar muitos movimentos num curto espaço de tempo. E essa habilidade confere tonalidades cartunescas às brigas corpo-a-corpo. Já John Cena é um exemplo de brutamontes famoso no circuito norte-americano das lutas que migrou ao cinema, como havia feito Dwayne Johnson. Ele vem demonstrando talento e carisma equivalentes, frequentemente escalado para viver o “gigante gentil”, personagem que quebra expectativas criadas a partir das proporções físicas intimidadoras. No fundo, ele é terno e sensível. O fraquíssimo Projeto Extração junta esses dois representantes de gerações diferentes da ação. O longa-metragem reproduz clichês gratuitamente, tenta camuflar a pobreza do seu conteúdo com dramas mal elaborados, sabota as possibilidades da ação e ainda desperdiça as principais características de seus astros. Tudo começa com a situação (que deveria ser complexa, mas não é) envolvendo uma refinaria de petróleo chinesa situada estrategicamente no Oriente Médio. Funcionários são evacuados pela força-tarefa de Luo Feng (Chan) e mercenários estadunidenses operam nas bordas da legalidade, entre os quais Chris (Cena), o sujeito de bom coração da vez.
Para começo de conversa, antes do inevitável encontro (aliança) entre Luo e Chris, o cineasta Scott Waugh parece se esforçar para imprimir seriedade à trama, deixando de lado os talentos cômicos de seus protagonistas apresentados separadamente em missões logo convergentes. E o “enchimento” dos personagens é puramente arquetípico. Lou é o militar calculista que deixou a família de lado para se dedicar ao seu país, algo burocraticamente trazido à tona quando descobrimos que sua filha está entre os empregados chineses escoltados a uma região menos perigosa dos desertos do Oriente Médio. A tensão entre pai e filha é insossa, construída a partir dos lugares-comuns desse tipo de dinâmica vista em incontáveis outros filmes: a filha revoltada com o pai ausente; o homem ressentido por não conseguir a afeição da herdeira; a gradativa conexão entre ambos em meio ao caos; a reconciliação que recoloca as coisas em seus lugares. Nada realmente importa, tanto à existência cinematográfica da filha quanto ao comportamento do pai. Já Chris é o ex-soldado que atua por dinheiro, mas tão “bondoso” que ajuda a cuidar da vila de órfãos que o chamam de “cachorrão”. Ele é musculoso, divertido, mas sabe ser letal com uma arma na mão, além de aceitar a “última missão” estritamente se isso significar o aumento da sua aura de santo. Novamente, o tom de bom samaritano pouco importa. É uma desculpa.
Desculpa para quê? Para o filme não se assumir como um amontoado de episódios de ação ineficientes e tentativas frustradas de graça. O realizador poderia se valer da autoindulgência irônica para ganhar a cumplicidade do espectador. Porém, para isso acontecer seria preciso haver demonstrações de utilização consciente dos clichês. Porém, Projeto Extração é uma sucessão de erros de ordens conceitual e de execução. Quando os protagonistas finalmente se encontram e a comédia é libertada de seu cativeiro, as coisas não fica lá tão melhores. Chan e Cena são ótimos, mas aqui navegam em águas tão pouco agitadas de verdade, que nem o esforço dos dois para injetar algo às cenas surte efeito. As piadas são ruins, os bordões têm pouca eficiência, a confusão envolvendo sinais militares é mal encaixada, isso sem contar as reiteradas tentativas de afirmar ao espectador que a celeuma tem um quê de gravidade. Por que não assumir, sem vergonha, uma vocação escapista e deixar de lado as tentativas de mostrar os dois militares como homens de bem dispostos a sacrifícios? O aspecto familiar é pifiamente elaborado, vide a relação pai/filha pouco convincente, o luto pela morte do irmão que dura apenas alguns segundos (e não deixa resquícios e/ou cicatrizes) e a chantagem do vilão para conseguir de uma mãe desesperada os códigos da usina. Nada disso tem qualquer relevância.
Projeto Extração poderia propor uma brincadeira com os modelos, clichês e arquétipos. O filme poderia abraçar veementemente a tendência cartunesca de alguns momentos – sobretudo os do caminhão foguete e do vilão caindo num precipício, semelhantes a momentos dos desenhos do Papa-Léguas. Assumir compromisso com a diversão ligeira, sem pretensões subentendidas, provavelmente serviria para abonar o efeito negativo da artificialidade. O filme é repleto de fundos verdes mal costurados à ação ao vivo, efeitos especiais (CGI) mal executados e fotografia amarelada, marcada pela contraluz para minimizar as “emendas”. Do jeito que nos é oferecido, ora como tentativa de ser sério, ora como manifestação de um humor sem graça, o longa-metragem é um teste de resistência e paciência. A movimentação histriônica da câmera sempre busca desenhar movimentos excepcionais, estes enfatizados por truques chamativos da montagem – sobretudo transições virtuais que falseiam mudanças impossíveis do ponto de vista prático. A tentativa de criar um espetáculo falhou miseravelmente. Todo o autoproclamado “virtuosismo” técnico resulta no esvaziamento da tensão. Prevalece o aspecto plástico com jeitão de trucagem bagaceira. Trata-se de um filme com imagens feias, som de poucas camadas e que ainda estraga as batalhas corpo-a-corpo do astro Jackie Chan ao picotá-las na montagem.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Marcelo Müller | 3 |
Leonardo Ribeiro | 4 |
MÉDIA | 3.5 |
Eu acho até que vc gastou muitas palavras pra falar que o filme é uma merda. Já vi porcarias por aí, mas esse é bem ridículo, com canastrões demais. Realmente foi o que eu achei pra ver na Netflix que está com produções cada vez piores