Crítica
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Sinopse
Tati e Conrado viajam para Cancún, onde ele participará de uma conferência para o lançamento de seu novo livro. Pronta para dar o próximo passo, ela aproveita a ocasião para pedi-lo em casamento, com transmissão via internet para todos os amigos no Brasil. Mas, ao responder, Conrado solta apenas um “Posso pensar?”. A moça, então, se decepciona e Marcelo, seu ex-namorado, volta a ter esperanças.
Crítica
Baseado na peça Qualquer Gato Vira-Lata tem uma Vida Sexual mais Sadia do que a Nossa, de Juca de Oliveira, a comédia romântica Qualquer Gato Vira-Lata (2011) foi um sucesso de bilheteria, levando mais de um milhão de espectadores aos cinemas sem nenhum nome de grife do gênero – o mais próximo era o coadjuvante Álamo Facó, que participou do seriado A Grande Família (2009-2010) e do besteirol Totalmente Inocentes (2012). Como o cinema brasileiro também vem enfrentando um momento de crise criativa, quando é muito mais fácil – e seguro – apostar em investimentos certeiros na busca pelo grande público, não chega a ser nenhuma surpresa nos depararmos agora com Qualquer Gato Vira-Lata 2. O problema é que, ao invés de se fazer uma sequência do longa anterior, a impressão que se tem é a de uma refilmagem – afinal, é tudo praticamente igual ao que era visto no primeiro filme.
Com a saída de Tomás Portella – que preferiu investir em uma produção de gênero no malfadado Isolados (2014) – quem assume a direção é Roberto Santucci, realizador de todas as comédias campeãs de bilheteria no atual cenário nacional – são dele, por exemplo, os recentes Loucas para Casar (2015) e O Candidato Honesto (2014). Ele deve andar tão ocupado em fazer estes filmes em linha de montagem, todos genéricos uns dos outros, que dessa vez foi preciso convocar um auxiliar, o novato Marcelo Antunez, que assina a codireção. Mas mais do que um trabalho dos dois, Qualquer Gato Vira-Lata 2 é mesmo produto de Paulo Cursino, roteirista deste e de quase todas as comédias realizadas no país nos últimos anos, como De Pernas pro Ar (2010) e Odeio o Dia dos Namorados (2013). E aqui eles tem novamente mais um parceiro habitual: Marcelo Saback, que aparece no elenco como alívio cômico e tudo o que consegue é a irrelevância e o embaraço.
Qualquer Gato Vira-Lata contava a história de uma bela moça (Cléo Pires) que, apesar de estar apaixonada por um rapaz todo careta e certinho (Malvino Salvador), ficava balançada pelo jeito malandro e desapegado de um ex-namorado (Dudu Azevedo). Pois então, Qualquer Gato Vira-Lata 2 narra... exatamente a mesma série de eventos! A única diferença é o cenário, pois deixa-se de lado o Rio de Janeiro original e muda-se para uma ilha paradisíaca do Caribe. É exatamente a fórmula empregada, por exemplo, em De Pernas pro Ar 2 (2012) – do mesmo diretor e roteirista – que resignou-se em somente mudar sua trama para Nova York. Dessa vez, o casal protagonista está meio de férias e meio a trabalho para o lançamento do livro dele, mas quando ela o pede em casamento, ao invés dele aceitar de imediato, fica em dúvida e “pede um tempo para pensar”. A crise começa, e o antigo concorrente ressurge, colocando tudo em suspense mais uma vez.
São tantos os elementos inverossímeis no enredo que é até difícil saber por onde começar. Por quê o autor de um livro sobre relacionamentos e comportamento humano seria convidado para debater seu trabalho em um resort a quilômetros de distância entre praias e cenários idílicos é o menor dos problemas. Agora, qual a coincidência da sua opositora neste painel ser justamente a ex-esposa (Rita Guedes)? E assim como em uma antiga novela global, vai-se do Brasil à América Central em um toque, como se fossem um do lado do outro. Mas isso tudo seriam meros detalhes caso houvesse liga entre os personagens e a trama – o que, infelizmente, não acontece. Cléo Pires continua sendo tão linda quanto seus colegas masculinos são desajeitados, e a verdade é que ela não convence muito como par de nenhum dos dois. Malvino exagera nas caras e bocas, evidenciando uma falta de direção mais atuante, enquanto que Azevedo é o que mais sofre com a inconsistência do seu personagem – a subtrama com a filha postiça chega a ser risível, e é constrangedor perceber que a menina Mel Maia está melhor preparada do que ele nestas cenas.
Qualquer Gato Vira-Lata 2 não seria tão incômodo se ao menos tivesse como preocupação explorar mais a fundo o conflito inicial ou desenvolver melhor os envolvidos na história. Porém nenhuma destas linhas narrativas são seguidas. Por outro lado, investe-se novamente em velhos clichês, como a senhora tarada, a melhor amiga encalhada ou o amigo chapado que pode (ou não) ter tido uma relação gay na noite anterior. E é assim, com gosto de sorriso requentado e desfecho previsível, que o filme se contenta em ir atrás apenas de mais alguns tostões nas bilheterias, se mostrando tão esquecível e descartável quanto qualquer outro dos seus similares do gênero.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Robledo Milani | 2 |
Roberto Cunha | 5 |
MÉDIA | 3.5 |
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