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Sinopse

No meio da cerimônia do casamento entre Reed Richards e Susan Storm, algo surge nos céus de Nova Iorque. É o Surfista Prateado, alienígena de poderes excepcionais que serve de arauto para Galactus, o destruidor de planetas. O extraterrestre veio à Terra a fim de prepara-la para sua destruição, mas antes precisará lutar contra o Quarteto Fantástico.

Crítica

As adaptações cinematográficas dos heróis em quadrinhos da Marvel, antes desse filme, estavam dividadas entre as produções do primeiro time (Homem-Aranha, 2002) e as do segundo escalão (Elektra, 2005). Foi há pouco tempo que se descobriu uma via intermediária, que combinasse um investimento considerável no orçamento para efeitos especiais e outros cuidados técnicos, ao mesmo tempo que se cuidasse razoavelmente do roteiro e do elenco, formado não por estrelas, mas por atores minimamente competentes. O primeiro a ir por esta linha foi Demolidor, de 2003. Mas a produção que provou que ela poderia dar certo veio dois anos depois: Quarteto Fantástico (2005), que custou US$ 100 milhões e arrecadou no mundo todo mais do que três vezes este valor. Natural, portanto, que viesse logo em seguida uma continuação, e ela chega agora, atendendo pelo nome de Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado.

Sim, porque este novo filme é mais do que um "episódio 2". Dá, sim, sequência aos eventos narrados no longa anterior com os quatro personagens que, após um acidente solar, desenvolvem exóticos poderes: um é elástico (Reed Richards, o Sr. Fantástico), um pode inflamar o próprio corpo (Johnny Storm, o Tocha Humana), um tem a pele de pedra (Ben Grimm, O Coisa) e, por fim, ela, que fica transparente e emite campos de força (Susan Storm, a Mulher Invisível). E, além de estarem unidos nesta nova condição, tem em comum o fato de formarem uma família: Ben é o melhor amigo de Reed, namorado de Susan, irmã de Johnny! O diferencial está na inclusão de um novo, e enigmático, visitante: o Surfista Prateado!

Herói ou vilão? Esta é a dúvida que ronda os protagonistas em relação ao extra-terrestre que chegou ao nosso planeta montado numa prancha de surf cósmica. Assim como nas HQs, ele não é nem um, nem outro: está apenas sondando nosso planeta, condenado a servir ao monstruoso Galactus, um ser que se alimenta da energia de planetas inteiros. O que o Quarteto precisará fazer será convencer o Surfista e levar Galactus a um outro lugar, ao mesmo tempo que tentarão livrá-lo desta maléfica influência. Isso sem falar dos problemas gerados pelo sempre inconveniente Dr. Destino, o inimigo visto na aventura anterior e que volta disposto a conquistar os misteriosos poderes do alienígena.

Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado ganha pontos em relação ao primeiro filme: a trama é mais séria, o humor é mais contido, e os efeitos especiais estão melhor dispostos durante a trama. Continua, sim, sendo uma aventura para toda a família, mas os perigos estão numa nova escala, mais assustadora. Desta vez o mundo inteiro está em perigo, e as consequências e responsabilidades dos heróis serão postas à prova com mais intensidade e realismo. O filme deixa de ser tão "colorida" (em todos os sentidos), para se aproximar de uma reflexão sobre os destinos da humanidade e pelo que vale, mesmo, a pena lutar em busca da preservação.

O diretor Tim Story continua continua entregando um trabalho bastante convencional, e esse é o principal problema da produção. Ele cumpre apenas o que lhe é destinado, porém sem um pingo de originalidade. No elenco principal, se Ioan Gruffudd é inexpressivo e Michael Chiklis (da série The Shield) fica o tempo todo escondido atrás da maquiagem, poucas esperanças restam no que diz respeito à confusa Jessica Alba, indecisa entre ser uma cientista concentrada ou uma loira falsa e gostosa. Se alguém se destaca é Chris Evans, evidentemente o mais confortável no papel. No final das contas, ainda que este não seja um filme de grandes interpretações ou arroubos criativos, muito do que é visto em cena é por demais absurdo para ser levado à sério. Em resumo, não é aquela trama que uma turma como o Quarteto Fantástico - ainda mais ao lado do filosófico Surfista Prateado - merecia, mesmo que possa ser identificada como um passo adiante em relação ao seu predecessor. O que, afinal das contas, nem era tão difícil assim de se conseguir.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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