Rebel Moon – Parte 2: A Marcadora de Cicatrizes
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Rebel Moon - Part Two: The Scargiver
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2024
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EUA
Crítica
Leitores
Sinopse
Crítica
Se Rebel Moon – Parte 1: A Menina do Fogo (2023) foi uma decepção das grandes, o filme Rebel Moon – Parte 2: A Marcadora de Cicatrizes não pode ser acusado de gerar essa sensação, pois dele já se esperava uma continuidade similar da aventura genérica “chupada” da saga Star Wars. Sua trama dá sequência imediata aos eventos do longa-metragem anterior. Kora (Sofia Boutella) lidera o grupo de guerreiros engajados na proteção da vila agricultora sem vocação para a guerra – exatamente como no clássico japonês Os Sete Samurais (1954). Iludida de que matou seu algoz imediato, o Almirante Noble (Ed Skrein), ela articula os preparativos para a resistência futura. pois, segundo os protocolos do Mundo-Mãe (o império nefasto), sem o seu líder um couraçado espacial não pode continuar em missão. Isso retardaria o ataque dos opressores contra os oprimidos, não fosse a cópia descarada de Darth Vader ressurgir milagrosamente do mundo dos mortos. Nessa sequência, o cineasta Zack Snyder continua testando os limites nem sempre claros entre homenagem e cópia, mas geralmente soa como descarado fotocopiador de personagens e situações que fizeram sucesso em outras produções canônicas. Noble ressuscitando por força da tecnologia é semelhante a Anakin Skywalker reaparecendo no mundo dos vivos como o braço direito do imperador. Seria possível escrever um texto apenas numerando essas semelhanças.
Rebel Moon – Parte 2: A Marcadora de Cicatrizes apresenta uma resistência que ataca em naves semelhantes aos X-wings de Star Wars, o citado pastiche de Darth Vader e até uma batalha entre maldosos e bondosos utilizando espadas luminosas, evidentemente uma alusão aos icônicos sabres de luz dos jedis. Michiel Huisman continua interpretando o arremedo xoxo de Han Solo e Sofia Boutella é uma mistura insossa entre Luke e Rey Skywalker – inclusive por ser uma revolucionária lutando contra a tirania do governo que, nesse movimento, afronta a autoridade do pai transformado em antagonista. Mas, quem dera o filme fosse frágil somente por conta de sua natureza derivativa com poucos lampejos de personalidade própria. Certamente, Zack Snyder comandou produções com momentos bem mais emocionantes. Aqui, falta drama e a ação é um balé em câmera lenta que embeleza a guerra em vez de reforçar o seu horror. Além disso, o roteiro assinado por Shay Hatten, Kurt Johnstad e Snyder é esquemático ao dividir a produção em duas partes bem definidas e quadradinhas. Na primeira, que podemos chamar de “a preparação”, os guerreiros revelam as suas histórias pregressas em pequenos contos sem um pingo de emoção. Na segunda, que designaremos aqui como “a guerra”, uma batalha igualmente insípida e sem a capacidade de produzir sensações fundamentais como apreensão e comoção.
Na primeira parte de Rebel Moon – Parte 2: A Marcadora de Cicatrizes, a da preparação, Zack Snyder desenvolve mal os personagens arquetípicos, o que impacta de modo direto a falta de intensidade da guerra. Quem sabe tentando também expandir o universo que pretende seguir explorando em continuações – sim, o filme tem ganchos para sequências ainda não confirmadas –, o realizador fala sobre príncipes que lutam para restituir o orgulho ferido, pessoas pacatas sugadas pelas lógicas da guerra, militares igualmente desonrados lutando contra o sistema que ajudaram a construir e gente simples precisando aprender a se defender. Todas são histórias com bons potenciais para injetar vivacidade nos personagens e fazer com que o público se apegue a eles, consequentemente temendo por suas mortes quando o inimigo chegar com tudo. No entanto, Snyder não dá tempo para as individualidades se destacarem, isso em meios aos clichês soterrando as histórias com outras semelhantes em superficialidade. Assim, o amor do soldado rebelado, a nobre valentia dos aldeões, a liderança da guerreira moldada para ser uma sucessora inclemente, tudo isso fica em segundo plano. É curioso que o filme trate o background dos personagens – aquilo que aponta suas personalidades, fraquezas, alinhamentos ideológicos e, às vezes, determina suas naturezas trágicas/heroicas – como um item meramente burocrático.
Então, quando a guerra chega ao quintal pacífico que os protagonistas de Rebel Moon – Parte 2: A Marcadora de Cicatrizes juraram proteger com as próprias vidas, há pouca dimensão emocional para dar sustentação dramática à ação. Trocando em miúdos: como Zack Snyder não investe na construção dos personagens, eles se transformam em meras carcaças a serviço do bem lutando contra o mal. Se alguém morrer, a sensação de pesar durará menos do que alguns trechos cuidadosamente embelezados pelas longas tomadas em câmera lenta que caracterizam o cinema de Snyder. Aliás, virou lugar-comum tecer críticas negativas a esse recurso que consiste em desacelerar as imagens para vermos tudo com mais nitidez e, quem sabe, alguma poesia – na contramão das batalhas em que a montagem acelerada sublinha a tensão. Em alguns filmes de Snyder, a câmera lenta funciona muito bem, mas é um desserviço desta vez, principalmente na guerra. Faz todo sentido que o cineasta desacelere a imagem numa produção como Batman Vs Superman: A Origem da Justiça (2016), dando acesso visual às proezas sobre-humanas de personagens encarados como deuses. Nesta segunda parte desse seu projeto ambicioso feito de retalhos de produções canônicas, ele alonga as batalhas ao transformar numa demonstração vazia de beleza o que poderia ser intenso e impactante. Assim, ele dá munição aos detratores.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
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Marcelo Müller | 3 |
Ticiano Osorio | 1 |
Victor Hugo Furtado | 3 |
Francisco Carbone | 4 |
MÉDIA | 2 |
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