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Sinopse

Arthur é um líder relutante. Ele deseja deixar a Bretanha e retornar a Roma para viver em paz. Porém, parte em missão ao lado dos Cavaleiros da Távola Redonda, formado por Lancelot, Galahad, Bors, Tristan e Gawain. Durante esta missão toma consciência de que alguém terá que guiar a ilha aos novos tempos e a defenda das ameaças externas. Com a orientação de Merlin e o apoio da corajosa Guinevere ao seu lado, Arthur decide permanecer no país para liderá-lo.

Crítica

Desde A Connecticut Yankee in King Arthur’s Court (1921), lançado há quase um século, dezenas de outras produções ambientadas na Távola Redonda já foram feitas. Isto dá uma boa ideia de como essa história anda desgastada no mundo do cinema. Qual a razão, portanto, de se filmar mais uma vez essa trama? Rei Arthur, longa dirigido por Antoine Fuqua logo após ter feito seu primeiro sucesso – Dia de Treinamento (2001) – é muito mais resultado de um esforço de produtor, que visava nada mais do que um sucesso comercial. Longe, portanto, de atender a algum instinto criativo do realizador. Uma verdade que fica evidente na tela.

Jerry Bruckheimer, responsável por títulos frustrantes como Armageddon (1998) e Pearl Harbor (2001), chegou a afirmar que essa é a “versão definitiva da lenda”, e daí viria a sua suposta relevância. O certo é que são tudo suposições, e não há nada de comprovado a respeito da existência ou não de um tal Arthur que teria liderado os bretões na formação de um reino único. Desse modo, o que é visto na tela até pode ter algum fundo de verdade, mas caberá ao espectador comprar – ou não – o que lhe está sendo dito. Agora, do que não se têm dúvidas é a respeito do interesse de produtor em sempre querer faturar mais alto e se comunicar com um público mais amplo. E é justamente junto a esse espectador que Rei Arthur talvez encontre alguma ressonância.

De acordo com Fuqua, este Rei Arthur teve sua trama inspirada em clássicos como Os Sete Samurais (1954) e Sete Homens e um Destino (1960) – que ele próprio viria a refilmar, muitos anos depois, em Sete Homens e um Destino (2016). A referência, no entanto, se encerra no fato de que aqui também termos sete cavaleiros – e só. Não há profundidade nos personagens – e por vezes nem esses existem, somente os atores procurando a melhor iluminação para cada cena. Clive Owen não demonstra o menor carisma como Arthur, demonstrando dificuldades para convencer como o herói amargurado que precisa partir em sua última missão em busca da liberdade prometida pelo Império Romano. Já o resto do elenco, infelizmente, não demonstra melhor desenvoltura.

Keira Knightley, antes de suas indicações ao Oscar, mas surfando na popularidade recém conquistada por Piratas do Caribe: A Maldição do Pérola Negra (2003), consegue estar ainda pior, invariavalmente posando com uma sobrancelha arqueada e meio sorriso no rosto, como dona da situação, sem dar nenhuma verdade à Guinevere imaginada. Stellan Skarsgard e Stephen Dillane (Game of Thrones, 2012-2015), como o líder dos saxões e o feiticeiro Merlin, respectivamente, são outros equívocos, num elenco em que se destacam apenas o sempre competente Ray Winstone (Os Infiltrados, 2006), como Bors, um dos integrantes da távola redonda, e o novato Ioan Gruffudd, que mostra com seu Lancelot o ritmo que o resto do elenco deveria ter seguido. Gruffudd tinha tudo para se confirmar como astro, mas bastou uma escolha errada – Quarteto Fantástico (2005) – para que tudo fosse colocado a perder. Ainda assim, é uma das poucas surpresas desse engodo que é Rei Arthur.

Ao reciclar velhos clichês vistos à exaustão em obras muito superiores, como os contemporâneos Coração Valente (1995) ou a saga O Senhor dos Anéis, o roteirista David Franzoni parece ter trabalhado em Rei Arthur sem um norte como guia, mostrando que o talento revelado em Gladiador (2000) – que lhe valeu um Oscar – muito provavelmente tenha sido um caso único em sua filmografia. Mas ele é somente um dos vários deslizes aqui reunidos. Sem inovar e deixando de lado qualquer tipo de emoção, esse filme ainda apresenta uma dupla de protagonistas destituídos de sintonia quando juntos e que entedia com cenas de lutas exageradamente coreografadas que pouco – ou nada – acrescentam ao desenvolvimento da trama. Talvez, se tivessem apostado mais no cérebro e menos nos músculos, o resultado fosse diferente. Mas daí não seria Hollywood, certo?

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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Robledo Milani
3
Chico Fireman
5
MÉDIA
4

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