Crítica
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Sinopse
Clavius é um descrente do exército romano que, junto com Lucius, é designado para investigar e descobrir o que houve com o corpo de Jesus Cristo depois de sua crucificação, a fim de evitar um levante em Jerusalém.
Crítica
A febre do cinema religioso não é privilégio dos últimos anos. Mas enquanto títulos como Ben-Hur (1959) – vencedor de 11 Oscars – e Os Dez Mandamentos (1956) – indicado em sete categorias e premiado como Melhores Efeitos Especiais – faziam a alegria do público e da crítica, envolvendo astros de renome e realizadores de respeito, o novo século reservou a esta subcategoria um escape de mercado, o que significa invariavelmente em produções baratas, feitas à toque de caixa e de tom catequizador, sem muitas nuances nem refinamento. Pois Ressurreição é apenas mais um exemplo dentro de uma corrente que agrupa longas recentes como O Filho de Deus (2014) e Davi e Golias (2015), igualmente baseados em passagens bíblicas e da mesma forma desprovidos de uma relevância que os eleve a uma condição além do discurso já conhecido.
Estamos no ano de 33 D.C., e como se pode antever pela data, estamos na Judeia no exato momento da crucificação de Jesus Cristo (Cliff Curtis, de Encantadora de Baleias, 2002). O foco, no entanto, está no tribuno romano Clavius (Joseph Fiennes), responsável por cuidar do corpo do ‘Rei dos Judeus’ durante os três dias após a sua morte para evitar que o mesmo seja roubado – e, com isso, se confirme o boato de que ele renasceria dos mortos após esse período. Se neste ponto se vislumbra a possibilidade de uma releitura dos escritos sagrados, esse caminho é evitado, e prefere-se trilhar um mais seguro. Como já é sabido, na manhã do terceiro dia sua cripta estará vazia. Quem o tirou dali, como tal feito foi possível e, ainda mais importante, onde estará o messias – vivo ou morto – é o que o protagonista precisará responder.
Há alguns anos os nomes de Kevin Reynolds e Joseph Fiennes até poderiam despertar interesse e curiosidade no cinéfilo mais antenado. Afinal, estamos falando do diretor de Robin Hood: O Príncipe dos Ladrões (1991) e do astro do oscarizado Shakespeare Apaixonado (1998). Décadas se passaram destes seus melhores momentos, e obviamente o tempo não lhes fez nenhum bem. Reynolds, aqui também aparecendo como autor do roteiro, cria uma trama linear, estruturada a partir de um gigantesco flashback sem sentido, que não resguarda nenhuma surpresa ao seu espectador. Tudo se desenvolve de forma bastante previsível, e até o inevitável encontro entre Clavius e Jesus se dá de maneira tão óbvia e anticlimática que muito da força que tal situação poderia oferecer se perde. Já Fiennes, o irmão menos talentoso de Ralph, confirma sua incapacidade de manifestar mais do que uma expressão facial, mantendo-se constante do início ao fim com a mesma cara de profundo tédio. Sua inabilidade em alcançar uma maior variedade de registro dramático acaba sendo determinante para o fracasso da produção.
Mas se a escolha do ator principal se revela problemática, esta não é o único deslize de Ressurreição. Seria injusto colocar tudo nas costas de Fiennes, uma vez que seus colegas Tom Felton – o aprendiz de vilão da saga Harry Potter – e Peter Firth – o veterano inglês aparece como Pilatos, com direito à todas caras e caretas que o personagem lhe oferece – estão tão estereotipados quanto lhes é possível. Detalhes técnicos, como figuração – batalhas são feitas em planos fechados, denotando uma evidente escassez de elenco – e direção de arte – tudo é muito asséptico e improvisado – ressaltam a sensação de falta de verossimilhança, o que prejudica a aceitação de uma trama de época.
Ressurreição, portanto, é um filme que falha em mais de um nível de entendimento. A história clichê, o elenco carente de orientação e os cenários artificiais sedimentam uma série de escolhas equivocadas, cujo ápice é a mão pesada do realizador que esquece a necessidade de lidar com uma audiência mais ampla, ainda que se fale de um enredo cujo desfecho é amplamente conhecido. Do jeito que está, a atenção se resume apenas naqueles que podem recitar de cor cada uma das ações a serem realizadas, almejando não serem surpreendidos, mas sim agraciados com mais do mesmo. E se o objetivo aqui era pregar entre convertidos, melhor seria ter deixado isso claro desde o começo e evitar o constrangimento de ser tomado como obra de arte, ao invés de mera cartilha envelhecida e ultrapassada.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Robledo Milani | 4 |
Filipe Pereira | 4 |
MÉDIA | 4 |
melhor filme contemporâneo que descreve licitamente o desfecho vivido e contemplado por muitas pessoas que destificaram que Jesus ressucitou alguém pode me perguntar como vc crer se não viu, pois eu lhe digo o nome disso é fé, guando vc acredita em algo que não tem no momento e nem tem possibilidade de tempo estimado para obter vc está produzindo FÉ embora que seja em coisas matérias como carro,moto,casa,ou qualquer outro bem material não deixa de ser FÉ oque está exercitando ,digo isso para entenderem que até quem diz que não acredita na fé (tem ela e não sabe) e mais ,quando está doente diz:logo estarei bom.isso já é fé. traduzindo FÉ É O FIRME FUNDAMENTO DAS COISAS QUE NAO SE VÉ MAS SE ESPERAM eu estou esperando cristo mais uma vez só que agora nas nuvens .
Sinceramente! Apático e previsível foi o próprio comentário! Um maravilhoso filme para toda a família, algo que também está em desuso! Nota 10 para o filme épico, zero para o comentário lamentável de um crítico que talvez não entenda muito da seara que o titula!
Quando o crítico não esconde o seu preconceito travestido de análise isenta e técnica. Nem disfarça.