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Sinopse

As araras Blu e Jade vivem felizes com seus filhos no Rio de Janeiro. Quando seus donos, Túlio e Linda, encontram pássaros de sua espécie na Amazônia, eles decidem partir para novas aventuras na Região Norte do país. Só que nem tudo é perfeito. Nigel, o velho inimigo dos dois, está de volta para se vingar.

Crítica

Três anos após o sucesso de Rio (2011), Carlos Saldanha volta a brindar o espectador com mais uma aventura em terras brasileiras com Rio 2. Na segunda aventura, Blu, Jade e seus três filhos vão à Amazônia em busca de outros pássaros que podem ser de sua família após a descoberta de Túlio e Linda, que estão em expedição e descobrem a pena de uma arara azul na região. Ao mesmo tempo, Nigel, a cacatua que perdeu a capacidade de voar após os eventos do longa anterior, quer se vingar de Blu e conta com a ajuda da rã venenosa Gabi e do tamanduá Carlitos.

Se Rio (2011) explorava o tráfico de animais silvestres, desta vez o foco é o desmatamento da Floresta Amazônica e a consequente extinção dos animais que lá vivem. Porém o roteiro se perde em vários momentos ao tentar intercalar as várias subtramas: da falta de ambientação de Blu na floresta à busca por vingança de Nigel contra o protagonista, da exploração da mata já citada à implicância de Eduardo, pai de Jade, com o genro. Às vezes uma história fica tempo demais na tela enquanto outras, que ainda estão se desenrolando, são esquecidas. Um problema de edição também.

Mas se o roteiro tem estas pequenas falhas, por outro lado diversão é o que não falta. A busca por um cantor na floresta rende uma das cenas mais divertidas e sem pudores com um humor negro que não é esperado neste tipo de produção. Sem contar que o design de produção, as cores, os detalhes, estão mais vivos do que nunca, deixando o público encantado com tamanha dedicação e cuidado da animação, que salta aos olhos – mesmo que o 3D, como tem ocorrido muitas vezes, não faça mais do que mostrar uma profundidade de tela.

O que ajuda a deixar o espectador ainda mais maravilhado são as performances musicais, que, além de belas e que misturam samba, bossa nova e pop chiclete, são colocadas de forma pontual na tela, em momentos-chave para o entendimento da trama. Com isto, Roberto,  personagem dublado pelo cantor Bruno Marz, ganha alguns momentos apenas pelo seu timbre de voz. Já a versão de um clássico gay cantada por Nigel, por exemplo, é uma das mais inspiradas, assim como a opereta de sua companheira de maldades Gabi, que, através da música, mostra toda sua paixão de Julieta pelo Romeu vingativo. Esta excepcional trilha sonora já se torna a primeira séria candidata a premiações do próximo ano devido à alta qualidade.

Por sinal, os vilões da ala animalesca são o prato principal de Rio 2 e mereciam mais tempo em cena. Nigel é um produto shakespeariano e sua arrogância performática é um prato cheio para as piadas mais engraçadas sobre teatro e o dramaturgo inglês. Sua companheira Gabi não fica longe. Rejeitada por todos por ter veneno em todo o corpo, ela é um pária e se torna maquiavélica várias vezes, mas não menos fofa quando demonstra que faz tudo por amor à Nigel. Obviamente, a relação dos dois não poderia ser nada menos do que teatral, inclusive o desfecho dos dois personagens não poderia ser mais do que perfeito.

O retorno de Carlos Saldanha após três anos em cima deste projeto pode não ser considerado o melhor trabalho do diretor e nem Rio 2 a melhor animação de 2014, mas, ainda que superficialmente, ao bater em pontos como o desmatamento, a extinção e as diferenças entre animais domesticados e selvagens, o filme cumpre não apenas um caráter de diversão, mas também de conscientização. Resta aguardar um terceiro capítulo da saga das adoráveis araras azuis e seus companheiros. Sucesso há de fazer. Merecidamente.

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é crítico de cinema, apresentador do Espaço Público Cinema exibido nas TVAL-RS e TVE e membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista e especialista em Cinema Expandido pela PUCRS.
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