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Sinopse

Dois jovens nutrem sonhos hollywoodianos nos anos 1980. Drew é um menino tímido. Sherrie é uma menina interiorana. Juntos, eles buscarão seus objetivos emoldurados por rock, sexo e descontrole.

Crítica

Seria o Musical um gênero em extinção? Essa é uma das grandes questões que vem perturbando o cinema hollywoodiano nas últimas décadas. Depois do auge que o estilo experimentou entre os anos 1940 e 1960, ele vem agonizando repetidamente, tendo seu último momento de destaque no início dos anos 2000, quando Chicago (2002) ganhou o Oscar de Melhor Filme. E entre tantas tentativas levadas às telas na última década, poucas foram tão completas, agradando público e crítica, como Hairspray (2007), que trouxe grandes astros – John Travolta, Michelle Pfeiffer – bons cantores – Queen Latifah – e novos talentos – Zac Efron, Nikki Blonski – dentro de um contexto clássico – um legítimo musical da Broadway – mas com um espírito revolucionário e apropriado com os novos tempos – inspirado no filme homônimo do rebelde John Waters. E o homem responsável por este sucesso foi Adam Shankman, que após várias comédias descartáveis (O Casamento dos meus Sonhos, 2001, Doze é Demais 2, 2005) acertou em cheio com esse trabalho. E é justamente por isso que as expectativas por sua volta a esse mesmo ambiente eram tão altas. Mas Rock of Ages fica no meio do caminho: nem tanto ao céu, muito menos ao inferno.

Igualmente baseado numa produção da Broadway, Rock of Ages, por outro lado, não apresenta composições originais. A proposta aqui é mais semelhante a de outro musical relativamente recente, o frenético Moulin Rouge (2001): reaproveitar canções conhecidas numa nova roupagem, contando uma história completa através delas. Mas ao invés de explorarem ícones pops, como Madonna e Marilyn Monroe, o que se vê dessa vez são números musicais de, obviamente, muito rock and roll. E dá-lhe Guns N’Roses, Bon Jovi e Journey, entre tantos outros, além de participações especiais de roqueiros como Nuno Bettencourt (Extreme), Sebastian Bach (Skid Row) e Debbie Gibson. Tudo acaba fazendo sentido, por mais esquizofrênico que possa parecer. Os problemas, no entanto, estão em outros aspectos: o roteiro mal estruturado, repleto de clichês, e o evidente desequilíbrio entre os atores – enquanto os protagonistas servem apenas para provocar bocejos, o show acontece mesmo é com os coadjuvantes!

Sherrie (Julianne Hough, que muito cantou e dançou também em Burlesque, 2010) é a garota ingênua que largou tudo no interior para tentar a sorte na cidade grande. Lá, logo ao chegar, conhece Drew (Diego Boneta, de séries como Rebelde, Pretty Little Liars e 90210), um rapaz igualmente sonhador. Em comum entre eles, o desejo de vencer na vida através da música. É óbvio que os dois irão se apaixonar, brigar e depois correrem um atrás do outro para ficarem juntos. Qualquer história romântica em Hollywood segue a mesma trajetória, invariavelmente. Mas, felizmente, Rock of Ages é muito mais do que isso. Pois mostra que Tom Cruise, como o rockstar Stacee Jaxx, é de fato não só um astro, mas também um excelente ator. Ao seu lado estão uma Catherine Zeta-Jones completamente entregue como a beata arrependida que luta contra o ritmo do momento, o sempre competente Paul Giamatti (Tudo pelo Poder, 2011), como o empresário que quer tirar proveito de tudo e de todos, e Alec Baldwin, que tem se reinventado a cada novo trabalho com uma competência surpreendente. Malin Akerman (a repórter da Rolling Stone), Russell Brand (A Tempestade, 2010), Bryan Cranston (Drive, 2011) e a cantora Mary J. Blige são outras boas surpresas que acabam compensando no resultado final.

Em entrevistas de divulgação, Shankman afirmou que Rock of Ages era um musical mais amplo, indicado para todos os públicos. Ledo engano! A fraca bilheteria comprovou isso – é o seu filme de menor retorno de audiência, tendo arrecadado em todo o mundo em torno de US$ 50 milhões, pouco mais da metade do seu orçamento! Esse desempenho aquém do esperado se refletiu também na recepção da crítica internacional, que apontou justamente a falta de originalidade da trama como principal problema. Mas quem vem atrás de um filme como esse não deve estar atrás dos mínimos detalhes. O que se entrega é uma boa sessão de saudosismo oitentista, com momentos de muito brilho (Cruise, Zeta-Jones, Baldwin) e canções irresistíveis defendidas com muita garra e paixão. Se isso não for suficiente, é aconselhável evitá-lo. Agora, se essa for a pedida do dia, o que vemos aqui está exatamente de acordo com o prometido.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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