Rodência e o Dente da Princesa
Crítica
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Sinopse
Rodência é um reino mágico, situado no meio de um bosque, onde vivem criaturas fantásticas e magos muito poderosos. Neste local, o pequeno Edam, um ratinho aprendiz de feiticeiro, sonha em se tornar o maior mago do mundo. Mas antes ele precisa encontrar o precioso dente de uma princesa humana, único elemento capaz de salvar o reino dos ratos, de uma invasão liderada pelo vilão Rotex, o rei das ratazanas, que planeja destruir o local.
Crítica
Acostumados a sermos bombardeados semanalmente com obras trazidas aos nossos cinemas de todo o mundo, é normal que, primeiramente, esta animação feita no Peru (a primeira em 3D realizada no país), deixe uma má impressão num público acostumado com uma técnica mais apurada – e também mais cara. E mesmo deixando de lado os aspectos técnicos e concentrando-se apenas na história, é normal que se rejeite o humor inocente e a trama previsível de Rodência e o Dente da Princesa. Entretanto, não estamos falando de uma produção convencional. Falamos aqui de um raro exemplar de um mercado cinematográfico ainda pouco desenvolvido e que, embora possa ousar como qualquer outro, para garantir sua própria sobrevivência prefere optar pelo mais acessível. O que se revela uma decisão acertada no caso deste filme, um dos longas peruanos mais bem sucedidos no mercado internacional.
Rodência e o Dente da Princesa narra a típica jornada do herói transposta quase que passo a passo para a história de Edam, um ratinho aprendiz de mágico que, ao lado de sua amiga Brie, procura pelo dente da princesa humana, uma fonte de magia que poderá salvar Rodência, o pacífico reino dos ratos, ameaçado por Rotex, líder do exército das ratazanas. Há o chamado à aventura, à recusa, a presença de um mentor, o elixir mágico e todos os doze estágios bem conhecidos e que desde filmes como Star Wars: Episódio IV: Uma Nova Esperança (1977) nos são martelados ano após ano por superproduções do gênero. Clichê? É. Mas nem sempre esta definição está associada a algo ruim. Afinal, há realizadores que lidam muitíssimo bem com o previsível, fazendo-o ao menos divertido. James Cameron e suas bilheterias bilionárias estão aí para comprovar isso. E se funciona com os grandões, por que não aplicar nos mais humildes?
Nada diferente do que faz aqui David Bisbano; concentrando-se em realizar um filme voltado para as crianças, o diretor tropeça em um erro comum das animações, o de confundir “filme infantil” com “filme raso”. E embora Rodência e o Dente da Princesa tenha uma empatia imediata e uma condução divertida, é inegável que se entregue em alguns momentos à piadas que buscam o riso fácil dos pequenos, tornando a obra excludente em relação aos maiores. Uma tática que acaba indo contra a própria proposta do projeto de ser acessível. Ainda bem que os personagens carismáticos salvam a produção de equívocos maiores, com destaque para o vilão que, quando finalmente deixa sua armadura, revela uma composição alucinada e ainda mais assustadora daquela gigantesca e imponente de antes. Este é um dos raros momentos em que o roteiro evita a piada óbvia, que seria trazer um ser minúsculo e adorável por traz da carapuça amedrontadora de Rotex. Além do mais, esta é uma referência, mesmo que de maneira distante, da citada saga Star Wars.
Se faz necessário também destacar a diversidade de situações da trama, que retira uma cena de aventura de quase todos os momentos possíveis, passando por gatos, fadas, dragões e monstros alados. Os desafios enfrentados pelos heróis são bastante variados, o que ajuda a manter o pique da produção. Algumas destas sequências são bastante inventivas, como a que se passa num campo de futebol, embora curta, assim como outra envolvendo um portal no qual a gravidade funciona de maneira peculiar. Tapa na cara de projetos como Meu Malvado Favorito 2 (2013) que, com seus superorçamentos, mal arrancam um bocejo, quanto mais um elogio. Nada muito memorável, é verdade, mas que, assim como o filme em si, diverte enquanto dura.
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