Crítica
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Sinopse
Virginie, Erik e Aristide são policiais. Todos os três tentam manter suas vidas pessoais e emocionais juntos, enquanto lidam com incidentes diários de violência. Uma noite, recebem uma missão incomum: levar um migrante ao aeroporto por razões não especificadas.
Crítica
Há tantos elementos bem-intencionados, porém deslocados dentro de Ronda Policial (2020) que fica difícil saber por onde começar. Anne Fontaine, diretora conhecida por buscar um espaço entre o cinema popular e o cinema hermético, desta vez apresenta um projeto de profundas ambições sociológicas. Ela deseja refletir sobre um dia na vida de três policiais: Virginie (Virginie Efira), Erik (Grégory Gadebois) e Aristide (Omar Sy). Cada um possui um dilema bem definido: a primeira luta com uma gravidez indesejada, o segundo, com o vício em álcool, e o terceiro, com problemas de saúde relacionados à mãe. Distribuindo democraticamente um problema a cada protagonista, o filme se dá por satisfeito na categoria “desenvolvimento de personagens” e salta para o único conflito que o filme pretende resolver de fato: o transporte do refugiado Tohirov (Payman Maadi) ao aeroporto, de onde deve ser deportado de volta ao Tadjiquistão.
A cineasta faz questão de mostrar que todos são pessoas boas, e que não há um único caso de corrupção ou problema estrutural dentro da polícia. Estamos no terreno dos policiais-heróis, não apenas no sentido narrativo de conduzirem a ação, mas de serem idealizados em sua função. A única variação entre eles diz respeito aos graus de altruísmo: enquanto alguns policiais são gentis e fazem tudo dentro das regras, outros são tão gentis que decidem quebrar regras para serem pessoas ainda melhores. Ou seja, quando descobrem que Tohirov será assassinado em seu país, querem burlar leis para ajudá-lo. Por mais que a benevolência destes anjos fardados corresponda a um olhar carinhoso à instituição, ele incomoda pela ingenuidade. Virginie fica tão comovida com o homem tadjique que pensará em dar seu próprio dinheiro ao refugiado. Ora, os personagens não estariam acostumados a casos como estes? Depois de tamanha experiência dentro da polícia, por que se conscientizariam socialmente a partir deste homem em especial, após a leitura relâmpago de um dossiê com poucas informações?
Ronda Noturna sofre com problemas de verossimilhança que se intensificam rumo ao final. Fontaine certamente acreditou que este único embate seria suficiente para fazer com que seus personagens se desenvolvessem, e demonstra a confiança de estar conduzindo um suspense asfixiante rumo ao aeroporto. Ora, a construção de tons é oscilante, a incapacidade de transformar Tohirov num personagem tridimensional atesta contra o suposto humanismo que o filme pretende defender. O episódio, de fato, é utilizado apenas para ressaltar a boa índole da trinca central. Fontaine não consegue adaptar sua linguagem ao estilo social-urgente, criando uma cena de luta mal coreografada e outra de sexo bastante frágil pelo uso de planos próximos e imagens desfocadas. O aspecto mais conservador deste projeto, para além do destino inacreditável da gravidez de Virginie, se encontra na ideia de que a missão impossível de uma única noite constitui também um ato de amor entre Virginie e Aristide, que mantêm um relacionamento em segredo. Logo após uma altercação perigosa, ele elogia os belos olhos da colega.
O roteiro se complica através de alguns recursos injustificáveis, como o início contado por três pontos de vista. Normalmente, a ferramenta da história que se rebobina e se reconta serve a fornecer ao espectador informações que ele só poderia obter por meio da soma dos pontos de vista. No filme francês, no entanto, a repetição do cotidiano na delegacia não traz nenhum acréscimo relevante ao dia de Virginie, Erik e Aristide para além do prazer inócuo de assistir à mesma cena sob outros posicionamentos de câmera. O caso de Tohirov se estica sem real justificativa para tal, como se o episódio de uma série policial fosse dilatado para ocupar, sozinho, a duração de um longa-metragem. Quanto ao trio central, jamais conheceremos mais sobre sua visão política, sobre os casos do passado, sobre as reações anteriores diante de refugiados ou imigrantes. Virginie descobre a vocação humanitária no momento em que se descobre mãe, o que torna o drama ainda mais questionável por associar a decisão de proteger Tohirov não a uma decisão racional, e sim ao instinto materno.
No entanto, havia material de sobra para ser aprofundado. Virginie Efira tem buscado papéis cada vez mais complexos, e mesmo que Omar Sy não seja um gênio das artes dramáticas, ele se equilibra em cena com excelente Grégory Gadebois. O pobre Payman Maadi, um dos melhores atores da nova safra do cinema iraniano, tem sido utilizado por blockbusters estrangeiros como a figura do estrangeiro oriental desprovido de diálogos (ele é o vilão de Esquadrão 6, 2019). No entanto, os atores nunca sabem se estão atuando num suspense eletrizante ou num drama realista, ficando perdidos entre ambos os registros. Reduzir uma realidade sociopolítica complexa à romantização do herói que “só deseja fazer o bem” torna-se difícil de aceitar em pleno 2020, quando a França é tomada por relações cada vez mais tensas e violentas pelas ruas entre manifestantes e forças da ordem, durante a crise da reforma da previdência. Quando Virginie decide ajudar Tohirov porque “ele é apenas um pobre coitado”, outro colega lhe pergunta de onde tirou essa informação sobre o homem que conheceu há poucos minutos. “Eu apenas sei”, ela responde, do fundo do coração. Infelizmente, isso não basta para uma defesa humanista, nem para um roteiro de cinema.
Filme visto no 70º Festival Internacional de Cinema de Berlim, em fevereiro de 2020.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Bruno Carmelo | 4 |
Cecilia Barroso | 6 |
Leonardo Ribeiro | 5 |
MÉDIA | 5 |
Nao concordo com a analuse e o julgamento se Bruno Carmelo Bruno pode ter estudado Cinema em Paris mas lhao exigir maior coerência entre os dados do filme parece que faltar a empatia necessária para entender a solidariedade de vergínia para além de um senso de proteção pelo fato dela estar grávida É Carmelo que está simplificando as coisas Parece q faltou a ele ivencia ou ate mesmo co hecimento do que seja situações de perseguição política awui no Brasil..onde ninfelizmente a historia da resistencia a ditadura tem tantos exemplos. Sua analise paeece querer aparentar ser rigida. porém acaba sendo insuficiente E com isso acaba dando uma nota inferior ao que o filme merece ou seja o poder dado você como crítico Não Está contribuindo muito para os verdadeiros e grandes problemas de perseguição política parece faltar ao Carmelo maior compromisso com aquilo que é o justo o certo e o bom Como diria Benassi Carmelo parece queria ser mais real que o rei ser tão impossivelmente neutro que acaba sendo um chato e atribuindo uma nota inferior ao que o filme merece Com uma crítica que se pretende ser tão rígida acaba por impor não somente a nota final da o filme como prejudica a compreensão que o leitor desavisado pudesse ter do filme ..ou seja você contribuiu pouco .querendo se passar por bom entendido do que ocorre na Frana ( .Mas le alta tambem vivenciasobre o q significa perseguicao politica E empatia .Carmelo Nao basta estudar cinema em Paris...wuerer mostrar uma tecn ijca de analise sem que vc se enriwu eeca ideologicamente ( sabe..no campo da sd ideias mmesmo) pra poder de fato apreender o humanismo e visao dos poers oonagens do filme Sp wuer eer atr iibui r pobreza a oo hum aanism oo..vc tambem se empobrece c caro Carmelo..