Crítica
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Sinopse
Crítica
Antes de qualquer reflexão, é importante pontuar que o projeto em questão não é um filme clássico bollywoodiano. Mesmo sendo realizado por uma empresa de Mumbai, Roubo Pelos Ares nem de longe possui os abusos técnicos de muitos dos projetos comandos nesta parte da Índia. Aliás, aqui temos uma produção que mais se aproxima de RRR (Revolta, Rebelião, Revolução) (2022) - conterrâneo desenvolvido em Tollywood, indústria fala em Telugu -, que mesmo aquém do aspecto colossal do indicado ao Oscar, também promove pré-julgamentos que se encerrarão em cenas seguintes e dispõe pistas que serão bem encaixadas ao decorrer da trama.
Ankit (Sunny Kaushal) é um empresário que frequenta muitos aeroportos por conta de seu trabalho. Neha (Yami Gautam) é uma comissária de bordo que acaba esbarrando no rapaz em diversas oportunidades. Após trocas de olhares, conversas e uma insistência quase tóxica do homem em outros locais fora do aeroporto, ambos se tornam um casal. Alguns machismos por parte dele e a complacência da moça começam a criar as primeiras peças do jogo que o diretor Ajay Singh quer apresentar. Como espectador, é difícil não nutrir compaixão e até uma certa dose de repreensão para com a ingenuidade de Neha, que se torna uma mosca numa teia de aranha. Enfim, o problemático relacionamento evolui. Em seguida, endividado e jurado de morte, Ankit pretende roubar jóias de um magnata que serão transportadas num dos voos em que a garota irá atuar como aeromoça. Com medo de um possível término, ela aceita participar do delito que promete salvar o futuro de ambos. Entretanto, um outro grupo de criminosos assume o mesmo avião e põe o plano em risco.
Roubo Pelos Ares começa a tomar uma forma interessante a partir daí. O mesmo diretor do drama Upside Down (2012) parece querer emular as aventuras de Liam Neeson, como Sem Escalas (2014) e O Passageiro (2018). De fato, seu trabalho é equiparável, talvez até mais complexo. Uma boa parte da história se concentra em momentos de tensão vividos nas alturas. Violência por parte dos sequestradores, negociações, o medo do casal de ter perdido sua única chance e curiosidades sobre o segundo sequestro tomam conta do enredo. Entretanto, de uma hora para outra, os ladrões são neutralizados pelo “agente de voo" - uma espécie de policial de cada aeronave que sai do solo -, levando todos ao aeroporto mais próximo em segurança.
Promovendo reviravoltas dentro de outras e conectando pontos perdidos no início, a empreitada ganha vigor como produto final. Embora apressado e de pouco tempo para respiro, não há como negar que poucos nós deixaram de ser amarrados. Os personagens que antes suscitaram nossas aflições, agora ostentam armas que sempre tiveram, mas não evidenciaram. Entre intercontextualizações, surge a figura de Parvez Shaikh, investigador interpretado por Sharad Kelkar e que não à toa está nos materiais de divulgação, inclusive no cartaz, pois sua presença é imponente e imprescindível. Mesmo com pouco tempo de tela, Kelkar acrescenta instantes de ansiedade e pincela críticas aos ambientes burocráticos. Subliminarmente, sua aparição é a lembrança de que leis ainda existem.
No final das contas, o resultado é positivo e o longa de Ajay Singh não chega a revitalizar o gênero, mas é interessante em suas construções narrativas e ideológicas. Ademais, quem diria que ao final de tudo ainda haveria espaço para o despontar de uma femme fatale como alicerce da estrutura, não é mesmo? Como forma de explorar um cinema sólido em suas realizações e com uma estrutura emancipada, compreendemos na obra um bom terreno para se aventurar.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Victor Hugo Furtado | 6 |
Miguel Barbieri | 7 |
MÉDIA | 6.5 |
A aeromoça, no final, mostrou que de idiota não tem nada. O filme é genérico, mas pelo menos não tem aqueles números musicais cansativos que costumam apresentar.