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Crítica


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Sinopse

Apelidado de Sabotage, Mauro Mateus dos Santos foi um músico que veio de uma realidade muito pobre em São Paulo e se tornou uma verdadeira lenda o rap brasileiro.

Crítica

Documentários a respeito de grandes nomes da nossa música são sempre bem-vindos. O Brasil tem problema crônico de falta de memória e cada novo diretor que aponta sua câmera para alguém relevante da história cultural do país faz um verdadeiro serviço de utilidade pública. Por essas e outras, é louvável a iniciativa de Ivan 13P em levar às telas a trajetória do rapper Sabotage, um forte nome do rap nacional, respeitado pelos seus pares e que caminhava para maior fama, não fosse silenciado cedo demais.

Sabotage: O Maestro do Canão mostra as várias facetas de Mauro Mateus dos Santos até ele virar Sabotage. Sua infância pobre na favela do Canão em São Paulo, sua passagem pelo tráfico de drogas, seu início como rapper e sua consagração com o disco “Rap é Compromisso”, lançado em 2001. Vemos suas rápidas participações no cinema, com papéis em O Invasor (2002) e Carandiru (2003). Quando começava a alçar voos mais altos, Sabotage é assassinado. Não teve tempo de lançar um segundo disco ou colher os frutos de seu crescente trabalho. No documentário, amigos e familiares contam a história do rapper, em depoimentos cheios de emoção e saudades.

Ivan 13P é hábil em nos apresentar Sabotage como um homem falho, mas incrivelmente carismático. Aquele tipo de pessoa que se torna amigo de todos após poucos minutos de conversa. O diretor não esconde em momento algum o passado de crimes de Sabotage, fato que o próprio rapper costumava falar abertamente. Mas, como era de se imaginar, se debruça muito mais em sua carreira musical, nas parcerias com nomes do rap – consolidadas ou iniciantes – e sua paixão pelo cinema. Desta fase cinematográfica, destaque para os depoimentos de Paulo Miklos, Beto Brant, Ailton Graça e Hector Babenco, que comentam passagens curiosas de Sabotage nos dois filmes em que ele participou.

Do lado musical, Mano Brown, Rappin Hood, Thaide, B.Negão, João Gordo e Rica Amabis mostram a importância do rap de Sabotage, conhecido pela frase que dava nome ao seu disco: Rap é Compromisso. Outra sentença lapidar, repetida algumas vezes e presente em caligrafia à mão no pôster que enfeita o sofá ao lado de sua viúva, Dalva, resume bem a filosofia do artista – “Um bom lugar se constrói com humildade”. E foi assim que ele construiu, não só sua carreira, como sua vida. Isso é bem demonstrado através dos depoimentos de seus familiares - e é especialmente triste ver o seu filho comentar algumas passagens, ainda mais quando temos tão presente o quanto a falta do seu pai deve lhe ser sentida.

Narrativamente, o documentário é bastante singelo, tradicional cabeças falantes costuradas ao assunto central. O momento mais inovador é a animação que surge logo no início do filme, fazendo um apanhado rápido de toda a trajetória de Sabotage. Muito bem construída e elaborada, a animação chama a atenção pela sua qualidade. No entanto, acaba deixando uma parcela dos depoimentos posteriores um tanto redundantes, já que conhecíamos previamente alguns desdobramentos da história do rapper através daquela sequência. Um pequeno porém em um filme que diz muito a respeito de um dos grandes rappers que o Brasil já teve.

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é crítico de cinema, membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista, produz e apresenta o programa de cinema Moviola, transmitido pela Rádio Unisinos FM 103.3. É também editor do blog Paradoxo.
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