Crítica
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Sinopse
Samba nasceu no Senegal, mas mora na França há dez anos, durante os quais passou por vários empregos ruins recebendo baixos salários. Alice, por outro lado, é uma mulher bem-sucedida, mas que sofre pela alta taxa de estresse de seu dia-a-dia. Em comum, os dois precisam encontrar um caminho novo para suas vidas: ele precisa correr atrás dos documentos necessários para conseguir emprego digno, e ela recuperar sua saúde e recolocar sua vida nos trilhos.
Crítica
Omar Sy se tornou um astro de primeira grandeza após o incrível sucesso da comédia dramática Intocáveis (2011), que arrecadou mais de US$ 400 milhões nas bilheterias internacionais (é a produção francesa de maior sucesso de público até hoje) e lhe abriu carreira em Hollywood, possibilitando-o integrar os elencos de blockbusters como X-Men: Dias de um Futuro Esquecido (2014) e Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros (2015). Ele, no entanto, é mais do que um intérprete de um único tipo – é bom lembrar, por exemplo, que por Intocáveis ganhou o César – o Oscar francês – de Melhor Ator, sendo que entre seus concorrentes estava Jean Dujardin por O Artista (2011), performance que valeu a este o verdadeiro Oscar. E Sy mostra um pouco mais dessa versatilidade artística no drama Samba, quarta parceria dele com os diretores Olivier Nakache e Eric Toledano.
Para quem estranha o título – que tanto no Brasil quanto na França é o mesmo – é bom saber que nada aqui é sobre o ritmo musical brasileiro por excelência – Samba, na verdade, é o nome do protagonista, vivido pelo próprio Omar Sy. Imigrante do Senegal, há mais de uma década mora em Paris, vivendo de pequenos bicos e morando com um tio que fez a mesmo jornada muito tempo antes e que após muito esforço conseguiu obter sua legalidade. Após ser pego pela polícia sem os documentos necessários, Samba acaba nas mãos das assistentes sociais Manu (Izïa Higelin, indicada ao César como Melhor Atriz Coadjuvante) e Alice (Charlotte Gainsbourg). Essa, iniciante na função, recebe da colega de antemão um aviso: “não se envolva pessoalmente com quem devemos ajudar”. Exatamente o contrário da atitude que ela irá adotar naquele caso específico.
Ao contrário do tom cômico e irônico de Intocáveis (que também fora dirigido por Nakache e Toledano), Samba assume um discurso mais reflexivo e moderadamente bem-humorado ao se dispor a analisar um problema vital na sociedade francesa – e porque não dizer europeia? – contemporânea, que é a questão da imigrações ilegais e segregações sociais. Este assunto, que vem sendo abordado pelo cinema feito no país das mais diversas formas, desde o contundente Entre os Muros da Escola (2008) até o polêmico Meninos do Oriente (2013), ganha aqui um ponto de vista menos ativista e mais realista. Os realizadores não estão preocupados em levantar bandeiras nem chamar a atenção de ninguém – afinal, esta é uma realidade presente no dia a dia de todos que lá moram, e o momento não é mais de alerta para algo que pode acontecer, e sim um chamado à razão para o que fazer a partir de agora.
O tom leve ganha espaço a partir da entrada em cena de Wilson, um falso-brasileiro (quem assistir entenderá) interpretado por Tahar Rahim. O ator, que tem se destacado como protagonista nos últimos tempos em títulos como O Profeta (2009) – que lhe valeu o César – e o internacional O Príncipe do Deserto (2011) – em que atuou ao lado de Antonio Banderas – assume aqui uma confortável posição de coadjuvante, colaborando no desenrolar da trama sem em nenhum momento distrair o foco dos protagonistas. O envolvimento dele com Manu é divertido e funciona como um bom respiro ao viés mais dramático e urgente que percebemos na relação que se forma entre Samba e Alice. Estes são tão opostos quanto possível, mas ao mesmo tempo seus personagens são construídos com tantas camadas e particularidades que se torna bastante crível a atração que passam a sentir um pelo outro.
Samba não é um filme de respostas rápidas e reações imediatas, e isso é tanto bom quanto ruim. Por um lado, deverá desapontar aquele espectador mais ocasional que for ao seu encontro esperando encontrar um novo Intocáveis – os dois longas são irmãos apenas no subtexto, pois na superfície pouco se aproximam. E é neste ponto em que o resultado final se revela gratificante. Afinal, os diretores deixam de lado certas obviedades para investirem mais nos tipos que criam e nas situações que os envolvem e menos em uma linha narrativa tradicional com início, meio e fim. Assim, conseguem elaborar melhor as situações que desenham e garantem um debate mais profundo, que perdura na audiência não como uma diretriz, mas como um exemplo a ser considerado. Uma obra que cresce com o tempo, dona de um elenco afinado e bastante entrosado, e que tem como maior mérito servir também de espelho para um mundo em constante mudança.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
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Robledo Milani | 7 |
Edu Fernandes | 7 |
MÉDIA | 7 |
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