Sinopse
Sansão é um homem com uma força sobrenatural que recebeu um chamado divino para libertar seu povo da escravidão. Quando perde seu amor para um cruel príncipe filisteu, o jovem hebreu parte em uma jornada para defender seu povo, sacrificando o que for preciso para vingar seu amor, seu povo e seu Deus.
Crítica
Verdade seja dita: todos trogloditas querem ser Dwayne Johnson. Ao menos, os que desejam estrelar uma franquia própria no cinema. O ex-astro dos ringues conseguiu sair do nicho da luta livre televisionada, quando ainda atendia como The Rock, para se tornar uma mega estrela dos filmes de ação nos últimos dez anos. Entre alguns deslizes, sejam de crítica ou público, o hoje ator pode até não ser o mais dotado de camadas dramáticas, mas tem tanto carisma que fica quase impossível não simpatizar com sua figura. Porém, não é ele que estrela este Sansão, e sim Taylor James, britânico mais conhecido por musicais dos palcos como Mamma Mia! (que, inclusive, lhe rendeu uma ponta no filme homônimo de 2008) e figurações de produções como Liga da Justiça (2017). Mas, então, por que falar de Johnson? Porque, a todo momento, parece que os diretores mandavam seu astro imitar o grandalhão. Tarefa que, claro, vai por água abaixo. Em defesa de Taylor: a menor culpa é dele.
O roteiro "deturpa" (se é que este termo pode ser utilizado aqui) a história original do Sansão do Antigo Testamente. Aqui, o "escolhido de Deus", matador de filisteus que é traído pela amante ao tirar sua força (o famoso corte de cabelo) tem um tom mais ameno, beirando a uma mistura de Robin Hood (roubando dos ricos para dar aos pobres) com qualquer gladiador que se revolta contra a realeza corrupta. Taylor vive o personagem-título como alguém dividido entre a primeira esposa (Frances Sholto-Douglas) e a famosa Dalila (Caitlin Leahy) do conto original, enquanto precisa lutar contra as artimanhas do maquiavélico príncipe vivido por Jackson Rathbone, da saga Crepúsculo. Se até aí ninguém desistiu do filme, o pior está por vir.
Billy Zane, o quase astro que nunca decolou após assumir ser gay (uma blasfêmia para a época) em plena pré-estreia do (horrendo) O Fantasma (1996), paga as contas numa participação rápida como o rei filisteu que morre em seguida. E talvez seja o único que tenha tentado ir um pouco além da atuação no automático. Não há nome que se salve aqui. Nem as tentativas de Taylor em ser Johnson, Schwarzenegger ou qualquer outro astro bombado mais conhecido pela simpatia do que pela natureza dramática. Os personagens são tão caricatos e unidimensionais que nem o elenco parece ter tesão em tentar tirar leite de pedra.
Aliás, o roteiro a quatro mãos de Jason Baumgardner, Galen Gilbert, Timothy Ratajczak e Zach Smith não ajuda. Se o desenvolvimento narrativo é fraco, os diálogos clichês e expositivos pioram a situação. Os diretores Bruce Macdonald e Gabriel Sabloff parece que assumiram o contrato à força. Não há um pingo de originalidade na decupagem, além da adaptação da violenta saga de Sansão, conhecido por sua fúria e sanguinolência, se transformar num filme para menores em que as lutas parecem ter sido orquestradas para crianças. Não que violência seja necessária, pelo contrário, mas quando o texto pede, o mínimo que se espera de uma produção deste tipo é que ela faça jus.
A famosa luta de Sansão contra o leão é tão rápida que, se o espectador piscar, perdeu. O momento de maior força é quando o ator principal rasga sua camisa, exibe os músculos esculpidos a fio na academia e derrota uma horda de soldados como se estivesse brincando de Comandos em Ação. Tanto personagens quanto intérpretes são desprovidos de simpatia, o texto é fraco, os efeitos amadores, a maquiagem, com evidentes barbas falsas, é horrenda, as locações parecem ter sido filmadas em qualquer pedreira dum canto remoto dos EUA. Não tem nada que salve Sansão do fracasso total. E o pobre Taylor James recebeu de presente uma bela bomba em sua primeira oportunidade como protagonista. Ao que parece, cortaram os cabelos do personagem ainda na pré-produção e sua força chegou na potência zero. Pois algo deste tipo nunca deveria ter decolado em qualquer cinema que se preze.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
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Matheus Bonez | 1 |
Filipe Pereira | 1 |
MÉDIA | 1 |
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