Sapatinho Vermelho e os Sete Anões
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Hong Sung-Ho, Moo-Hyun Jang, Young Sik Uhm
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Red Shoes and the Seven Dwarfs
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2019
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Coreia do Sul
Crítica
Leitores
Sinopse
Depois de encontrar sapatinhos vermelhos que lhe dão aparência de princesa, uma jovem pensa ter encontrado a felicidade plena. Mas, a mágica atrai a atenção de uma bruxa e de sete anões inclinados à aventura.
Crítica
Diz a cultura popular que presentear um recém nascido com sapatinhos vermelhos simboliza um desejo de proteção e o desejo de boa sorte, saúde e felicidade para o resto da vida. Quase nada disso acontece em Sapatinho Vermelho e os Sete Anões, uma animação sul-coreana – mas inteiramente falada em inglês, pois visa o mercado internacional – que também traz consigo pouco da história clássica da Branca de Neve e os sete anões, como o título força uma ligação. Até se tem a mesma protagonista – ao menos no batismo, pois de resto, é bem diferente da fábula de Walt Disney. E não param por aí as discrepâncias entre um conto e outro. Porém, o que mais incomoda é a vontade de mostrar algo aparentemente enaltecedor, que por outro lado acaba resvalando em questões bem complicadas, não só junto ao público infantil – ao qual o filme assumidamente se dirige – como também entre os adultos que, porventura, poderão se ver envolvido de um jeito ou de outro pela trama.
A narrativa, aliás, até parte de um caminho já conhecido: a madrasta malvada que deseja se livrar da enteada após a morte do marido (e pai da garota). As similaridades, no entanto, param por aqui. Pois se a velha bruxa de antes desejava ser bela para todo o sempre após eliminar aquela que seria sua única concorrente – no quesito de beleza estética, ao menos – dessa vez a feiticeira continua com o mesmo desejo, mas ambiciona realizá-lo de outra forma: através de uma árvore mágica (!) que dá como frutos maçãs que se transformam em sapatos (!!) que possuem o poder de rejuvenescer e embelezar aquela que os calçar (!!!). Dentro desse contexto, até faz algum sentido uma senhora idosa se mostrar tão desesperada por alcançar seu intento, pois acredita que, uma vez com o par dos calçados enfeitiçados, se sentirá jovem outra vez. O que levará, no entanto, a muito mais nova Branca de Neve a fugir com os mesmos adereços em seus pés?
Uma questão simples: a protagonista do longa de SungHo Hong, ao invés de “ser a mais bela de todas, com a pele alva como a neve e os cabelos negros como a noite profunda”, se apresenta como uma mulher comum, que não chama a atenção de ninguém, e por um simples motivo: ela é gorda. Quando, de forma não intencional, acaba usando os sapatos desejados pela outra, não se transforma necessariamente em uma mulher mais jovem, ou mais linda, ou mais feliz: apenas fica... magra! Seria essa, realmente, a mensagem que o filme busca transmitir? Mais ou menos. Por mais que no final o discurso procure enaltecer questões como “beleza interior” e valorizar as demais qualidades de uma pessoa, além daquelas que, naturalmente, ressaltam aos olhos dos outros, a tecla que o roteiro bate insistentemente, por grande parte da sua narrativa, é essa de que, uma vez de posse dos sapatos certos, ela se torna, mesmo, uma outra mulher – mais esbelta e, por isso, mais confiante de si própria.
A despeito dessa questões um tanto nebulosa, o filme possui outros elementos dignos de debate. Um deles diz respeito à participação dos tais ‘sete anões’- que, nessa versão, não passam de heróis valentões que, por terem menosprezado os poderes de uma bruxa, acabam amaldiçoados – e transformados em seres diminutos (não são, portanto, necessariamente ‘anões’, se aproximando mais de elfos, ogros ou duendes, dependendo do ponto de vista). O ponto de virada em relação a eles, porém, está no fato de que somente sentem os efeitos da maldição quando alguém os olha – uma vez sozinhos, estão novamente como sempre foram. Enfim, o que faz mais falta, portanto: os feitos almejados por um físico avantajado ou os sentimentos cultivados por um coração mais nobre?
No meio de todas essas intenções, há ainda um príncipe covarde, bonecos de madeira e um coelho gigante um tanto sem noção. Por mais que a trama seja bem pontuada com sequências de ação – na medida exata para manter os menores atentos ao que se desenrola em cena – e descobertas e revelações suficientes para atiçar a curiosidade dos mais crescidos, Sapatinho Vermelho e os Sete Anões incorre em tantas soluções passíveis de maiores discussões que, sob determinados aspectos, se torna difícil defender o resultado final. Pois, em última análise, os tais sapatinhos vermelhos são, na verdade, a causa de todos os problemas – ruim com eles, pior sem os mesmos – e a missão, a partir do momento que esta ciência se estabelece, passa a ser o que fazer para se livrar deles. Um feito que exige muito, mas entrega pouco, ainda mais se colocado diante de um clássico cuja referência é reforçada até quando não há necessidade. Afinal, tudo o que esse consegue é empalidecer a olhos vistos. Tanto abertos quanto fechados!
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