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Crítica


7

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Onde Assistir

Sinopse

Contos diversos ambientados na Roma do primeiro século depois do nascimento de Jesus Cristo.

Crítica

A abordagem surrealista apresentada em Satyricon é uma característica constante na filmografia de Federico Fellini. Baseado na história do escritor romano Petrônio, obra que foi encontrada fragmentada e assim transposta, trata do primeiro século romano através da saga dos amigos Encólpio (Martin Potter) e Ascilto (Hiram Keller). Eles entram em uma rivalidade após salvarem Gitão (Max Born), jovem escravo andrógino pelo qual Encólpio nutre uma paixão profunda. Acontece que Gitão acaba escolhendo Ascilto e Elcólpio se vê sem perspectivas, decidindo cometer suicídio, sendo salvo por um terremoto. A partir daí, a história toma um rumo aventuresco, trazendo diversos infortúnios do nosso herói e a surpresa de alguns encontros com Ascilto.

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A narrativa fragmentada de Fellini é fiel ao livro de Petrônio, trazendo trechos em que falas são ditas pela metade e outros que muitas vezes não possuem conexão com a cena anterior. Para os que não conhecem a obra romana, o filme é um tanto quanto estranho, mas muitíssimo belo. A fotografia, com sua construção de enquadramentos e os planos de Fellini, é primorosa e elegante. A direção de arte é de uma magnitude impressionante.

Se Satyricon não se destaca pela qualidade narrativa e de ritmo, traz uma potência incrível relacionada à sua temática transgressora. Sem grandes censuras e sempre muito crítico a qualquer instituição, como a igreja, o diretor explora a homossexualidade e a bissexualidade com a naturalidade necessária. Ainda retrata questões envolvendo antropofagia, rituais e destaca a presença da pedofilia, vista no primeiro século romano com uma naturalidade assustadora.

Em meio a essa projeção da Roma antiga, Fellini cria um mundo em que tudo parece muito próximo de um sonho ou de algo sobrenatural. Sua capacidade de apresentar um olhar homoerótico, que permeia todo o filme, é impressionante e sensível. Não existem julgamentos por parte de Fellini. Quando indagado por um jornalista sobre os atores principais serem ingleses e não italianos no filme, o diretor disse em tom irônico: “Por que não existem italianos homossexuais”.

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O gênio forte do diretor se estendia para as filmagens, obviamente o que fazia com que suas produções fossem dubladas, já que costumava gritar com os atores, dando instruções. Satyricon ainda foi falado em dois idiomas, o latim e o italiano. Essa inventividade do diretor, tanto pela abordagem transgressora da temática homoerótica quanto pela estética e a belíssima plasticidade da arte, influenciou o cineasta britânico Derek Jarman. Alguns anos depois, Jarman lançou um emblemático título para o cinema gay britânico, o longa-metragem Sebastiane (1976), sobre o romano que viraria São Sebastião.

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é graduado em Cinema e Animação pela Universidade Federal de Pelotas (RS) e mestrando em Estudos de Arte pela Universidade do Porto, em Portugal.
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Grade crítica

CríticoNota
Renato Cabral
7
Alysson Oliveira
8
MÉDIA
7.5

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