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Sinopse

Dois anos depois de resolverem seu último caso, a Equipe Mistério S/A se une mais uma vez para investigar estranhos acontecimentos em um parque mal-assombrado chamado Ilha do Mistério.

Crítica

A sensação é de entrar num túnel do tempo. A lembrança daquelas manhãs de sábado, quando a única preocupação era ficar mais na cama assistindo desenhos animados na televisão, é inevitável. Mas os anos passaram, e é preciso se contentar com os poucos momentos capazes de ao menos tentarem repetir emoções como essa. E assistir a adaptação para a tela grande de Scooby-Doo, por maiores que sejam seus evidentes problemas – e eles não são poucos –pode ser uma dessas ocasiões, ao menos entre os mais nostálgicos. Realizado na mesma leva que gerou títulos como Os Flintstones (1994), Gasparzinho: O Fantasminha Camarada (1995) e George: O Rei da Floresta (1997), é o tipo de filme no qual importa – ao menos para os executivos e produtores de Hollywood – muito mais o visual do que a elaboração de uma boa história. E como o trailer e as fotos de divulgação já antecipavam, o que se vê em cena é a recriação do quarteto Fred, Daphne, Velma e Salsicha de modo impressionante. O que é quase o bastante.

O problema, no entanto, está naquele que é o centro das atenções: o cachorro dinamarquês Scooby-Doo. Elaborado digitalmente (assim como o Dino, nos Flintstones), o personagem é por demais artificial para criar qualquer tipo de verossimilhança. Afinal, não é apenas mais um a somar na tela: se trata do protagonista! Se a impressão inicial não convence, tudo se resume a uma questão de arriscar, ou não. E se boa parte do sucesso de qualquer empreitada está na expectativas levantadas, é mais fácil se decepcionar quando se espera por algo capaz de surpreender, assim como o contrário também é verdadeiro. Assim, sob esse ponto de vista, Scooby-Doo é não mais do que divertido, com ritmo e bom humor na maior parte do tempo. O que acaba sendo lucro.

Fiel ao espírito original da série animada, mantém as mesmas gags que agradam aos fãs há anos e ainda busca por algum tipo de inovação, trazendo essa turma para o novo milênio com criatividade e segurança. A história é simples, indicada para crianças se envolverem e para adultos ficarem atentos aos detalhes que tanto encantam. A Equipe Mistério S/A, formada por Fred, Daphne, Velma, Salsicha e Scooby-Doo, é um sucesso mundial, de acordo com essa época de celebridades instantâneas. Seguindo por essa cartilha, a batalha de egos entre eles (principalmente entre os três primeiros) é forte, o que gera a dissolução do grupo. Separados, são mais uma vez reunidos pelo dono da Ilha do Mistério (Rowan Atkinson, que é engraçado sem esforço), chamados para investigarem um estranho acontecimento: os adolescentes que vão a esse exuberante parque de diversões saem apalermados, como se tivessem passado por uma lavagem cerebral.

O que vem a seguir é aventura, sustos e risadas - ou seja, exatamente o que se espera. Antigos desejos são realizados, como na escolha do vilão (lembra do elenco do desenho animado? Sabe o personagem mais odiado por todos, o mais irritante, aquele que merecia levar uma boa lição por ser tão chato? Pois bem, finalmente ele recebe o que sempre mereceu...), ou na confirmação do romance entre Fred e Daphne. Aliás, estes personagens finalmente ganham algum relevo, com esboços de motivações, medos e anseios. Por outro lado, a escolha do elenco foi bastante feliz, começando pelo surpreendente Matthew Lillard (Os Descendentes, 2011), perfeito como Salsicha, além dos geralmente apagados Freddie Prinze Jr., Sarah Michelle Gellar e Linda Cardellini, eficientes em oferecer algum tipo de carisma à figuras tão unidimensionais.

Scooby-Doo é um filme infantil. Por outro lado, não é somente para esse público, mas também para. Qualquer uma que tenha alguma admiração pela série animada deverá curtir a oportunidade de vê-los, finalmente, em carne e osso (ou quase isso). É uma viagem no tempo que ainda oferece a oportunidade de apreciar pormenores que, quando crianças, passavam desapercebidos, mas que agora fazem a diferença, garantindo aquele sorriso esperto no canto do rosto. Afinal, por que você acha que o Salsicha afirma que Mary Jane é o seu nome favorito?

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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