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Sinopse

Ambicioso, o funcionário de uma respeitável companhia descobre um atalho para subir na empresa: ceder seu apartamento aos encontros amorosos de seus chefes. Todavia, ele se apaixona pela amante de um superior, o que vai colocar toda a operação em risco.

Crítica

Ao longo da carreira, Billy Wilder trabalhou com gêneros bem diferentes, passando por drama, thriller e comédia, este, aliás, ao qual ele dedicou boa parte de sua filmografia, com uma série de obras memoráveis. Após ter realizado o brilhante Quanto Mais Quente Melhor (1959), que trouxe Jack Lemmon em um dos papeis principais, Wilder decidiu continuar na comédia e colocar o ator outra vez como protagonista. A nova parceria resultou neste maravilhoso Se Meu Apartamento Falasse, que também contou com a presença de Shirley MacLaine, na época uma atriz já merecedora de muita atenção.

Escrito por Wilder em parceria com I.A.L. Diamond (um de seus colaboradores mais assíduos), Se Meu Apartamento Falasse traz Lemmon interpretando C.C. Baxter, homem solitário que trabalha em uma empresa de seguros e é cheio de sorrisos para Fran Kubelik (Shirley MacLaine), uma operadora de elevadores no local. Ele tem um esquema visando rápida promoção: seus superiores pegam a chave de seu apartamento para “pular a cerca”, algo que em várias ocasiões o obriga a ficar trabalhando até tarde. Tal situação faz com que seu vizinho, o Dr. Dreyfuss (o divertido Jack Kruschen), passe a ter uma impressão errada sobre ele. É então que o diretor da empresa, Jeff Sheldrake (Fred MacMurray), descobre o que está acontecendo e resolve aproveitar. A mulher com quem Sheldrake está envolvido é exatamente Fran, e o apaixonado Baxter acaba cuidando da garota depois das decepções com o chefe mau-caráter.

Baxter e Fran são personagens com as quais o público se identifica rapidamente, pois figuras em busca de coisas que completem suas vidas, como qualquer outra pessoa. Curiosamente, Sheldrake está diretamente relacionado com os sonhos de ambos, já que enquanto Baxter tenta ser promovido, Fran gostaria de ficar com o homem que ama, mesmo ele sendo casado. Não à toa o roteiro de Wilder e Diamond coloca o nome de “Consolidated Life” (“Vida Consolidada”) na empresa de seguros comandada por Sheldrake, em uma das ótimas sacadas do filme. Quanto mais a dupla principal vai desenvolvendo sua relação e descobrindo que seus sonhos talvez não sejam tão interessantes quanto pensavam, mais confortáveis eles ficam na presença um do outro.

Vividos com carisma arrebatador por Lemmon e MacLaine (ambos indicados ao Oscar), C.C. Baxter e Fran Kubelik formam um daqueles casais pelos quais é difícil não torcer. Ele mostra ser um homem tímido e cortês, totalmente diferente da canalhice do Jeff Sheldrake de Fred MacMurray, o que consequentemente nos faz indignados quando alguns o confundem com alguém que brinca com as mulheres e festeja todas as noites. Já ela se revela uma mulher sensível e absolutamente adorável, ainda que corra atrás do homem errado e tome medidas extremas com relação às suas decepções. Assim, não surpreende constatar que é exatamente a dinâmica de Lemmon com MacLaine a responsável por boa parte da eficiência do filme.

Apesar de ser uma comédia, Se Meu Apartamento Falasse tem alguns toques sérios. No entanto, isso não faz sê-lo menos cativante, considerando que Billy Wilder é hábil ao dosar momentos divertidos e dramáticos. O cineasta insere sequências como aquela em que Baxter remarca os dias disponíveis para seus chefes no apartamento (que causa bons risos, por aproveitar muito bem o talento cômico de Jack Lemmon), mas de forma que elas não tirem o peso de cenas como aquela na qual Fran aparece desacordada. Se Meu Apartamento Falasse confirmou ainda mais Billy Wilder como um dos grandes nomes do cinema. Tal sucesso acabou refletindo no Oscar de 1961, premiação da qual ele saiu como grande vencedor. Foi o segundo filme de Wilder a conquistar as estatuetas de Melhor Filme, Melhor Direção e Melhor Roteiro, sendo Farrapo Humano (1945) o primeiro. É um trabalho memorável, até hoje reconhecido como uma das melhores comédias já feitas. Posição merecida, sem dúvida.

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é crítico de cinema, formado em Produção Audiovisual na ULBRA, membro da SBBC (Sociedade Brasileira de Blogueiros Cinéfilos) e editor do blog Brazilian Movie Guy (www.brazilianmovieguy.blogspot.com.br). Cinema, livros, quadrinhos e séries tomam boa parte da sua rotina.
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