Crítica
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Sinopse
Thomas Mollison é um jovem de 16 anos que quer apenas ter uma vida normal. Seu irmão mais velho, Charlie, tem autismo e o funcionamento de toda sua família gira em torno de lhe oferecer um ambiente seguro. Ao se mudar para uma nova casa e escola, Thomas conhece uma menina e se apaixona por ela. Quando a mãe fica confinada à cama devido a uma nova gravidez, Thomas deve assumir a responsabilidade de cuidar do irmão, o que pode custar o seu namoro, especialmente quando desencadeia um violento confronto na família em sua festa de aniversário, que leva o garoto a uma viagem emocional repleta de frustrações e angústias.
Crítica
A adolescência é um período conturbado para todos, mas pode ser uma fase ainda mais turbulenta para jovens que, além de enfrentar as dificuldades comuns do crescimento, também precisam lidar com situações familiares delicadas. Na comédia dramática Sei Que Vou Te Amar, de Elissa Down, Charlie (Luke Ford) é um garoto autista que, devido à gravidez e à internação da mãe Maggie (Toni Collette), precisa passar mais tempo do que de costume com o irmão mais velho, Thomas (Rhys Wakefield, de Uma Noite de Crime, 2013), e com o pai, Simon (Erik Thomson). A convivência prolongada com Charlie exige atenção especial e acaba provocando atritos entre os rapazes.
Em seu mundo particular, Charlie divide-se entre o amor à mãe, os deveres escolares e a diversão com games eletrônicos. O menino é geralmente comportado, mas seu comportamento pode tornar-se instável, indo do calmo-introspectivo ao expansivo-agressivo e colocando seus familiares em situações cotidianas incômodas.
Thomas sempre esteve ao lado do irmão, apoiando-o na maior parte do tempo, porém nunca evitou seu olhar crítico sobre o quadro familiar. Se por um lado sempre soube que seus pais fariam tudo por Charlie, por outro nunca deixou de pensar o quanto seu irmão os consome e o quanto sua condição impõe-se entre a família, organizando relações e cerceando liberdades. Em certo momento, entre a vergonha e a culpa, Thomas confessa a Charlie que gostaria de fechar os olhos para, quando abri-los, vê-lo “normal”.
O conflito entre os irmãos cresce depois que Thomas conhece Jackie. Para o estudante, Charlie é um fator de vergonha, que pode colocar em risco a aproximação (que começa em aulas de natação) e um futuro namoro. No entanto, é justamente ela quem ajudará Thomas a aceitar seu irmão de forma efetiva, bem como a reformular suas posições social e familiar.
No filme, a água surge como um elemento purificador e como agente de mudanças. Há várias cenas envolvendo-a, como quando Jackie assume o papel de salva-vidas de Thomas na piscina (imagem simbólica significativa) ou quando surge o primeiro beijo entre os dois durante uma tempestade que atinge a cidade – destruindo estruturas físicas, mas solidificando fundações emocionais. Jackie, assim como a água, reorganiza a vida dos irmãos.
Sei que Vou te Amar transita entre a comédia e o drama de forma natural, tentando fixar em filme os desafios cotidianos, por vezes caóticos, de uma família que convive com o autismo. Mais que isso, contextualiza nitidamente as barreiras enfrentadas por Thomas em seu processo de crescimento pessoal e aceitação da diferença – personalizada na figura do próprio irmão.
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O filme tem um ritmo lento, mas não é monótono. Interessante essa relação de um adolescente cheio de conflitos da idade com a responsabilidade de cuidar de um irmão com autismo no grau máximo. Eu acho que uma das mensagens principais do roteiro é a de que devemos encarar a vida de frente, e como ela é de fato, não imaginando situações inalcançáveis. Melhor ainda quando estamos cercados de pessoas boas e compreensíveis. Não gostei do final, pois a diretora não conseguiu atingir o tão esperado clímax.