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Crítica


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Sinopse

A escola Haldwell é dominada por cinco facções, cada uma delas composta por alunos adolescentes. Selah é a líder dos Espadas, facção responsável em conseguir drogas para os estudantes, mas está a poucos meses de deixar a função devido à proximidade da formatura. Sem saber quem irá substituí-la, ela precisa lidar com a tensão da mudança iminente ao mesmo tempo em que mantém contatos com outras facções em busca de um dedo-duro que os denunciou à chefia do colégio.

Crítica

"Sempre tentam te dominar aos 17 anos."

É de um prazer imenso quando um novo talento chega trazendo frescor a um tipo de filme tão batido. Você com certeza já viu outros filmes que abordam divisões e rixas na fase estudantil, mas poucos com o viés apresentado pela diretora e roteirista Tayarisha Poe. Há aqui uma força na proposta narrativa que impressiona.

Inspirado nos muitos filmes de máfia já produzidos, Poe aqui estabelece uma estrutura similar envolvendo adolescentes, divididos em facções que controlam o colégio local à margem da diretoria. Os minutos iniciais do filme se dedicam justamente a apresentar tal realidade, com muitos nomes citados em uma narração ágil e bem humorada que, por vezes, confunde pela quantidade de informações em tão pouco tempo. Não se preocupe tanto, pois boa parte do dito não será necessária no decorrer da história. Mais importante é compreender tal dinâmica envolvendo o submundo estudantil, em especial a realidade vivida por Selah como a líder dos Espadas.

Autora da frase que abre este texto, em raro momento onde quebra a quarta parede, Selah está preocupada. A poucos meses de deixar o colégio devido à iminente formatura, ela precisará também abandonar a liderança dos Espadas, pelo mesmo motivo. Mais que propriamente arraigada ao cargo, ela tem ânsia pelo poder. E não está disposta a abrir mão do tanto que já conquistou.

Algo que surpreende em Selah e os Espadas é o tom dramático de sua narrativa, com jovens envoltos em uma história de ambição, confiança e poder, mas sem jamais esquecer a idade que possuem. Se há o peso inerente ao intercâmbio com traficantes de drogas, há também a mudança absoluta de comportamento sempre que Selah recebe uma ligação de sua mãe. A narrativa possui uma dupla camada que tanto situa esta máfia estudantil quanto relembra sua posição fora do local de domínio, o que amplifica a sensação constante de submundo ali existente.

Para ressaltar tal ambientação, e talvez pela ausência de um orçamento mais robusto, Poe opta por uma fotografia bastante intimista e com muita câmera na mão, quase sempre mostrando pouco além do rosto de seus atores. Se tal opção limita bastante as ramificações desta história, até mesmo em conhecer melhor o funcionamento das demais facções, por outro lado influencia bastante no sentido da formação de um núcleo de confiança. É no dos Espadas que praticamente toda a trama se situa, tendo Selah como artífice principal e dois de seus asseclas, o veterano Maxxie e a novata Paloma. Não por acaso, Macbeth é citado nominalmente no decorrer do filme, tamanha a sedução pelo poder ali existente.

Com um elenco coeso e competente, com destaque maior à protagonista Lovie Simone, Tayarisha Poe entrega um filme contundente e de certa forma simples, onde seu grande trunfo é a ambientação tão bem executada e o quanto ela contrasta com a idade dos atores em cena. Vale acompanhar de perto sua carreira, para ver o que é capaz de produzir em projetos mais ambiciosos, tanto em história quanto em orçamento.

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Jornalista e crítico de cinema. Fundador e editor-chefe do AdoroCinema por 19 anos, integrante da Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema) e ACCRJ (Associação de Críticos de Cinema do Rio de Janeiro), autor de textos nos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros", "Documentário Brasileiro - 100 Filmes Essenciais", "Animação Brasileira - 100 Filmes Essenciais" e "Curta Brasileiro - 100 Filmes Essenciais". Situado em Lisboa, é editor em Portugal do Papo de Cinema.
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