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Sinopse

A história do bar que virou reduto da nova geração de sambistas e músicos na Lapa. Responsável pela revitalização do samba e da música instrumental dos anos 1990 no Rio de Janeiro, apresenta toda uma nova geração de músicos como Yamandu Costa, Teresa Crisitina, Zé Paulo Becker e Moyses Marques.

Crítica

Impossível falar de samba e chorinho sem mencionar a Lapa, no Rio de Janeiro. O local, reduto da boemia, viu nascer inúmeros talentos da música brasileira, sendo palco que consagrou grandes nomes – Noel Rosa logo vem à mente – e mantém acesa a cultura do nosso Brasil através dos artistas que ali abriga. Um bar em especial carregou essa chama por quase 20 anos. O Semente era o lugar onde os músicos curtiam estar depois de seus shows, em que faziam animadas jams com colegas, amigos e desconhecidos. A plateia ficava tão perto dos artistas que era difícil saber onde terminava o “palco” e iniciava o público. O documentário dirigido por Patricia Terra, Semente da Música Brasileira, conta a história desse espaço através dos diversos nomes que passaram e fizeram o local ser o que era.

Dentre os músicos que têm sua história confundida com a trajetória do Semente estão o gaúcho Yamandu Costa, a potiguar Roberta Sá, o mineiro Moyes Marques – o que já denota a multiplicidade de sotaques que o bar abraçava – e os cariocas Teresa Cristina e Zé Paulo Becker, entre tantos outros. A maioria conta e canta no documentário o seu amor pelo Semente e por sua característica agregadora. Todos eram bem-vindos, todo dia era dia de música. Grandes nomes da nossa cultura como Ney Matogrosso, Beth Carvalho e Chico Buarque eram assíduos. Este, inclusive, notoriamente pedia para dar canjas no local, com o fato virando notícia nos jornais cariocas.

Esse caldo musical e cultural é transportado no documentário de forma muito competente por Patrícia Terra. Existe a vontade de contar os pormenores daquela cena, dar voz a todos os que tiveram alguma influência naquele universo. Desde as proprietárias da casa – Regina Weissman, que ficou à frente do bar por seis anos, e Aline Brufato, que assumiu em 2004 até o fechamento, em 2017 – passando pelos músicos e frequentadores ilustres, cada um ganha sua vez para mostrar o que lá se passou. Faz falta um pouco mais da história pretérita da Lapa, mas como o doc se foca no Semente, as pinceladas do início são pequenas, mas explicáveis.

Como não poderia deixar de ser, um documentário falando de música e de um ponto cultural tão rico tem inúmeros momentos musicais. Eles são diversos, um tanto esparsos, raramente tomando conta da narrativa. Como temos vários bons depoimentos, suspender o decurso para um número musical mais longo seria sinônimo de deixar algumas vozes na sala de edição. Por isso, as canções estão presentes todo o tempo, por vezes ganhando o palco principal – em ótimos momentos, muito bem produzidos – mas logo dão lugar às interessantes contações de causos das pessoas que viviam aquele local. Em suma, Semente da Música Brasileira é um belo documentário, retratando um lugar que merece ser imortalizado pelo cinema. E que venham mais deles, lançando luz sobre outros tantos pontos efervescentes da nossa cultura.

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é crítico de cinema, membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista, produz e apresenta o programa de cinema Moviola, transmitido pela Rádio Unisinos FM 103.3. É também editor do blog Paradoxo.
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