Crítica
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Sinopse
Uma pacata vila é aterrorizada por uma gangue mexicana, até que alguns de seus moradores decidem partir em busca de ajuda, voltando com a soma de 7 homens dispostos a defender a cidade, cada um com o seu próprio motivo.
Crítica
Quando os créditos iniciais de Sete Homens e um Destino surgem embalados pela animada e marcante trilha de Elmer Bernstein (única indicação ao Oscar que o filme recebeu), não restam dúvidas de que estamos diante de um western americano “de raiz”. O otimismo intrínseco, que transformava até o mais mesquinho dos anti-heróis em bom moço, está impregnado dos primeiros minutos até o plano final, quando nem mesmo a morte de alguns dos protagonistas parece suficiente para tornar a trama um pouco mais sombria ou dramática – como eram os seus primos italianos, os spaghetti western. Com carisma de sobra, seja devido a esse tom inexpugnável ou ao elenco estelar do projeto, o longa pode ser menos profundo que o seu original japonês, mas sobrevive graças aos seus próprios méritos.
Refilmagem do irretocável Os Sete Samurais (1954), do mestre Akira Kurosawa, o filme reconta a história de um vilarejo que, assediado e abusado por uma gangue de foras-da-lei, precisa mandar um grupo de fazendeiros em busca de ajuda nas cidades próximas. De lá, voltam com sete homens especializados em pegar nas armas. Solitários, desligados de qualquer vínculo familiar e sem um lugar que possam chamar de lar, os sete pistoleiros se afeiçoam aos aldeões enquanto os ensinam a se defender.
Contrastando em duração com a obra de Kurosawa, que tinha quase 3 horas e meia, Sete Homens e um Destino certamente aposta no reconhecimento de rostos famosos para encurtar o tempo de introdução de alguns personagens – e enquanto Akira investia em um desenvolvimento cuidadoso para cada uma daquelas figuras, seu contraponto estadunidense, John Sturges, prefere criar pequenas cenas para que simpatizemos rapidamente com cada um daqueles homens. Não é apenas uma questão técnica (na época, os faroestes tinham o prestígio que os filmes de super-heróis têm hoje, portanto, tinham que se adequar as exigências de ritmo de uma produção mais comercial), mas também um toque do cinema hollywoodiano, mais centrado em produzir ícones do que em estudá-los. Basta notar, por exemplo, a abordagem bem menos pirotécnica e mais humana que empregaria Sergio Leone (italiano) em Por Um Punhado de Dólares (1964), refilmagem de Yojimbo: O Guarda-Costas (1961), também de Kurosawa.
Assim, depois de alguns minutos, é difícil não se solidarizar com Steve McQueen (interpretando Vin), Charles Bronson (como Bernardo), James Coburn (vivendo o mortal e soturno Britt), ou mesmo Eli Wallach (que aproveita sua persona de cafajeste, que ainda seria tão bem explorada por Leone, para criar o vilão Calvera). Devidamente uniformizados com cores que os distinguem dos demais personagens (e se o gentil Bernardo é azul de cima a baixo, notem que Calvera veste vermelho com tons escuros, indicando sua natureza malfeitora), um recurso de que não dispunha Os Sete Samurais, é fácil, mesmo hoje, reconhecer cada um dos sete pistoleiros – e suas personalidades distintas. Ainda que a maior parte deles mantenha-se bidimensional durante toda a trama, é possível torcer pela vitória deles sabendo que ela também significa o êxito de figuras como Chris (Yul Brynner), Vin e o jovem e imprudente Chico (Horst Buchholz). Essencial para um roteiro que não depende de grandes reviravoltas e, muito pelo contrário, aposta em uma aventura de estrutura previsível – mesmo para a época.
Criando também empolgantes e bem coreografadas sequências de ação (embora fique aquém daquelas ainda primorosas conduzidas por Kurosawa), Sete Homens e um Destino é um excelente entretenimento que, se não por mais nada, tornou-se válido com o passar das décadas por engrossar e ajudar a caracterizar o gênero no cinema norte-americano. É injusto dizer que é melhor ou pior que a obra original, pois ambas têm claramente objetivos diferentes enquanto arte, e é possível afirmar que são extremamente bem sucedidas em suas empreitadas – prova disso é que o tempo marcou ambas como os clássicos que são.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Yuri Correa | 9 |
Thomas Boeira | 9 |
Bianca Zasso | 9 |
Chico Fireman | 8 |
MÉDIA | 8.8 |
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