Crítica
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Sinopse
Seis homens e seis mulheres passam um fim de semana juntos numa casa em Vermont. Lá, discutem frustrações, expectativas e veem surgir conflitos emocionais e paixões mal resolvidas.
Crítica
Poucas vezes Woody Allen se preocupou tanto com relacionamentos pessoais como em Setembro, seu décimo sétimo filme, o segundo lançado em 1987 (o primeiro foi A Era do Rádio). Se concentrando exclusivamente em seis personagens que passam a história toda num único cenário (uma casa de campo em Vermont), o longa é uma das produções em que Allen deixa de lado o humor típico de suas obras para explorar o drama das figuras que desfilam pela tela. E o diretor acerta no modo como conduz tudo isso, realizando aqui um de seus trabalhos mais tocantes.
Setembro se passa ao longo de um fim de semana. Lane (Mia Farrow) se recupera de uma recente tentativa de suicídio, tendo para isso o apoio de sua amiga Stephanie (Diane Wiest) e de seus vizinhos, o professor Howard (Denholm Elliott) e o escritor Peter (Sam Waterston). Lane mal sabe do amor que Howard sente por ela, já que seus próprios sentimentos são direcionados a Peter, ele que, por sua vez, só tem olhos para Stephanie. Em meio a essas confusões amorosas, Lane recebe a visita de sua mãe insensível, Diane (Elaine Stritch), e de seu padrasto, Lloyd (Jack Warden), algo que arruína os planos que ela tinha para aqueles dias.
Setembro se revela um melodrama até novelesco em determinados momentos. Mas se o filme não aborrece nesse sentido é por conta dos personagens tão interessantes. Allen os desenvolve de tal forma habilidosa que fica difícil não se identificar ao menos um pouco com seus dilemas amorosos. Todos revelam uma triste solidão em suas respectivas existências feitas de amar e não ser amado de volta. Aliás, é curioso vê-los rejeitarem paixões enquanto veem seus próprios sentimentos recusados por quem amam. Sendo assim, vale dizer que a solidão sentida por todos traz um tom melancólico ao filme, detalhe que permeia toda a narrativa conduzida por Allen de um jeito um tanto teatral, seja pelos planos longos – que, inclusive, dão uma bem-vinda verossimilhança a história – ou pela própria mise en scène. Além disso, há de se ressaltar, por um lado mais estrutural, os fades inseridos em determinados momentos, que servem como uma espécie de intervalo entre uma cena e outra.
Já o elenco é hábil no modo como humaniza os personagens. Mia Farrow (esposa de Allen na época, aqui em sua nona parceria com ele) emociona com seu retrato de Lane, trazendo doçura por trás da introspecção, ao passo que Dianne Wiest se destaca ao encarnar Stephanie como uma mulher infeliz em sua vida de casada, mas que mesmo assim se sente culpada frente à possibilidade de trair. E se Sam Waterston e Denholm Elliott brilham como Peter e Howard, Elaine Stritch e Jack Warden têm momentos inspirados como Dianne e Lloyd. Ela, em especial, acaba pivô de grandes conflitos envolvendo Lane.
Setembro teve uma produção curiosa. Woody Allen o filmou duas vezes, tendo até mudado um pouco o elenco para a segunda rodada, que veio a ser a versão que vemos na tela. E é conhecido o fato de que, se pudesse, ele filmaria uma terceira vez. Nunca saberemos se o resultado teria sido melhor em outras versões, mas o que foi apresentado mostra uma obra admirável e de merecido destaque na carreira de seu excepcional realizador.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
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Thomas Boeira | 8 |
Ailton Monteiro | 8 |
Francisco Carbone | 8 |
Marcio Sallem | 9 |
Robledo Milani | 7 |
MÉDIA | 8 |
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