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Sinopse

Depois de um longo tempo, o relacionamento de um casal começa a esfriar. Para tentar esquentar as coisas, ambos decidem se gravar fazendo sexo. Para desespero da dupla, a fita some e eles começam a caçar o embaraçoso objeto.

Crítica

Se Sex Tape: Perdido na Nuvem fosse uma garota – ou um rapaz, talvez – seria aquela profissional de strip-tease que tira tudo, menos a última e reveladora peça – além de não permitir, sob hipótese alguma, que o espectador toque nela. Ou seja, é um filme que só atiça, mas não satisfaz em nenhum dos quesitos imaginados. Não há nudez – o cena mais reveladora mostra a bunda de Jason Segel – nem sexo propriamente dito – tudo é muito estereotipado e exagerado (há até uma inimaginável sequência da moça que dá uma pirueta no ar e cai sentada diretamente no colo do parceiro – ambos nus, obviamente, como se o encaixe fosse possível). O humor exercido é de alcance limitado, investindo nos clichês mais evidentes do gênero, sem nada muito ousado ou inesperado. E o tesão praticamente inexiste, provocando na audiência o mesmo tédio percebido no casal de protagonistas.

A trama de Sex Tape: Perdido na Nuvem é bastante linear: casal ocupado com seus afazeres diários esquece de reservar um tempo somente para os dois. Decididos a reacenderem a paixão entre eles, mandam os filhos passar a noite na casa da avó e, munidos de um exemplar do livro Joy of Sex (A Alegria do Sexo, em tradução literal), decidem experimentar as mais diversas posições sexuais, tentativas essas que serão devidamente registradas em vídeo. Acontece que o equipamento usado para tal filmagem é um iPad, e na primeira sincronização de dados o marido acaba enviando o filminho caseiro para todos os aparelhos emparelhados – e isso inclui não somente o iPhone e o desktop pessoal, mas também diversos iPads de modelos anteriores que ele costuma distribuir para amigos – e até para o carteiro – cada vez que adquire um lançamento mais atualizado.

Este resumo, no entanto, toma menos de um terço da ação de Sex Tape: Perdido na Nuvem. Todo o tempo restante se resume aos dois correndo atrás de vizinhos, parentes e conhecidos para recuperar os iPads doados e apagar as imagens comprometedoras. O argumento é tão bobo que, lá pelas tantas, o próprio roteiro assume sua incompetência – afinal, o vídeo poderia ser apagado de todos os dispositivos por meio de um comando remoto através daquele de origem. Outra incongruência é a própria condição exigida para que a história se desenvolvesse: afinal, como um homem que se mata trabalhando para sustentar a família e uma mulher cuja única atividade é o blog que escreve e está na torcida para vendê-lo a uma grande corporação podem se dar o luxo de sair distribuindo iPads a torto e direito, para qualquer um que cruze seus caminhos? E estes são apenas os mais óbvios dos tantos absurdos vistos em cena.

Cameron Diaz e Jason Segel se deram muito bem ao estrelarem Professora Sem Classe (2011), primeira reunião dos dois com o diretor Jake Kasdan. A fórmula, no entanto, não se repete em Sex Tape: Perdido na Nuvem, filme morno que até provoca em alguns momentos mais inspirados, mas tudo o que consegue são sorrisos incompletos e bocejos consecutivos. Falta-lhe arriscar mais, ir além do terreno seguro pelo qual se desenrola na maior parte do tempo, e dar liberdade aos seus atores para fazerem o que sabem melhor – afinal, qualquer um dos protagonistas já demonstraram, em ocasiões anteriores, serem apimentados e debochados o suficiente para conquistar a atenção do público. Pena que, dessa vez, essa química tenha simplesmente desandado.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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