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Sinopse

Billy Batson tem apenas 14 anos de idade, mas recebeu de um antigo mago o dom de se transformar num super-herói adulto. Ao gritar a palavra SHAZAM!, o adolescente vira essa poderosa versão de si mesmo para se divertir e testar suas habilidades. Contudo, ele precisa aprender a controlar seus poderes para enfrentar o malvado Dr. Thaddeus Sivana.

Crítica

Ele é, muito provavelmente, o ser mais poderoso de todo o universo da DC Comics. No entanto, não passa de um garoto de apenas 14 anos – e, como tal, se comporta como um adolescente rebelde na maioria das vezes. Ele é Shazam!, o herói que chega não apenas com uma missão na tela, mas também com outra fora dela. Afinal, o Universo Estendido DC está à beira de um colapso: Mulher-Maravilha (2017) e Aquaman (2018) foram incríveis sucessos, mas tanto Ben Affleck (Batman) quanto Henry Cavill (Superman) já declararam que não irão voltar aos seus personagens, enquanto que o filme solo do homem mais rápido do mundo, Flash, interpretado por Ezra Miller, segue indefinido. Conseguirá Zachary Levi e o seu grito ao som do trovão mudar essa realidade e oferecer, enfim, alguma tranquilidade aos fãs? É provável que sim, por mais que suas ambições sejam limitadas.

O longa dirigido por David F. Sandberg (cujos créditos anteriores incluem os problemáticos Quando as Luzes se Apagam, 2016, e Annabelle 2: A Criação do Mal, 2017) apresenta uma trama de origem, e logo se percebe o quanto ele está satisfeito em ser apenas isso. Um certo feiticeiro que surge sem muitas explicações (Djimon Hounsou, em uma composição que beira o risível) está à procura de um substituto. Porém, somente aquele de coração puro estará à altura da tarefa. Diante desse desafio, não será de se admirar que muitos serão recusados quando colocados em teste, e um deles é o Dr. Thaddeus Sivana (Mark Strong), que dedicou sua vida a descobrir o que lhe aconteceu neste evento específico e como ter acesso aos poderes que lhe foram negados. E se adquirir “a sabedoria de Salomão, a força de Hércules, o vigor de Atlas, o poder de Zeus, a coragem de Aquiles e a velocidade de Mercúrio” está fora do seu alcance, ser atraído pelos Sete Pecados Mortais (Gula, Preguiça, Ira, Inveja, Orgulho, Avareza e Luxúria) parece ser uma possibilidade bem mais concreta.

Quando Sivana (ou Silvana, como insistem em chamá-lo nas legendas em português) aparece todo-poderoso, resta ao mago deixar de ser tão exigente e aprovar o próximo de sua lista. Este vem a ser o jovem Billy Batson (Asher Angel, da série Andi Mack, 2017-2019), um órfão que recusa todas as possibilidades de adoção, enquanto insiste em sair em busca da sua verdadeira mãe. Ele acaba de ser acolhido por um casal que construiu uma família com outras crianças como ele. Porém, mesmo entre iguais, segue se sentindo à parte. Não se explica o porquê dele ter sido escolhido, e nem se perde tempo tentando descobrir as razões por trás disso. Os fatos são bastante planos em Shazam!. E o que ocorre é que, do menino sem lugar no mundo, logo ele se vê no corpo de um homem adulto (Zachary Levi) capaz de praticamente tudo, de supervelocidade a ser à prova de balas, de soltar raios pelas mãos a até voar. E o que um garoto faria diante de uma condição como essa? Exatamente: zoar, se deslumbrar, aproveitar ao máximo. Fazer de tudo um pouco daquilo ao qual ele nunca havia tido acesso até então. Menos se preocupar em ser justo e defender os fracos e oprimidos, por assim dizer.

É quando entra em cena o seu ‘grilo falante’, o meio-irmão interpretado por Jack Dylan Grazer (It: A Coisa, 2017). Aliás, esse é o caminho pelo qual Shazam! tenta se diferenciar – esta é, mais do que qualquer outra até o momento, a aventura mais familiar do Universo DC nas telas. Fica claro que Sivana enveredou para uma rota de crimes e atrocidades pela má relação que tinha em casa, com o pai autoritário e o irmão abusador. E assim como ele encontra acolhimento numa busca por vingança, Billy receberá através dos novos pais e irmãos o suporte necessário para encontrar o caminho diante o cenário que lhe é apresentado, com direito a supervilão e provações muito maiores do que poderia ter imaginado.

De narrativa absolutamente convencional e sem muitas surpresas de última hora – há uma, no entanto, mais próximo do final, que acaba valendo muito da espera – Shazam! é um filme à moda antiga, daqueles que se sairiam bem nas melhores temporadas da Sessão da Tarde. Ingênuo em suas ameaças e previsível na maior parte do tempo, conquista pelo carisma dos protagonistas – tanto Levi quanto Asher se saem bem diante o manto que carregam, por mais que os personagens que interpretam, Shazam e Billy Batson, possuam personalidades bastante distintas (não há muita unidade entre eles, o que soa como descaso da direção) – e pelos momentos pontuais de humor (felizmente, bem menos exagerados do que os trailers davam a entender), que contribuem decisivamente em fazer dessa uma opção que não deverá mudar os rumos da DC na tela grande, mas serve para garantir o status até agora conquistado. E é nesse meio termo, muito próximo da mediocridade, que o conjunto termina por se resignar: entretém enquanto dura, e não mais do que isso.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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