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Sinopse

Shrek está exausto com a vida de casado. Ser um pai de família não faz o seu perfil. Assim, acaba assinando um pacto com um malicioso duende que promete reverter completamente a sua situação. Porém, o que acontece é que o passado inteiro do ogro é reescrito, e agora o reino de Tão Tão Distante está destruído e em guerra. Para colocar as coisas de volta no lugar, Shrek precisa reconquistar a amizade de seus amigos e o coração de sua amada, Fiona.

Crítica

Se Shrek Terceiro (2007) já parecia uma adição desnecessária a uma franquia que contava com dois bons filmes, Shrek Para Sempre torna ainda mais evidente a insistência da Dreamworks em reciclar a sua série animada mais lucrativa. Num filme que já começa num ponto em que os personagens centrais vivem “felizes para sempre”, a maneira encontrada pelos roteiristas Josh Klausner e Darren Lemke de criar qualquer tipo de conflito foi transformar Shrek (Mike Myers) num personagem entediado e cansado de sua vida tranquila com Fiona (Cameron Diaz) e seus três filhos. Obrigado a lidar com a monotonia da paternidade e com a adoração dos habitantes de Tão, Tão Distante, o monstro verde acaba fazendo um acordo com o antagonista Rumpelstiltskin e troca um dia qualquer de sua vida pela chance de viver 24 horas como o ogro temido e recluso que era antes de conhecer Fiona.

Rumpelstiltskin, porém, secretamente culpa Shrek pelo resgate de Fiona, um acontecimento que arruinou seus planos de governar Tão, Tão Distante. O dia que ele toma do protagonista é precisamente o dia em que ele nasceu, apagando-o completamente da história e gerando uma realidade alternativa em que ele nunca existiu. Se essa história parece familiar ao leitor, é porque se trata de mais uma das inúmeras adaptações do enredo de A Felicidade Não Se Compra (1946), clássico do diretor Frank Capra (é tão comum que roteiristas utilizem a mesma premissa de Capra que há até um termo para isso: “It’s a Wonderful Plot”).

Embora nada original, o enredo abre algumas possibilidades interessantes para os fãs da série, como novas perspectivas para personagens conhecidos e algumas brincadeiras com elementos já estabelecidos nos filmes anteriores. No universo em que Shrek nunca existiu, Rumpelstiltskin é um ditador – e aqui é impossível não lembrar da realidade na qual Biff Tannen é milionário em De Volta Para o Futuro 2 (1989) – enquanto Fiona, que nunca foi resgatada, torna-se líder da resistência dos ogros. O protagonista deve, então, “conhecer” Burro (Eddie Murphy) e Gato de Botas (Antonio Banderas) novamente e conquistar o coração de Fiona mais uma vez, agora em circunstâncias completamente diferentes.

Como todo filme da série, Shrek Para Sempre tem sua cota de montagens embaladas por músicas pop, várias referências e brincadeiras com contos de fada, mas o humor que costumava ser um dos maiores atrativos da franquia acaba perdendo força. Os roteiristas, aparentemente, inseriram uma piadinha ou gag visual a cada cinco minutos de projeção apenas para lembrar o espectador de que está diante de um filme de comédia. O humor também oscila entre piadas inteligentes e completamente tolas, numa tentativa de agradar tanto os adultos quanto as crianças, que provavelmente não têm muito interesse em realidades alternativas ou na crise de meia-idade do protagonista. Há, também, algumas sequências de ação que servem apenas para garantir que a audiência não fique entediada e para mostrar os efeitos em 3D.

De maneira geral, é um filme agradável e divertido, mas completamente esquecível. Como várias outras continuações desnecessárias de blockbusters, proporciona cerca de noventa minutos de entretenimento razoável nos quais a audiência sorri esporadicamente pela familiaridade com os personagens. No fim do dia, Shrek Para Sempre é uma história que parece pequena demais para o cinema, algo que talvez coubesse num spin-off, num especial para a TV ou um longa direto para DVD.

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cursa Jornalismo na Universidade Presbiteriana Mackenzie em São Paulo e é editora do blog Cine Brasil.
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