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Sinopse

O rei Harold, pai de Fiona, morre repentinamente. Com isto Shrek precisa ser coroado rei, algo que ele jamais pensou em ser. Juntamente com o Burro e o Gato de Botas, ele precisa encontrar alguém que possa substituí-lo no cargo de soberano do Reino de Tão, Tão Distante. O principal candidato é Artie, um jovem desprezado por todos, que é primo de Fiona.

Crítica

Shrek (2001) ganhou o primeiro Oscar entregue na até então inédita categoria de Melhor Longa de Animação. Logo depois, Shrek 2 (2004) não só foi também indicado como acabou ganhando a estatueta dourada de Melhor Trilha Sonora. Isso sem falar que se tornou o desenho animado de maior bilheteria da história até aquele momento, tendo arrecadado só nos Estados Unidos mais de US$ 436 milhões! Dados difíceis de serem superados, não? Pois bem, Shrek Terceiro provavelmente não alcançará as mesmas marcas, mas tem qualidades para garantir uma colocação especial em nossas memórias.

Sem a inovação do primeiro ou o sarcasmo do segundo, Shrek Terceiro consegue escapar de ser "mais do mesmo" pela sábia decisão dos roteiristas em apostar nas novidades. Ou seja, todo mundo já tinha em mente o que esperar o ogro Shrek, do Burro ou do Gato de Botas (que parecem até serem coadjuvantes do próprio filme!). Então, optou-se por mais espaço para aqueles que sempre tiveram uma participação discreta - as demais princesas dos contos-de-fada (Branca De Neve, Rapunzel, Bela Adormecida e Cinderella) e os temidos vilões (Capitão Gancho, Bruxa Malvada e, claro, o hilariante Príncipe Encantado). Isso garante a diversão do filme, porém sem aquele olhar das aventuras anteriores, que enfatizava a crítica e o deboche.

A trama é bastante simples. O pai de Fiona, o rei de Tão, Tão Distante, morre, deixando o trono vago. O primeiro na linha de sucessão seria Shrek, que recusa a tarefa. Mas para se livrar, tem que encontrar outro que assuma o posto. E o próximo da lista é um primo distante, Artie - ou, como viria a ser conhecido, Artur. Enquanto Shrek, Burro e Gato de Botas estão ausentes, envolvidos na missão de encontrar o rapaz, o Príncipe Encantado arma um plano para tomar posse do Reino, com a ajuda de todos os vilões dos contos-de-fada. Fiona e as demais princesas é que terão que se unir para defender a paz local.

Outro viés interessante que o enredo propõe é como os protagonistas enfrentam a maturidade. O Burro já é pai, com vários filhotes, enquanto que Shrek tem que lidar com a possibilidade de um novo emprego (ser ou não rei) e a futura paternidade. Família, trabalho, segurança. Temas adultos demais para um longa aparentemente destinado ao público infantil. E que no final acabam pesando decisivamente: sim, os pequenos irão se divertir, mas a reflexão provocada nos mais velhos dessa vez entra em conflito com a diversão despreocupada. O que, se por um lado é bom, já que fornece material para análise e discussão, por outro ofusca o entretenimento por si só.

Shrek Terceiro marca a estréia na direção de Chris Miller, roteirista dos dois primeiros filmes e que trabalhou como animador em Madagascar (2005). Ele pode não ser tão original quanto Andrew Adamson (diretor dos longas anteriores, que agora aparece somente como produtor executivo), mas é um profissional competente, dando continuidade com bastante habilidade a este mundo tão divertido e encantador.

No time de vozes originais, Antonio Banderas (Gato de Botas) e Eddie Murphy (Burro) continuam proporcionando um show à parte, enquanto que Mike Myers (Shrek), Cameron Diaz (Fiona), Rupert Everett (Príncipe Encantado) e Julie Andrews (Rainha) seguem a linha já conhecida. A novidade ficou por conta da inclusão do astro pop Justin Timberlake (Artur), cada vez mais investindo na carreira cinematográfica. Porém, o desempenho vocal é um "mimo" oferecido somente aos mais antenados. Outra prova de que, em seu terceiro capítulo, Shrek se confirma como o mais bem sucedido exemplo de animação adulta. Uma explosão de exageros que guarda, no final das contas, seus mais raros e preciosos presentes no menores, e muitas vezes desapercebidos, detalhes.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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