Crítica
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Sinopse
Ao chegarem à meia idade, Miles e Jack não têm muitos motivos para comemorar ou sentir orgulho. Levando vidas pacatas, ambos resolvem fazer uma viagem pela Califórnia antes do casamento de Jack, mas acabam descobrindo novas razões para suas existências.
Crítica
O que determina o sucesso de um homem? Sua condição financeira? Seus amigos? Ou a óbvia e fácil felicidade? Para o personagem principal de Sideways: Entre Umas e Outras, o professor e escritor frustrado Miles (Paul Giamatti), ser bem-sucedido é uma combinação de tudo isso e muito mais, o que torna essa condição um objetivo árduo a ser alcançado. Seu grande empecilho é justamente não perceber a simplicidade das coisas, e esta trajetória em busca da “luz” é o principal tema deste filme aparentemente banal, mas que na verdade se revela como um curioso e válido estudo sobre a alma humana, suas ambições e, conseqüentemente, frustrações.
Miles e Jack (Thomas Haden Church) são dois amigos de longa data, apesar de possuírem personalidades distintas. Com a desculpa do casamento eminente deste último, resolvem sair numa viagem pela região de vinhedos nos arredores de Los Angeles para, juntos, desfrutarem de um dos poucos hobbies que ambos apreciam: a degustação e apreciação de vinhos. Miles, no entanto, é um poço de problemas: foi abandonado pela esposa há tempos, e desde então nunca mais se envolveu seriamente com ninguém; escreve o mesmo livro há anos, mas não consegue um editor interessado em publicá-lo; e tenta viver com um mísero emprego de professor que mal o sustenta, obrigando-o a regularmente praticar pequenos assaltos às economias da própria mãe. Jack, por outro lado, é o iluminado da dupla: para ele nunca há problemas. Sua única preocupação é o compromisso no altar que deve assumir em uma semana, e, com isso, o início de uma vida séria e adulta – algo que, mesmo nos seus 40 anos, ainda teme com ardor. Ator de profissão, quer desfrutar inconseqüentemente do melhor que a vida possa lhe oferecer, entregando-se com paixão a qualquer nova oportunidade que apareça, sem pensar no amanhã.
O ponto de virada dos dois acontece quando se envolvem, durante o passeio, com novas mulheres. Miles, tímido, descobre em Maya (Virginia Madsen) um porto seguro, uma personalidade forte, mas ao mesmo tempo sensível, que pode lhe oferecer o carinho e o estímulo suficiente para seguir em frente. Já Jack vê em Stephanie (Sandra Oh, antes de se tornar popular no seriado Grey’s Anatomy. 2005-) momentos de gozo e diversão, sem promessas ou compromissos. O modo como cada um desses quatro personagens irá encarar as relações entre eles, os rumos tomados e as decisões que serão tomadas revelam um painel profundo e de alto interesse sobre a natureza das nossas ações e sentimentos, levando ao fato concluso de que felicidade, mesmo, é um estado de espírito, uma questão de se encontrar e de ser encontrado, bastando para isso estarmos abertos para tais possibilidades.
Dirigido por Alexander Payne, Sideways foi um dos filmes mais premiados de 2004. Indicado para 5 Oscars, inclusive a Melhor Filme, foi premiado como Melhor Roteiro Adaptado, reconhecimento recebido pelas mais diversas agremiações da Crítica e da Indústria norte-americana, desde o Globo de Ouro até a Sociedade Nacional dos Críticos. Com interpretações introspectivas e hipnotizantes de um elenco de relativos desconhecidos – ao menos até aquele momento – tem como grande destaque, além do enredo genial, a presença de Giamatti, que compõe com sinceridade e dor um personagem concreto, dono de múltiplas camadas, muitas vezes antipático, mas nunca menos do que verdadeiro. Como resultado, tem-se um filme que merece ser apreciado como os melhores vinhos: com calma, curiosidade e, acima de tudo, sabedoria, pois é pelo conjunto de seus pequenos detalhes que nos mostra seu verdadeiro valor.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Robledo Milani | 9 |
Francisco Carbone | 10 |
Marcelo Müller | 8 |
Matheus Bonez | 5 |
Thomas Boeira | 9 |
Rodrigo de Oliveira | 8 |
MÉDIA | 8.2 |
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