Crítica
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Sinopse
Após a morte da esposa, Graham Hess perdeu sua fé e deixou de exercer o sacerdócio. Agora, vive em sua fazenda com os dois filhos e seu irmão, um ex-jogador de baseball universitário. A pacata rotina da família é quebrada quando estranhos círculos gigantes começam a aparecer em suas plantações para, pouco tempo depois, se repetirem em diversos pontos do mundo, mostrando que podem estar diante de um perigo inimaginável.
Crítica
Depois de fantasmas e super-heróis, porque não escrever um roteiro sobre extraterrestres? Isso deve ter passado na cabeça de M. Night Shyamalan, que convidou Mel Gibson para estrelar o seu suspense sobrenatural Sinais. Na época, o público curtiu a ideia e lotou os cinemas para assistir ao astro da saga Máquina Mortífera enfrentar seres de outro mundo. Mas como em todo bom filme do cineasta indiano, as situações e ação são diferentes das demais que se veem por aí.
Enquanto longas como Independence Day (1996) retratam como a humanidade sofreria com invasões alienígenas, o filme de Shyamalan concentra-se em apenas uma família, que vive em uma fazenda numa pequena cidade perto da Filadélfia. É tudo mais próximo, mais intimista. Não existe um herói como Will Smith para chutar o traseiro dos E.T.s. E sim, uma família com problemas, talvez até maiores do que escapar de seres do outro mundo. O chefe desta família é o padre Graham Hess (Gibson). Após ficar viúvo, Hess perde sua fé, larga a igreja e começa a dedicar-se completamente a seus filhos, Morgan (Rory Culkin) e Bo (Abigail Breslin). Para ajudá-lo na tarefa, seu irmão Merril (Joaquin Phoenix) muda-se para a fazenda. Quando círculos misteriosos aparecem na plantação de milho da família e estranhos começam a invadir a fazenda, Hess começa a sentir sua fé abalada novamente. Talvez, depois de todos os acontecimentos daqueles dias, ele pense que nada é por acaso.
A grande diferença entre este longa para os dois anteriores do diretor é a presença de humor. O alívio cômico vem com o personagem de Joaquin Phoenix, um ex-jogador de beisebol, detentor de vários recordes no esporte - bons e ruins. Neste quesito, o cineasta indiano toma emprestado um pouco do humor dos filmes de Alfred Hitchcock. A música de James Newton Howard também é motivo de elogios, dando o tom exato para a trama e sendo o melhor trabalho do compositor em um filme do diretor.
Em Sinais, Mel Gibson teve seu último papel como protagonista em uma produção de sucesso. Lá se vão mais de dez anos. O ator convence como um homem perdido, sem fé, tentando proteger sua família de uma estranha força do mal. A dobradinha com Joaquin Phoenix funciona bem e seu arco é resolvido de forma emotiva. Destaque também para Abigail Breslin, pré-Pequena Miss Sunshine (2006), em uma atuação adorável.
A fotografia e a iluminação neste filme são bastante diferentes dos trabalhos anteriores de Shyamalan. Enquanto O Sexto Sentido (1999) possuía uma ambientação lúgubre e Corpo Fechado (2001) uma iluminação bastante intimista, Sinais é extremamente claro. As tomadas de fora da casa são sempre luminosas. Claro que essa luz quase estourada é um contraponto para a total falta de luz do ato final, dentro do porão. As cenas que se passam neste cenário são as melhores de todo o filme. Em um trecho em particular, o espectador fica completamente no escuro, sem saber o que está acontecendo, confiando apenas em sua audição. Isso aumenta e muito a carga de suspense. Shyamalan sabe que quanto menos mostrar ao público, mais emoção ele conseguirá imprimir na sua história. Então, a escolha de mostrar pouquíssimo os seres extraterrestres foi uma boa jogada do diretor.
Em contrapartida à essa decisão acertada, Shyamalan faz um gol contra quando toma para si a responsabilidade de representar um papel importante na trama. Nos outros filmes o diretor fazia pontas pequenas, que não atrapalhavam. Com essa descartável decisão, ele tira muito da credibilidade daquele personagem e do filme como um todo. Não chega a prejudicar completamente o resultado final, mas é um pecado evitável.
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