Siron. Tempo Sobre Tela
LIVRE
91 minutos
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André Guerreiro Lopes, Rodrigo Campos
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Siron. Tempo Sobre Tela
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2019
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Brasil
Crítica
8
Leitores
4 votos
8.6
Sinopse
O documentário ilumina a personalidade e a arte do grande pintor brasileiro Siron Franco, articulando com liberdade um arquivo inédito com novas filmagens. O filme coloca o relacionamento do artista com seu universo criativo sob a ótica do tempo.
Detalhes
Direção
André Guerreiro Lopes |
Rodrigo Campos |
Roteiro
André Guerreiro Lopes |
Rodrigo Campos |
Produção
Malu Carneiro Campos |
Estúdio
Pacto Filmes |
Trilha Sonora
Gregory Slivar |
Fotografia
Pablo Nóbrega |
Adorei o documentário que enfoca momentos da vida desse artista genial “Siron – tempo sobre tela”, um documentário que enfoca momentos da vida desse artista genial. Siron diz que se lembra muito mais de suas pinturas do que de momentos de sua vida, o que não é propriamente verdade. Logo no começo do filme, Siron se define como selvagem e, perguntado por uma criança sobre o que é ser selvagem, diz que “ser selvagem é fazer o que o seu coração pede”. É impossível separar a arte dos momentos da vida desse selvagem, de forma que lembrar de suas obras é um constante reviver e recriar sua vida. Na selvageria de Siron, reviver e recriar possuem sentidos próprios: reviver significa tentar fugir de um labirinto de espelhos, sem qualquer chance de se ver com os mesmos olhos de antes; recriar implica significa criar novas linguagens e técnicas, sem qualquer apego ao passado. O documentário não é linear, como não é o processo criativo – momentos de inspiração, de execução e reflexões são sequenciados sem ordem cronológica, de forma a mostrar ao público como é – ou deve ser – a mente do artista. “Tempo sobre tela”, como diz o nome, é focado mais diretamente nas pinturas, muito embora dê algum destaque para o conhecido monumento às nações indígenas e as camas de concreto que retrataram o horror do acidente radiológico com o Césio 137. O monumento às nações indígenas, aliás, é hoje uma ausência eloquente que demonstra o tempo em que vivemos: as 500 colunas de placas de cimento contendo artefatos indígenas, dispostas no gigantesco formato do mapa do Brasil – monumento feito para comemorar a Eco 92 - foram derrubadas, massacradas, dando lugar a um vazio que só intolerância e ignorância, juntas, conseguem criar. O filme permite intuir algumas das muitas técnicas e elementos dominados por Siron: o artista derrete chumbo, molda com resina, espalha terra, pinta com papel, plástico e tecido. Mas Siron é mais: como um Da Vinci pós-moderno, faz arte dominando computação, incorporando luzes, efeitos e sensações; trabalha com ossos, ouro e redes; desafia a engenharia e mescla elementos inimagináveis, conseguindo espantar e encantar ao mesmo tempo.