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Sinopse

Apaixonado pela nova colega da escola, Charlie Brown precisará da ajuda de Snoopy para tentar mudar seu jeito de ser e conquistar a garota.

Crítica

Como não amar Snoopy? Ou melhor ainda, como não se compadecer com todas as desventuras vividas por Charlie Brown? Os personagens criados por Charles Schulz em 1950 ganharam as telas (da televisão) pela primeira vez em 1963, no telefilme A Boy Named Charlie Brown. Seis anos depois, chegava a vez do cinema em uma produção de mesmo nome (no Brasil ganhou o título Charlie Brown e Snoopy, 1969), num longa de animação que chegou a ser indicado ao Oscar (concorreu a Melhor Trilha Sonora, mas perdeu para... os Beatles e a trilha de Deixa Estar / Let it Be, 1970). Desde então foram produzidos inúmeros curtas, telefilmes e apenas três outros longas, todos nos anos 1970. Ou seja, estava mais do que na hora de voltarem à tela grande. E os responsáveis foram os animadores da Blue Sky Studios, os mesmos das sagas A Era do Gelo e Rio. E se Snoopy & Charlie Brown: Peanuts – O Filme parece um título longo demais, é bom se acalmar: o velho espírito da turminha está de volta, bem de acordo com o que os fãs esperam, sem mais nem menos.

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Mas para os marinheiros de primeira viagem que estiveram em outro planeta nos últimos 65 anos, quem são Snoopy, Charlie Brown e amigos? Charlie é um garoto, irmão mais velho de Sally e dono do beagle Snoopy. Enquanto o menino vive constantemente amargurado por enfrentar a dura realidade, o cachorro vive no mundo da lua. De cima de sua casinha imagina-se autor de romances literários – vivendo os dramas que tecla em sua máquina de escrever – e pilotando aviões em plena Segunda Guerra Mundial – seu objetivo é abater o enigmático Barão Vermelho e conquistar a audaciosa Fifi. Já Charlie Brown possui intenções menos ambiciosas: gostaria de convidar a garotinha ruiva que se mudou para a casa da frente para sair, ou não passar vergonha na escola durante o teste-surpresa, ou ao menos conseguir acertar o chute no jogo de futebol-americano. Coisas simples, mas que significam muito para ele (e para qualquer um da sua idade).

Outras figuras carismáticas dos quadrinhos também estão em cena. Lucy é a nêmesis de Charlie Brown, Linus é o irmão menor dela (e que está sempre agarrado ao seu cobertor), Schroeder não larga o piano e é apaixonado por música clássica, Patty Pimentinha está sempre dormindo na sala de aula e Marcie, sua melhor amiga, é quem lhe salva na hora da prova, Chiqueirinho é o menino que não gosta de tomar banho e Woodstock é o passarinho amarelo de raça não identificada que vive ao lado do Snoopy, pronto viver com ele as maiores confusões. O longa dirigido por Steve Martino (de A Era do Gelo 4, 2012) é fiel ao recriar esse universo, dando espaço para todos os personagens, mas com tranquilidade para que o espectador possa acompanhar bons momentos ao lado de cada um deles. Muitas passagens parecem saídas direto das tiras em quadrinhos, e nesse caso isso é um bom sinal.

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Ainda que Snoopy tenha o seu momento de herói no céu e na terra – muitas vezes salvando a pele do seu dono – é Charlie Brown o verdadeiro protagonista da história. Isso não quer dizer, no entanto, que seus dilemas sejam muito perturbadores. O que vemos é um grande painel do cotidiano destes tipos tão envolventes, e algumas sequências – como quando Charlie abandona seu show de mágica para salvar a apresentação da irmã menor – são de pura emoção. No final, o que fica é a gratidão de encontrar esses velhos amigos em tão bom estado – e, para quem está chegando agora, resta a surpresa de se deparar com um grupo tão animado e pronto para aventuras ainda maiores. E quem venham logo!

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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