Crítica
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Sinopse
Uma família, que acabou de se mudar para uma casa nova, descobre que um espírito do mal está dentro da casa ao mesmo tempo em que o filho do casal entra em coma de maneira inexplicável. Tentando escapar das assombrações e para salvar o menino, eles se mudam novamente e percebem algo terrível que os deixa desesperados: não era a casa que estava mal-assombrada.
Crítica
O diretor James Wan e o roteirista Leigh Whannel são amigos desde a adolescência e criaram juntos o primeiro capítulo de uma das franquias de terror mais bem sucedidas de todos os tempos: Jogos Mortais (2004). Wan não chegou a retornar para dirigir outros longas na série protagonizada pelo sádico Jigsaw, mas voltou a trabalhar com Whannel no esquecível Gritos Mortais (2007). O duo retornaria ao sucesso, no entanto, apenas em 2010 com o assustador Sobrenatural, uma produção que utiliza a casa mal assombrada como mote principal.
Poucas histórias de terror são mais batidas do que as que envolvem casas mal assombradas. Fantasmas no porão, assombrações dentro do armário, espíritos no sótão, demônios que abrem armários e portas, poltergeists dos mais variados. Isso, no entanto, não impede que roteiristas e diretores tentem espremer algumas ideias mais em cima disso. Fugir dos clichês é dificílimo e o que salva Sobrenatural desta armadilha é o completo conhecimento dos realizadores a respeito do gênero e das suas obviedades. Escapar do caminho conhecido e apresentar uma história de terror mais original possível pode acontecer de vez em quando. E Sobrenatural tem ótimas ideias.
Na trama, os Lambert acabam de se mudar para uma casa nova, esperando pelo senso de recomeço que uma nova residência sempre aponta para uma família. Josh (Patrick Wilson) é professor, Renai (Rose Byrne) é terapeuta musical. O casal teve três filhos: Dalton (Ty Simpkins), Foster (Andrew Astor) e a bebê Cali. Renai não sabe por que, mas tem se sentido estranha na nova casa. Não consegue dormir direito e o fato de seu bebê não parar de chorar pode ser um motivo. Ela mal sabia que um problema muito pior estava por vir. Em uma manhã corriqueira, Dalton simplesmente não acorda. Os médicos dizem se tratar de um coma, mas não dão muita certeza quanto a isso. Os sintomas são parecidos, mas não iguais aos apresentados por pacientes neste estado. A partir disso, Renai começa a observar estranhos vultos e ouvir vozes dentro de sua casa. Desesperada, pede para seu marido uma mudança imediata. Ainda que não tenha certeza, Josh resolve aplacar a vontade da esposa. Três meses se passam, Dalton continua em coma e o sossego daquela família não parece chegar. Existe ali um poder sobrenatural que pode não estar ligado às residências pelas quais passam os Lambert. Mas sim, grudado em um dos membros daquela família.
O segredo de um bom filme de terror passa pela construção de uma atmosfera de suspense que cresce. Nisso, Sobrenatural tira uma ótima nota. O filme não esquece dos sustos no início, mesmo que guarde suas principais armas para o terceiro ato. A fuga dos clichês é importante, e aqui não temos uma casa velha, caindo aos pedaços, servindo de lar para os Lambert. As residências vistas no filme são praticamente novas. O poder sobrenatural, afinal de contas, não está grudado naquelas paredes – como veremos no decorrer da história. Em um dos momentos mais inspirados de Sobrenatural, o filme vira um grande pesadelo, quando é necessária a intervenção de um dos personagens no mundo do além. É importante destacar a aparição de alguns fantasmas interessantes, com destaque para o demônio de unhas compridas que aparece nos momentos mais assustadores.
O elenco tem bons nomes, com destaque para a veterana Lin Shaye, que interpreta uma mulher que pode ter as respostas para os problemas dos Lambert. Infelizmente, o personagem é um tanto desperdiçado, aparecendo pouco. Patrick Wilson começou neste filme uma série de trabalhos em produções de terror, sempre com James Wan na direção. Aqui, o desafio é pequeno. Rose Byrne é quem nos leva aos momentos mais assustadores. A inclusão de dois “caça-fantasmas” mais para o final do longa-metragem parece um tanto forçado, como se eles tivessem saído de outro filme e aterrissado sem querer por ali.
Ainda que fuja de alguns clichês, James Wan não consegue se livrar do vício em pontuar cada uma de suas cenas com efeitos sonoros estridentes. Obviamente ajuda nos sustos, mas o efeito acaba se esvaindo com o passar do tempo. Em contrapartida, a trilha sonora – assinada por Joseph Bishara – é bem executada e tem ótimos momentos. Vale prestar atenção na horripilante canção Tiptoe Through The Tulips, de Tiny Tim, que tem uma sonoridade tão estranha que parece ter sido feita especialmente para o filme. A música, no entanto, é da década de 60. Outro vício da dupla Wan e Whannel é o plot twist do final, aquela surpresa que fará o espectador esperar pela continuação. Ainda que em Jogos Mortais o final tenha dado certo, aqui pareceu apenas uma forma de garantir uma sequência a qualquer custo.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Rodrigo de Oliveira | 7 |
Francisco Carbone | 7 |
Thomas Boeira | 7 |
Yuri Correa | 9 |
Roberto Cunha | 4 |
MÉDIA | 6.8 |
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