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Crítica


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1 voto 8

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Sinopse

Josh precisa ir mais fundo se quiser obliterar completamente os demônios dessa vez. Na companhia do universitário Dalton, ele deve encarar o passado sombrio de sua família e descobrir o que está atrás da porta vermelha.

Crítica

Apesar de terem feito uma breve participação em Sobrenatural: A Última Chave (2018) – quarto filme da saga Sobrenatural – os membros da família Lambert não tinham um envolvimento decisivo nos acontecimentos da série desde Sobrenatural: Capítulo 2 (2013). Pois Josh (Patrick Wilson), Renai (Rose Byrne), Lorraine (Barbara Hershey) e Dalton (Ty Simpkins, que já havia interpretado o filho de Wilson em Pecados Íntimos, 2006) estão de volta em Sobrenatural: A Porta Vermelha... ou quase isso. Este reencontro parece ser um ponto de partida interessante, mas acaba sendo desperdiçado não apenas pela condução frágil do realizador, mas também por não deixar claro exatamente aonde se pretendia chegar.

Logo no início da trama se tem o funeral da avó, e essa quebra dos laços que os uniam vai além: Josh e Renai não estão mais casados, enquanto que o primogênito, Dalton, se prepara para sair de casa rumo à faculdade. Poderia ser um filme de estrada – o pai se oferece (não sem antes uma leve pressão da mãe) para levar o filho até à universidade, mas o que se anuncia como “os próximos dias que teremos pela frente para retomarmos contato” acabam resumidos em uma ou duas cenas. O que importa, enfim, é o que acontece após a separação deles: enquanto o homem volta para casa ainda atordoado com seu próprio destino, se perguntando como pode ter perdido tudo aquilo pelo qual sempre lutou, o garoto também busca entender quais os desafios que agora tem pela frente, ainda mais diante dos fantasmas que insistem em visitá-lo (e não apenas de forma figurada).

Ainda que o título original do terceiro longa da franquia tenha como subtítulo Chapter Three (ou seja, Capítulo Três), no Brasil ganhou o nome de Sobrenatural: A Origem (2015). Ou seja, trata-se de uma prequel, com eventos que cronologicamente aconteceram antes daqueles vistos nos dois primeiros longas. Porém, o foco não era na maldição que se abatia sobre a família Lambert e, sim, na fonte desse mal, indo muito antes nesse retrocesso. Pois bem, quem ocupa essa responsabilidade é justamente A Porta Vermelha. Por mais que os episódios aqui narrados estejam alinhados com os anteriores de maneira progressiva, estarão nos flashbacks e na busca por um entendimento passado o cerne das suas revelações. Há um demônio tomando conta de Josh, e é também sabido que Dalton possui a mesma habilidade de se infiltrar naquilo que batizaram de “projeção astral”, ou seja, se inserir (de forma insidiosa, como na designação em inglês) nestes pesadelos para nesse espectro agir de forma decisiva, impedindo, assim, a ampliação dos males ali causados a ponto de atingir suas vidas reais.

A questão, enfim, é que se há uma carga hereditária nessa maldição a ponto de ter sido transmitida de uma geração a outra, o que impediria essa desgraça de ter começado antes, no pai (ou avô) destes que agora precisam lidar com tais consequências? Ao mesmo tempo em que Dalton começa a perceber sinais do que com ele se passa através de um exercício de sala de aula, quando uma técnica de pintura e desenho se mostra capaz de levá-lo a um inconsciente mais profundo, Josh percebe que a medicina tradicional pouco pode por ele fazer: o de errado com ele não está no físico, mas no espiritual. O prólogo de A Porta Vermelha deixa claro aos desavisados (ou àqueles que apenas neste quinto segmento estão se deparando com os tipos criados por Leigh Whannell, o mesmo da saga Jogos Mortais) que tanto pai quanto filho tiveram que passar por um processo de hipnose que os permitisse esquecer os traumas por eles enfrentados enquanto possuídos. Pois essas memórias não foram simplesmente eliminadas, e após tamanha repressão estão prontas a se fazerem presentes mais uma vez.

O argumento não é descartável, e há em cena material suficiente para fazer deste um dos capítulos mais interessantes da pentalogia. Mas Scott Teems, o mesmo roteirista dos problemáticos Halloween Kills (2021) e Chamas da Vingança (2022), derrapa feio nas analogias que deveriam reforçar o uso enigmático do elemento que dá título ao filme, conseguindo não mais do que uma versão genérica (e desgastada) do clássico O Iluminado (1980) – há até um pai correndo atrás da esposa e filhos com um taco de baseball nas mãos. Porém, pior mesmo é a incapacidade de Patrick Wilson, aqui estreando como realizador, em dominar os dois desafios assumidos – em cena e nos bastidores: se enquanto intérprete segue como um astro de uma só expressão, como diretor se mostra bastante tímido, a partir de enquadramentos óbvios, sequências de diálogos expositivos que exalam falta de criatividade, e todos os (previsíveis) sustos são frutos de jump scares mal elaborados e empregados à exaustão. Até os efeitos de maquiagem e luz e sombras beiram a infantilidade. Enfim, filme de terror que não provoca susto, invariavelmente, acaba incorrendo em outro resultado: o bocejo e a irrelevância.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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CríticoNota
Robledo Milani
4
Alysson Oliveira
4
MÉDIA
4

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