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Sinopse

Renai e Josh Lambert estão prontos para suas vidas voltarem ao normal, mas não sabem que Josh está possuído. A fim de derrotar as forças malévolas em torno deles, Lorraine Lambert e seus amigos investigam o passado para salvar o futuro da família.

Crítica

Sempre bom ver uma continuação que consegue expandir a história do original, desenvolvendo personagens e revisitando de forma interessante ideias do anterior. Principalmente no gênero terror, no qual, invariavelmente, as sequencias são meros remakes, mudando atores e algumas situações, mas continuando o mesmo feijão com arroz. Em Sobrenatural: Capítulo 2, o diretor James Wan e o roteirista Leigh Whannell conseguem a façanha de produzir um trabalho superior ao original, mantendo o elenco completo e com um senso de continuidade que fará com que o espectador acredite que os filmes foram rodados simultaneamente.

Fato é que foram necessários três anos para que a continuação de Sobrenatural (2010) pudesse chegar às telonas. Uma eternidade para o atual padrão de produções do gênero – o melhor exemplo é a franquia Jogos Mortais (iniciada pela dupla Wan/Whannell) que despejava continuações uma vez ao ano. Com este tempo de maturação, diretor e roteirista puderam encontrar uma forma de continuar a história da família Lambert de forma mais correta. E o resultado é visto na telona. Ainda que os sustos sejam mais escassos, a trama é melhor amarrada e os personagens tem maior espaço para mostrar a que vieram.

Antes de arrancar de onde o antecessor parou, voltamos no tempo e encontramos Josh ainda criança sendo hipnotizado por Elise, para que o menino não consiga mais projetar sua mente para o além, escapando assim da presença do fantasma de uma noiva de preto. Neste prólogo, conhecemos o caçador de fantasma Carl (Steve Coulter), que ajuda Elise na hipnose do garoto. Pulamos para o presente e encontramos Renai (Rose Byrne) explicando os acontecimentos explosivos do final do longa anterior para um incrédulo policial. Josh (Patrick Wilson) é o principal acusado de um assassinato, mas a perícia o inocenta, para o alívio de sua esposa. De volta ao lar, os antigos vultos e situações estranhas continuam a acontecer. Renai avisa seu marido, que prefere não dar ouvidos às reclamações. Mal ela sabe que Josh, depois de ter voltado do além, trouxe junto de si o espírito macabro que os tem assombrado desde sempre. Como salvar a alma de Josh e sua família? É isso que Renai, sua sogra Lorraine (Barbara Hershey) e os caça-fantasmas Specs (Whannell) e Tucker (Angus Sampson) terão de descobrir.

No lugar de diversos espíritos que atormentam a vida da família Lambert no primeiro filme, em Sobrenatural: Capítulo 2 a narrativa se concentra no principal dos fantasmas que vimos no anterior – a noiva de preto. É ela quem persegue Josh desde criança e, neste episódio, saberemos seu passado e seus motivos. O clima de suspense é mais palpável, ainda que os sustos sejam relegados em vários momentos. Wan deixa de utilizar aos montes seu vício de atrelar uma cena assustadora a um efeito sonoro ensurdecedor. Este truque barato, ainda que continue sendo utilizado pelo diretor, parece ser economizado aqui, o que não deixa de ser salutar.

Para os fãs de histórias com viagens no tempo, Sobrenatural: Capítulo 2 se revela um De Volta para o Futuro 2 (1989) do gênero terror. Isso porque o longa-metragem revisita seu filme anterior, nos mostrando outro significado para cenas que ficavam um tanto sem resposta no original. Dentro da lógica do filme, as pessoas que conseguem partir para o além não estão presas ao tempo cronológico, podendo viajar para o passado, por exemplo. Por isso, algumas cenas são retrabalhadas e temos maiores explicações para fatos curiosos.

Do elenco, Rose Byrne é a única que continua a não se sobressair, tendo um personagem desinteressante e que passa o tempo todo chorando ou gritando. Patrick Wilson passa mais da metade do filme possuído, caprichando nas expressões soturnas. Enquanto isso, Lin Shaye, destaque do filme original, a caça-fantasma Elise, retorna de uma forma menos carnal, mas ainda assim interessante. Seus colegas Specs e Tucker, aqui, são melhor aproveitados, não parecendo cair de para-quedas como no antecessor. Ainda são cheios de gracinhas pouco inspiradas, mas não comprometem.

Fechando de forma convincente a história dos Lambert, mas deixando pontas soltas para um próximo filme, Sobrenatural: Capítulo 2 passa por média no teste das continuações que superam o original. Pode não ser tão assustador quanto Invocação do Mal (2013), trabalho anterior de James Wan, mas consegue entreter na medida certa os fãs do gênero.

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é crítico de cinema, membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista, produz e apresenta o programa de cinema Moviola, transmitido pela Rádio Unisinos FM 103.3. É também editor do blog Paradoxo.
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