Crítica
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Sinopse
Crítica
Se equilibrando entre o thriller e a ficção científica, Sonhos Lúcidos é uma produção coerana que viaja entre os conceitos de A Origem (2010) e de outros tantos suspenses policiais. Enquanto o diretor estreante Kim Joon-Sung tentar conferir alguma intensidade ao projeto, o ritmo acaba sacrificando a plausibilidade da narrativa, o que, infelizmente, converte o resultado num projeto que a todo instante soa promissor, mas que jamais entrega a eficiência sugerida.
A trama (escrita por Joon-Sung também) gira em torno do jornalista investigativo Choi Dae-Ho (Soo Go), que acredita que algum desafeto seu (ele expõe diversos escândalos de corrupção) tenha planejado o sequestro de seu filho como vingança. Decidido a encontrar o menino, mesmo 3 anos após seu desaparecimento, ele conta com a ajuda da Doutora So-hyun (Hye-jeong Kang), responsável por um experimento que mergulha o paciente no próprio subconsciente a fim de encontrar detalhes em memórias antigas. Entretanto, logo descobrimos que a tecnologia permite aos “sonhadores” entrarem nos sonhos de outras pessoas, desde que conheçam a frequência de seu cerébro (???), levando Choi a procurar no fundo das mentes dos suspeitos de levarem a criança.
Não que esses sejam conceitos estúpidos. Ora, se pensarmos no próprio A Origem ao pé da letra, também não vamos tirar uma descrição menos tola. Por isso que é preciso observar mais o como isso é apresentado, e menos aquilo que se apresenta. Se no filme de Christopher Nolan havia uma preparação de tom, abordagem e até mesmo uma primeira cena que já “amaciava” o espectador para as regras daquele universo, que seriam introduzidas mais tarde, aqui Joon-Sung parece focado demais no dinamismo. E não é como se ele não conseguisse alcançá-lo, já que usa sua câmera para viajar pelos cenários, às vezes com rasantes ou travellings rápidos que, na montagem, sugerem a urgência da trama.
Porém, a mesma técnica que imprime energia ao filme, é o recurso que acaba sabotando seus conceitos. Para um longa de ação, Sonhos Lúcidos tem bons momentos, sabendo até mesmo driblar o baixo orçamento. De outra forma, não há preparação, construção ou lapidação de personagens e sequências. Quando nos é introduzida a ideia dos sonhos compartilhados, já é tarde demais para questionarmos por que um filme que começou se levando tão a sério, agora tem um hacker de cadeira de rodas numa espécie de “bat-caverna” com supercomputadores. O que deixa ainda menos a ser dito sobre os plot-twists que o sub-gênero parece empurrar goela abaixo na produção, uma vez que falham em surpreender mesmo o mais desatento dos espectadores.
Bem menos chocante do que se julga, portanto, a obra de Kim Joon-Sung conta ao menos com um protagonista esforçado. Soo Go confere intensidade ao drama de Choi, contrastando com praticamente todos os outros intérpretes em cena, que surgem caricatos ou inexpressivos, perdidos em um projeto que não parece saber o que quer transmitir exatamente, sendo que às vezes se entrega ao cartunesco (vide os detetives contratados por Choi), e outras ao drama mais pé no chão (vide o fim que leva os tais detetives). De uma forma ou de outra, não é preciso mergulhar no próprio subconsciente pra lembrar como o resultado poderia ter sido tão melhor do que realmente é.
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